O quinto referendo para a emancipação de Mestre, distrito em terra firme do município de Veneza, não atingiu o quórum mínimo para ser validado, evidenciando um apoio maciço da população à unidade territorial da cidade.
O "sim" à divisão venceu a consulta, realizada no último domingo (1º), com 52,44% dos votos, porém apenas 21,73% dos eleitores participaram, sendo que era necessária uma afluência de pelo menos 50% para validar o resultado.
##RECOMENDA##A participação popular foi mais numerosa no centro histórico e nas ilhas da Lagoa de Veneza do que em Mestre, onde está concentrada a maior parte dos habitantes do município.
"Respeitamos todos, mas a vontade de Veneza é muito clara: cidade unida e única", disse no Twitter o prefeito Luigi Brugnaro. "Agora viremos a página, juntos, sem polêmicas. É preciso continuar trabalhando", acrescentou.
Esse foi o quinto referendo em 40 anos para tentar reconstituir a cidade autônoma de Mestre, incorporada ao território veneziano em 1926, na era fascista - o "não" venceu nos três primeiros, e nos dois últimos o quórum mínimo não foi atingido.
Capital do Vêneto, Veneza tem cerca de 260 mil habitantes, dos quais quase 180 mil vivem no continente. Os "separatistas" alegam que a terra firme e a lagoa têm realidades muito distintas e que a primeira recebe menos atenção em detrimento da segunda, onde se concentram os pontos turísticos da cidade.
Já os "unionistas" dizem que a emancipação de Mestre poderia reduzir Veneza a uma ilha de idosos e turistas cada vez menos povoada e tornar a terra firme uma periferia "anônima". Esses argumentos sempre nortearam o debate sobre a divisão, mas o turismo de massa agregou novos ingredientes.
Destino de milhões de viajantes todos os anos, Veneza abriga uma crescente resistência contra turistas, vistos por muitos como inimigos de uma cidade que sofre com a perda de identidade e o esvaziamento populacional de seu centro histórico.
Para os separatistas, a emancipação de Mestre poderia fazer surgir em Veneza um governo voltado exclusivamente aos problemas provocados pelo turismo de massa.
Da Ansa