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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou atrás e decidiu pautar novamente, na próxima segunda-feira (24) o projeto que flexibiliza as regras do programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior. Segundo o relator da proposta, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), a votação foi acertada durante café da manhã de Maia com líderes da base aliada na manhã desta quarta-feira (19) na residência oficial da presidência da Câmara.

Baldy afirmou que, por enquanto, o projeto será pautado, mesmo sem acordo com o PT e governadores sobre a parcela da multa cobrada pela repatriação a que Estados e municípios terão direito. PT e governadores querem receber parte da multa, quando a receita com ela ultrapassar R$ 15 bilhões. O governo federal, porém, só aceita partilhar, quando a arrecadação com a multa superar R$ 25 bilhões. Pelas regras em vigor, governadores e prefeitos só têm direito a parte do Imposto de Renda arrecadado com a repatriação.

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Essa foi a segunda vez que o presidente da Câmara recuou sobre o projeto da repatriação. Na última segunda-feira (17), Maia tinha anunciado que não pautaria mais o projeto, porque não houve acordo com PT e governadores sobre a divisão da receita com multa. Na semana anterior, o deputado do DEM também chegou a anunciar que engavetaria o projeto, mas voltou atrás depois. Ligado ao mercado financeiro, Maia é o principal fiador do projeto que altera as regras da repatriação na Câmara.

Caso o presidente da Câmara não recue novamente, o projeto irá a votação na segunda-feira, véspera do dia marcado para a votação, no plenário da Casa, em segundo turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um teto para os gastos públicos da União por 20 anos. Sem acordo com PT, Maia quer aproveitar o quórum por conta da votação da PEC para tentar aprovar a flexibilização nas regras do programa.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a dizer nesta quinta-feira, 13, que não pretende colocar mais em pauta o projeto que altera a Lei de Repatriação e adia o prazo para a adesão ao programa até meados de novembro. "Não tento mais nada, fui no meu limite esta semana", respondeu. Maia ressaltou que não partirá dele qualquer iniciativa para retomar o assunto no plenário.

Como na próxima semana estará no exercício da Presidência da República em virtude da viagem internacional do presidente Michel Temer à Índia, para reunião dos Brics, Maia sinalizou que seu substituto na Câmara poderá eventualmente colocar a repatriação em votação.

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"Se todos os partidos estiverem publicamente de acordo no texto que está colocado para não ter confusão no plenário, certamente pode ser pautado pelo presidente, que não serei eu na próxima semana. Eu não vou tratar mais desse assunto, me esforcei muito para ajudar os governadores e prefeitos, mas infelizmente não fui compreendido. Não vou me desgastar mais com essa pauta."

Segundo o porta-voz Alexandre Parola, o governo é favorável às mudanças no projeto e em uma solução que contemple as demandas dos governadores. No entanto, a avaliação da equipe econômica é de que a divisão pode ser feita sem que haja necessidade de alterar regras ou o prazo de adesão do programa, que termina no dia 31 deste mês. A divisão da multa pode ser feita via Medida Provisória (MP), evitando adiamentos no cronograma.

Para o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), a posição da equipe econômica reforça a tese de que não vale a pena insistir nessa questão. "Assim como a União precisa de recursos desta fonte este ano, também os Estados e municípios precisam", afirmou.

Se a data do dia 31 for mantida, o Ministério da Fazenda se comprometeu a repassar a cota dos Estados e municípios entre 10 e 20 de novembro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A nova greve da Receita Federal que deve ser deflagrada na próxima semana pode atrapalhar os planos do governo de agilizar o recebimento dos recursos da lei de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior. O prazo para a adesão ao programa acaba no dia 31 de outubro e a maior parte das declarações deve ser feita pelos contribuintes justamente nas próximas duas semanas.

Segundo o presidente do Sindifisco Nacional, Cláudio Damasceno, toda a documentação e o processamento dos dados sobre o pagamento do Imposto de Renda e da multa sobre os recursos a serem regularizados precisam passar pelas mãos dos auditores, que prometem cruzar os braços a partir do dia 18.

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"Com a greve, todas as operações da Receita serão prejudicadas, inclusive a participação dos auditores nas forças-tarefa da Lava Jato. Além disso, a repatriação também terá problemas", ameaçou o sindicalista.

A categoria está insatisfeita com os rumos do projeto de lei que tramita na Câmara sobre a carreira tributária e aduaneira, e que cria o pagamento de um bônus de produtividade para os auditores.

O problema, para o sindicato, é que o relatório do deputado Wellington Roberto (PR-PB) aumentou o rol de servidores que terão direito ao bônus, diminuindo a parcela dos auditores no rateio dos valores. O parecer apresentado na última terça-feira também equiparou as prerrogativas do cargo de auditor com a carreira de analista tributário.

"O relator desfigurou o projeto tanto na parte remuneratória como na parte de carreira. Com inclusão de outros cargos administrativos no bônus, a remuneração provável dos auditores ficará menor", reclamou Damasceno, para quem as demais categorias beneficiadas querem "pegar carona" na negociação feita pelo Sindifisco com o governo.

Os auditores realizaram protestos nesta quinta-feira (13) nas sedes da Receita e nos principais aeroportos do País. Uma assembleia nacional está marcada para esta sexta-feira, 14, com a greve em pauta. Segundo Damasceno, o objetivo da categoria é pressionar o governo para que sua base na Câmara rejeite o relatório de Wellington Roberto ou o force a rever os pontos do texto em disputa.

Os atos desta quinta-feira se concentraram nos aeroportos de Guarulhos (SP), Galeão (RJ), Juscelino Kubitschek (DF) e Viracopos (SP). No aeroporto de Salvador (BA), o inspetor e os demais chefes entregaram seus cargos. Houve grandes filas nos desembarques internacionais e na restituição de bagagens.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira (12), que vai priorizar na sua volta ao Brasil, depois de mais de uma semana nos Estados Unidos, a discussão da continuidade da aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que estabelece um teto para o aumento do gasto público, além da questão da mudança das regras da repatriação, caso o assunto volte à pauta da Câmara, e a reforma da Previdência. Sobre a reforma, Meirelles afirmou que há interesse dos estados em participar da mudança. "Há interesse, manifestação grande dos Estados", disse a jornalistas. O ministro explicou que a Fazenda já tem uma série de conversas em andamento com os Estados, que pedem auxílio técnico sobre o tema.

A reforma deve ser enviada em breve ao Congresso. Já a PEC será votada em segundo turno na Câmara no próximo dia 24.

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Repatriação

Meirelles também afirmou que a atual lei da repatriação de recursos ilegais de brasileiros no exterior é "bastante adequada", e minimizou a dificuldade em alterar as regras no Congresso. "Caso não seja pautada e aprovada uma nova lei, acredito que está bem", disse durante a coletiva.

"Não é que nós estejamos ansiosos pela aprovação de uma nova lei. Se não aprovar, a lei atual é adequada." O ministro disse ainda que é difícil prever o que deve render uma arrecadação maior para o governo, se a lei atual ou se a versão alterada. "As duas têm vantagens e desvantagens. Não há como dizer que uma vai arrecadar mais que a outra", afirmou o ministro, ressaltando que não se tem dados oficiais dos recursos no exterior que poderiam ser repatriados, justamente por serem ativos ou bens não declarados oficialmente.

O projeto que altera as regras da lei da repatriação foi retirado na terça-feira da pauta da Câmara pelo presidente da instituição, Rodrigo Maia (DEM-RJ) após não chegar a acordo com o PT sobre a divisão de recursos para os Estados. "Evidentemente é possível que de hoje até segunda-feira, pode ser que o acordo venha a ser alcançado e venha a ser pautado", disse Meirelles nesta quarta.

Meirelles foi perguntado sobre a possibilidade de incluir na lei da repatriação os parentes de políticos, como querem alguns parlamentares. "A informação que eu tenho é que esse assunto deixou de ser uma possibilidade", disse ele. "Eu acho que é uma tese muito controversa, que certamente enfrentaria muita resistência na sociedade. Mas isso não é algo que afeta a arrecadação."

O ministro afirmou que acha viável uma das possibilidades que vêm sendo discutidas em Brasília, que é a regularização da situação dos recursos no exterior, mas sem que a pessoa repatrie o capital. Meirelles lembrou que o nome do projeto é de regularização de capitais, apesar de ter ficado mais conhecido como projeto de repatriação. "A finalidade da lei é que os brasileiros que tenham bens no exterior não declarados à Receita Federal agora sejam declarados." A partir daí, onde vai ser investido esses recursos, é uma decisão dos investidores, concluiu Meirelles.

Lula

No final da entrevista, Meirelles foi perguntado sobre a possibilidade de participar da defesa de Luiz Inácio Lula da Silva nas investigações da Lava Jato, como quer a defesa do ex-presidente, mas o ministro disse não ter sido informado sobre essa intenção. "Não fui comunicado. Não sei do que se trata."

O presidente Michel Temer disse nesta terça-feira, 11, por meio de seu porta-voz oficial, que o governo não comentaria a retirada do projeto de repatriação de pauta, pois se trata de uma prerrogativa da Câmara dos Deputados. O porta-voz oficial do presidente Michel Temer, Alexandre Parola, afirmou também que o governo vai avaliar o comportamento de deputados da base que votaram contra a PEC 241 para buscar um trabalho de convencimento nas próximas votações.

"O governo irá avaliar o apoio que cada parlamentar dará ao governo", disse o porta-voz. "O diálogo e a busca do entendimento seguem sendo ferramentas para obter o convencimento e para que nas próximas votações esses parlamentares possam votar em sintonia com o governo e com os projetos de mudança que estão se implementando em benefício do Brasil".

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Apesar do discurso oficial não falar em retaliação, o Planalto já elabora um mapa dos "traidores" para punir com retirada de cargos, emendas e diminuição de espaço no governo, de acordo com interlocutores do presidente.

Repatriação

No caso do projeto de repatriação, o bastidor no Planalto é que apesar do empenho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de tentar pauta o tema, não havia razões do governo para interferir tentando mobilizar a base, já que da forma como é atualmente o texto da repatriação já atenderia aos interesses do governo. Além disso, segundo uma fonte do Planalto, o governo não quer ter a sua marca em eventuais mudanças do texto. Outra razão para a imobilidade do Planalto no caso é que o assunto não está entre as prioridades de Temer que, após a PEC, deve centrar esforços na Reforma da Previdência.

Sobre esse tema, Parola afirmou que o governo "busca equidade e a justiça do sistema previdenciário" e que a proposta será "amplamente discutida com a sociedade brasileira". "Ao regressar de viagem oficial a Ásia o presidente pretende discutir o mais amplamente possível as propostas da reforma da previdência", afirmou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), arquivou nesta terça-feira, 11, o projeto que pretendia alterar as regras do Programa de Repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior. Principal fiador da proposta, Maia engavetou o projeto após não conseguir acordo com o PT para votar a matéria.

O Programa de Repatriação foi criado por meio de lei aprovada em 2015 pelo Congresso Nacional e sancionada em janeiro deste ano pela então presidente Dilma Rousseff (PT). O programa dá anistia tributária e penal a contribuintes que regularizarem os recursos, em troca do pagamento de 15% de multa e 15% de Imposto de Renda (IR).

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"Acabou. O PT não quer votar. O PT não quer acordo para atender os governadores do Brasil, que estão quebrados. Não posso fazer nada", afirmou Maia em entrevista após encerrar a sessão em que o projeto seria votado. "Não vou ficar encaminhando um tema que o prazo vai se encerrar no final do mês. (...) Essa matéria não volta mais".

Maia e o PT não entraram em acordo sobre a parcela da receita da repatriação a que Estados e municípios teriam direito. Os petistas queriam aprovar emenda que destinava parcela de toda a arrecadação com a multa aos governadores e prefeitos. Pela lei atual, eles só têm direito a uma parte do Imposto de Renda arrecadado.

O Ministério da Fazenda, porém, foi contra a emenda do PT. O presidente da Câmara, então, articulou para que os Estados e municípios tivessem direito a uma parcela da receita da multa, quando essa receita ultrapassasse R$ 25 bilhões. Segundo Maia, o valor foi aceito pelos governadores, mas o PT não aceitou.

O apoio do PT era necessário para Maia aprovar o projeto, que enfrentava resistências à proposta até mesmo dentro da base aliada do governo. Embora não viessem fazendo oposição clara ao projeto, o Ministério da Fazenda e a Receita Federal sempre foram contra mudanças na Lei da Repatriação.

O projeto que alteraria as regras do programa foi articulado desde o início por Maia, mesmo com a resistência da equipe econômica. Entre outros pontos, ele alterava o prazo de adesão do programa para 16 de novembro e diminuía a tributação que os sonegadores teriam de pagar para regularizar os recursos enviados ilegalmente para fora do Brasil.

Sem a aprovação das mudanças, as regras do programa continuam as mesmas. O contribuinte terá de pagar os 30% de multa e IR sobre todo o montante que enviou ao exterior entre 2010 e 2015, em troca da anistia penal e tributária. Além disso, o prazo de adesão ao programa permanece em 31 de outubro deste ano.

A Câmara dos Deputados votava por volta das 13h30 desta segunda-feira, 10, requerimento para retirar da pauta do plenário o projeto que altera a lei de repatriação e, assim, abrir caminho para o início da discussão e votação Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um teto para os gastos públicos.

Para começar a votação em primeiro turno da PEC do teto, o governo terá de abrir uma nova sessão com pelo menos 257 parlamentares registrando presença. Para aprovar a PEC, precisará reunir 308 votos favoráveis - equivalente a 3/5 dos 513 parlamentares que compõem a Casa.

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Sem consenso

O projeto da repatriação está sendo retirado da pauta, porque ainda não há consenso sobre o texto. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o relator do projeto, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), tentam fechar acordo sobre o texto da matéria entre governo, oposição e governadores.

O programa de repatriação foi criado por lei aprovada no fim do ano passado, ainda no governo de Dilma Rousseff. Ele dá anistia penal e tributária a contribuintes em troca do pagamento de 15% de multa e 15% de Imposto de Renda (IR) sobre o valor mantido ilegalmente no exterior que for regularizado.

Em nome dos governadores, a oposição afirma que só votará a favor do projeto se o governo aceitar destinar parte da multa arrecadada com a repatriação aos Estados. Atualmente, os governadores já têm direito a 21,5% do IR arrecadado pela União com a repatriação.

A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal revela "preocupação" com propostas de alteração na Lei de Repatriação de Recursos (Lei 13.254/2016), "especialmente com a possibilidade de serem criadas janelas de impunidade para crimes graves".

Em nota divulgada nessa quinta-feira (6), os procuradores da República no Paraná, base da Lava Jato, alertam para a proposta de "alterações bastante preocupantes" no texto, decorridos quase dez meses da promulgação da lei. A força-tarefa diz reafirmar "sua confiança de que o Congresso não permitirá a inserção de mudanças na lei que incentivem a corrupção e a impunidade".

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A nota é um alerta "à sociedade sobre os riscos das propostas que têm sido divulgadas, com o objetivo de contribuir para o debate e a transparência e preservar as investigações do caso Lava Jato".

Uma das alterações no texto da Lei da Repatriação que incomoda os procuradores prevê o fim da vedação dos benefícios da lei a servidores públicos, políticos e seus parentes, "o que pode ser um instrumento para diminuir as penas aplicáveis na própria Lava Jato".

Os procuradores anotam que a lei, de janeiro, instituiu um programa de repatriação "com o objetivo explícito de promover a arrecadação de tributos e de multa, mediante a regularização de valores mantidos no exterior de origem lícita e que não foram declarados".

"Para incentivar a regularização, a lei estabeleceu que crimes de falsidade, sonegação e evasão de divisas relacionados aos recursos, assim como a lavagem de dinheiro oriunda desses crimes específicos, não serão objeto de punição", diz a nota pública.

Outros crimes continuariam a ser passíveis de punição, incluindo corrupção e lavagem de ativos provenientes dela.

"Um dos problemas da lei, em sua redação vigente, é que não exigiu qualquer prova da fonte lícita dos recursos", afirma a força-tarefa. "Isso possibilita que valores mantidos na conta de um testa-de-ferro de um agente corrupto possam ser repatriados, sem indagação quanto à origem dos recursos."

Os procuradores sugerem que "a título de aprimoramento, seria pertinente exigir alguma indicação concreta, passível de conferência, para a origem do dinheiro, bem como informar o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) sobre todos os casos de repatriação, a fim de que o órgão possa identificar eventuais indicativos da prática de crimes mais graves".

Na avaliação dos procuradores que desmantelaram o complexo esquema de cartel, corrupção e distribuição de propinas instalado na Petrobras e em outras estatais, o fim da vedação dos benefícios da lei a servidores públicos, políticos e seus parentes "vai ao revés das normas internacionais que demandam a criminalização do enriquecimento ilícito de servidores públicos".

"Tratando-se de servidores públicos e políticos, pessoas de quem se espera um comprometimento mais significativo com a lei do que se espera do cidadão comum, o correto é tornar crime a existência de patrimônio cuja origem lícita não possa ser comprovada, em vez de anistiar os crimes fiscais decorrentes da existência de patrimônio não declarado", prega a força-tarefa.

"Outra sugestão muito perturbadora, veiculada na imprensa, é a possibilidade de anistia inclusive para aqueles que já foram condenados por crimes relacionados aos recursos a serem repatriados, desde que o processo não tenha transitado em julgado", assinalam os procuradores.

Eles apontam para o caso Banestado, escândalo de evasão de US$ 30 bilhões nos anos 1990. "Se aprovada, tal medida impactaria profundamente situações de lavagem praticadas por centenas de doleiros há décadas, inclusive no caso Banestado, já que processos de réus de colarinho branco se arrastam na Justiça por décadas."

"Doleiros são operadores profissionais da lavagem de dinheiro que, na maior parte dos casos, quando não decidem colaborar com a justiça, são processados por crimes financeiros e tributários, ainda que tenham lavado recursos oriundos de corrupção e tráfico de drogas, o que é, em geral, difícil de descobrir e comprovar."

"Outra mudança noticiada pela imprensa é o pagamento dos tributos e da multa sobre o saldo dos recursos na data de 31 de dezembro, independentemente do montante global dos valores aportados no decorrer do tempo", diz a nota. "Caso o objeto da lei fossem crimes de furto e o ladrão tivesse subtraído R$ 1 mil por semana, ao longo de cem semanas, totalizando R$ 100 mil, mas tivesse gasto R$ 99 mil, mantendo saldo de R$ 1 mil ao fim do ano, ele seria cobrado como se tivesse furtado apenas R$ 1 mil, e não sobre o total que ele desviou", compara a força-tarefa.

"A analogia expressa a injustiça da proposta em desfavor da sociedade, que foi vítima dos crimes. Além disso, pela lei, os crimes relacionados a todos os valores serão extintos, e não apenas os crimes relacionados ao saldo. Essa proposta de alteração vai ainda contra o próprio propósito da lei, que é a arrecadação tributária, pois sacramenta a sonegação de todos os valores recebidos que não compõem o saldo existente ao final do ano."

Também inquieta os procuradores "a extensão do prazo para participação no programa, pois, em vez de simplesmente ampliar a arrecadação, a realização de prorrogações pode caracterizar um incentivo à permanente ilegalidade".

Depois de dizer que o governo vinha tratando os deputados como "palhaços", nas negociações em torno da votação da lei de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou atrás em suas colocações e pediu desculpas ao Palácio do Planalto, por conta das palavras "fora do tom".

Maia disse que tinha recebido uma informação incorreta a respeito da proposta que tramita na Casa. "Eu sou uma pessoa que falo sempre o que eu penso, e quero aproveitar para me desculpar, minhas palavras não foram adequadas. Eu recebi uma informação que não foi correta, e reagi da forma que eu reagiria se ela fosse correta", comentou Maia. "O erro foi meu, e eu peço, de público, desculpas, por minha palavra fora do tom, por um motivo que não existiu."

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Mais cedo, Maia disse que, se o governo não quisesse votar as mudanças na lei de repatriação, que não tratasse os deputados como "palhaços". A declaração foi dada após ser questionado pela imprensa sobre o movimento do líder do governo na Casa, deputado André Moura (PSC-SE), para não votar alguns pontos do projeto que altera a lei a repatriação articulado por Maia. O projeto deve ser votado nesta quarta-feira, 5, ou amanhã na Câmara.

Em entrevista mais cedo, André Moura afirmou que o governo quer que a tributação cobrada para que o contribuinte repatrie o dinheiro incida sobre todo o fluxo de recursos enviados para o exterior, e não apenas sobre o saldo do contribuinte em 31/12/2014, como prevê o projeto articulado pelos deputados.

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Afonso Florense (BA), apresentou nesta quarta-feira, 5, emenda ao projeto que trata de mudanças na lei da repatriação prevendo que parte da arrecadação com o programa seja destinada aos Estados. A emenda apresentada prevê que parte dos 15% da multa que incidirá sobre o valor repatriado seja destinado aos governadores. Pela Constituição, os Estados já terão direito a uma parte dos 15% do Imposto de Renda (IR) que também incidem sobre o valor repatriação.

Uma articulação neste sentido chegou a ser aventada há algumas semanas pelo relator do projeto na Câmara, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), mas foi abortada a pedido do governo federal, que conta com a arrecadação da repatriação para fechar as contas públicas deste ano.

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A lei que criou o programa de repatriação - e que os deputados tentam alterar - foi aprovada em dezembro de 2015. O programa dá anistia penal e tributária a contribuintes em troca do pagamento de 15% de IR e 15% de multa sobre o valor repatriado.

Com aval do Palácio do Planalto, o Congresso vai incluir no projeto que altera a lei de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior a extensão do prazo de adesão ao programa para 16 de novembro. Pela lei em vigor, o prazo acabaria em 31 de outubro. A mudança representa uma derrota para o Ministério da Fazenda, que é contra qualquer alteração no programa. O projeto deve ser votado nesta quarta-feira (5)  na Câmara.

A lei que criou o programa de repatriação - e que os deputados tentam alterar - foi aprovada em dezembro de 2015 e sancionada pela então presidente Dilma Rousseff em janeiro deste ano. O programa dá anistia penal e tributária a contribuintes em troca do pagamento de 15% de Imposto de Renda (IR) e 15% de multa sobre o valor repatriado.

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A prorrogação do prazo foi articulada pelo relator do projeto na Casa, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também foi favorável à extensão.

Inicialmente, os deputados queriam fixar 16 de dezembro, mas o governo firmou posição contra. O argumento era de que a alteração poderia atrasar a arrecadação extraordinária, com a qual o governo conta para melhorar o resultado das contas públicas deste ano. Em negociação com o núcleo político do governo, porém, os parlamentares conseguiram consenso para novembro. Argumentaram que, com isso garantiriam que União, Estados e municípios recebam os recursos ainda este ano. A Fazenda, porém, se mantém contra a alteração.

Com o novo prazo, o relator do projeto prevê que o Tesouro Nacional poderá contar com o dinheiro a partir do dia 18 de novembro. Já Estados e municípios, segundo ele, receberão uma parcela dos recursos em 21 de novembro.

Benefícios

Na terça-feira (4) deputados chegaram a incluir no projeto nova brecha para que sonegadores condenados pudessem aderir ao programa de repatriação e, com isso, tivessem anistia penal automática. Após divulgação do texto, o relator anunciou ter retirado a proposta.

A versão final do projeto, porém, continua prevendo outros benefícios a sonegadores. Um deles prevê que o saldo tributado será apenas aquele que o contribuinte tinha em conta em 31 de dezembro de 2014, e não sobre todo o fluxo enviado ao exterior, como defende a Receita Federal. Dessa forma, os contribuintes pagarão menos impostos.

Parlamentares pretendem apresentar, durante a votação em plenário, emenda para acabar com a proibição a políticos e parentes de aderirem ao programa, incluída para evitar que envolvidos na Operação Lava Jato fossem beneficiados.

Na terça-feira, 4, a Advocacia-Geral da União (AGU) se posicionou contra o fim do veto. Para a AGU, a proibição previne "condutas públicas e políticas imorais". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reúne nesta segunda-feira (26) com deputados, advogados e representantes da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) para fechar o texto do projeto que flexibiliza as regras do programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente para o exterior. A reunião acontece no início da tarde, na residência oficial da presidência da Câmara.

Maia deve fechar o texto junto com o relator do projeto na Câmara, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO). A estratégia é apresentar a proposta para os líderes partidários durante esta semana, para que a matéria possa ser votada no plenário da Casa já no início da próxima semana, logo após o primeiro turno das eleições municipais. Da Câmara, o projeto ainda precisará passar pelo Senado antes de ir à sanção.

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Na tarde desse domingo, 25, Maia e Baldy se reuniram com o presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para discutir o projeto que flexibiliza as regras do programa de repatriação. O encontro ocorreu no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, onde Temer ainda mora, apesar de já ter sido efetivado no cargo desde 31 de agosto deste ano.

Como vem mostrando o Broadcast Político, deputados e senadores da base aliada de Temer articulam um pacote de mudanças no programa de repatriação, que foi criado por meio de lei aprovada no fim de 2015 pelo Congresso. O argumento usado para promover as alterações é de que a legislação aprovada no fim do ano passado não dá segurança jurídica aos contribuintes, o que tem refletido na arrecadação abaixo do esperado.

Uma das principais mudanças articuladas é a data de alcance do programa. O relator do projeto vai propor que seja tributado com IR e multa apenas o saldo do contribuinte em 31 de dezembro de 2014, e não sobre tudo o que foi enviado ilegalmente para o exterior ao longo do tempo, como diz a lei. Com isso, os contribuintes pagarão menos impostos. O deputado argumenta que os contribuintes terão resistência em pagar imposto sobre um dinheiro já gasto.

A alteração considerada mais polêmica será o fim da proibição para que políticos, autoridades públicas e seus parentes possam aderir ao programa. Na Câmara, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, tem articulado o fim da trava. A proibição foi incluída na reta final da votação do projeto da repatriação, no fim do ano passado, para impedir que parlamentares e políticos com cargos envolvidos na Operação Lava Jato fossem beneficiados.

Caso a Câmara não aprove o fim da proibição, parlamentares envolvidos na articulação das mudanças apostam que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir a questão.

O Solidariedade, partido presidido por Paulinho, entrou com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) na Corte, no início de setembro, questionando a proibição. O argumento é de que a Constituição estabelece que todos os brasileiros devem ser iguais perante a lei, apesar de a maioria dos políticos ter foro privilegiado.

A Receita Federal já contabiliza R$ 7,2 bilhões de arrecadação com o programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior. Até sexta-feira (23) este era o valor declarado - correspondente, em multa e Imposto de Renda, a 30% do total dos ativos - por cerca de 2,5 mil contribuintes que aderiram ao programa, mas ainda aguardam para efetuar o pagamento. O prazo final é 31 de outubro.

A expectativa da Receita é que este valor suba para R$ 9 bilhões até o fim desta semana, segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Cerca de R$ 1 bilhão já foram efetivamente pagos e há um grupo de parlamentares que tentam aprovar a extensão do prazo até dezembro.

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Em relatório do Orçamento deste ano, enviado ao Congresso na sexta-feira passada, o governo passou a contar com R$ 6,2 bilhões de receitas com a repatriação. Esse valor evitaria um corte de R$ 3,5 bilhões no fim deste mês e garante uma reserva financeira de R$ 1,1 bilhão para a equipe econômica administrar riscos de descumprimento da meta fiscal de 2016.

Quando há a declaração, o contribuinte já confessou o valor que mantém fora do País. Por isso, o ingresso desses recursos é dado como certo pela Receita. A grande preocupação do Ministério da Fazenda é com o risco de o Congresso aprovar novo projeto facilitando as regras e permitindo ao contribuinte regularizar o dinheiro que está fora do País pagando menos Imposto de Renda (IR) e multa. O pagamento da multa e IR permite ao contribuinte ter anistia para os crimes de lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

A votação do projeto é patrocinada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que defende que o pagamento do IR incida sobre o valor do saldo do patrimônio no dia 31 de dezembro de 2014. Pela lei em vigor, o IR deve incidir sobre toda a renda consumida enviada ao exterior e não declarada. Lideranças políticas vão se reunir nesta segunda-feira para definir o cronograma de votação.

Mudança

O relator do projeto que prevê mudanças no programa, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), vai propor que o prazo de adesão seja estendido de 31 de outubro para 16 de dezembro - e não mais para o último dia do ano, como pensado inicialmente. "Se mudarem a lei para excluir os valores consumidos, certamente o montante já declarado vai reduzir", alertou uma fonte do Ministério da Fazenda. A Receita e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já se declararam publicamente contrários à mudança.

O Ministério Público está acompanhando a movimentação do Congresso para flexibilizar a lei, principalmente, a proposta de permitir que políticos e detentores de cargos públicos, além de seus parentes, sejam beneficiados pelas mudanças. Hoje, eles estão impedidos de aderir à repatriação.

Os governadores, que vão receber uma fatia da arrecadação da repatriação, não querem a mudança. Assim como o governo federal, eles precisam desse dinheiro para ter um alívio até o final do ano e boa parte deles não quer que o Congresso mude as regras para diminuir o valor do que for arrecadado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O quarto relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento de 2016 prevê uma receita total de aproximadamente R$ 6,2 bilhões com a arrecadação do Programa de Repatriação. O documento será enviado ao Congresso nesta quinta-feira (22). Como informou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, desse total cerca de R$ 5 bilhões estão previstos para a União e cerca de R$ 1,2 bilhão para Estados e municípios.

Esse valor é conservador, segundo fontes informaram ao Broadcast, e se trata de recursos declarados por contribuintes, mas que ainda não foram efetivamente pagos. Por já ter havido a declaração, é pouco provável que ocorram mudanças nesse valor e por isso o governo decidiu incluir essa previsão para evitar um contingencimento de despesas no Orçamento deste ano.

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Com essa previsão de entrada da repatriação, as estimativas de receitas devem subir para cerca de R$ 1,5 bilhão. Por outro lado, as previsões de despesas devem crescer cerca de R$ 500 milhões. A diferença de aproximados R$ 1 bilhão será incorporada numa reserva, para administrar riscos.

O relatório bimestral faz parte do rol de instrumentos fiscais brasileiros de acompanhamento do cumprimento da meta de superávit primário do governo federal, prevista para este em um déficit de R$ 170,5 bilhões.

A repatriação é a aposta do governo para melhorar o desempenho das receitas até o fim do ano. A expectativa do governo é de uma arrecadação superior a essa estimada no relatório, mas a equipe econômica preferiu fazer uma estimativa conservadora.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reafirmou nesta quarta-feira, 14, que vai se esforçar para aprovar mudanças na Lei de Repatriação até a primeira semana de outubro. Caso o contrário, considera que não seria possível fazer as alterações até o dia 31 de outubro, prazo máximo para que os brasileiros possam realocar recursos no País. Se for aprovada na Casa, a matéria ainda precisa seguir para o Senado.

Contrariando o Ministério da Fazenda, Maia vem articulando mudanças na lei há meses. No final de julho, ele chegou a se reunir com o ministro Henrique Meirelles, que negou qualquer alteração. "Chegamos à conclusão de que a Lei da Repatriação é um assunto que não deve e não tem condição de ser discutido. É preciso enfatizar a estabilidade das regras", afirmou Meirelles na ocasião. "As dúvidas que surgirem serão respondidas pela Receita Federal", completou o ministro.

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O presidente da Câmara, contudo, avalia que as mudanças poderiam gerar uma arrecadação maior de impostos. "O governo tem que deixar clara a herança que recebeu, pois 14 Estados podem entrar com decretos de calamidade financeira. Isso não é brincadeira, então não se pode correr o risco de deixar uma dúvida para que um número menor de pessoas acerte a repatriação. Já que foi feito, vamos resolver os pontos que têm gerado polêmica para aqueles que querem tomar a decisão ou não de realocar os seus recursos no Brasil", declarou Maia.

Defendida por escritórios de advocacia e alguns políticos, Maia concorda com a mudança que determinaria que o Imposto de Renda e a multa prevista pela lei sejam aplicados apenas sobre saldos existentes em 31 de dezembro de 2014 no exterior. "Eu defendo que tenha uma regra, independentemente se for dezembro. Eu prefiro a do dia 31 de dezembro de 2014. Mas o que eu acho mais importante é ter uma regra para dar segurança aos investidores", opinou Maia.

Com aval do presidente da Câmara, os deputados Alexandre Baldy (PTN-GO) e Hugo Leal (PSB-RJ) estão elaborando um projeto com essas e outras mudanças na lei. Aprovada no fim de 2015 e sancionada em janeiro deste ano pela então presidente da República Dilma Rousseff (PT), a lei dá anistia tributária e penal a pessoas físicas e jurídicas brasileiras que repatriarem os recursos, em troca de pagamento de 30% de Imposto de Renda (IR) e multa, sendo 15% de cada.

Os recursos do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) continuam bloqueados nos bancos da Suíça e o ex-parlamentar não poderá movimentar o dinheiro até que haja uma definição sobre os processos que ele enfrenta na Justiça brasileira.

Os ativos, porém, apenas voltarão ao Brasil se Cunha for condenado, se houver uma decisão de um tribunal ou se um acordo de delação premiada estipular a devolução dos recursos, como ocorreu no caso de ex-diretores da Petrobras.

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Em Berna, a Procuradoria suíça não informa os valores mantidos por Cunha. Mas o Ministério Público do país confirma que os ativos continuam congelados. No final de outubro de 2015, o ministro Teori Zavascki determinou o pedido de transferência do dinheiro da Suíça para o Brasil, em um volume de cerca de 2,5 milhões de francos suíços (R$ 8,6 milhões). No total, os suíços já bloquearam cerca de US$ 800 milhões em mais de mil contas relacionadas com ex-diretores da Petrobras, políticos brasileiros, executivos de construtoras e operadores. Mais de 40 bancos suíços estão implicados, num dos maiores casos de corrupção já investigado em Berna.

Cunha renunciou ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados e, nesta segunda-feira, 12, teve o mandato cassado. Entretanto, a perda não muda sua condição legal na Suíça.

Para que o dinheiro volte aos cofres públicos, uma possibilidade é de que haja um eventual acordo de delação premiada e, no pacto, Cunha aceite devolver o montante.

A outra opção é de uma condenação final. Cunha é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), além de responder a uma denúncia e a três outros inquéritos em investigações relacionadas com a Operação Lava Jato. "Apenas depois de uma sentença de confisco definitivo é que os ativos podem ser devolvidos ao Brasil", explicou o MP suíço.

Para isso, porém, o próprio Cunha teria de ser condenado. "Os ativos continuam congelados até uma decisão válida de autoridades brasileiras ou sua liberação por uma corte brasileira", diz o MP.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério Público da Suíça confirmou que as contas de Cunha estão congeladas desde abril de 2015, quando o brasileiro passou a ser investigado por lavagem de dinheiro e corrupção, e que não existe decisão de uma liberação.

No final de 2015, o Ministério Público da Suíça afirmou que transferiu ao Brasil, "de forma definitiva", todos os documentos e detalhes de contas bancárias encontradas em nome do ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Cunha chegou a abrir um processo na Justiça suíça para impedir o envio da documentação e, à reportagem, revelou que se colocou à disposição para explicar aos suíços a origem dos recursos. Mas, em duas instâncias diferentes, foi derrotado.

Assim, a investigação criminal foi transferida de forma definitiva às autoridades brasileiras e, segundo os suíços, todas as contas e movimentações descobertas relacionadas com Cunha estavam no pacote enviado ao Brasil. Os papéis também traziam detalhes das contas de sua mulher e filha. Ele nega e aponta que era apenas usufrutuário dos valores.

No exercício da presidência da República desde a última quarta-feira, 31, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a defender nesta segunda-feira, 5, mudanças na lei de repatriação de recursos enviados ilegalmente para o exterior por empresas e pessoas físicas.

Maia articula novamente a elaboração de um projeto de Lei para mudar a regra da repatriação, deixando claro que o Imposto de Renda (IR) e a multa devem incidir apenas sobre o saldo até a data de alcance do programa de repatriação (31 de dezembro de 2014), e não sobre tudo que o contribuinte enviou para fora, como estabelece hoje a Receita Federal.

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"Este é o debate. Foto ou filme", afirmou Maia à reportagem. De acordo com ele, a ideia é elaborar um novo projeto e tentar votá-lo em plenário na primeira semana de outubro. Dessa forma, o prazo inicial fixado para adesão ao programa de repatriação, em 31 de outubro, poderia ser mantido.

Maia pretende tratar do assunto com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, assim que ele voltar da China, onde participa da reunião do G-20. A expectativa é de que chegue ao Brasil na noite desta terça-feira, 6. "Muitas pessoas estão preocupadas com o assunto. Vou tratar com os líderes para checar o ambiente para a primeira semana de outubro", diz.

Essa é a segunda vez, em menos de dois meses, que Maia tenta articular mudanças na lei da repatriação. No fim de julho, o presidente da Câmara tentou emplacar a articulação, com o mesmo objetivo. Na época, porém, a Receita Federal e o Ministério da Fazenda descartaram qualquer alteração e fecharam as portas para a discussão sobre o tema.

A par das discussões ao lado de Maia, o deputado Hugo Leal (PSB-RJ) afirma que as tratativas foram retomadas, porque escritórios de advocacia ligaram para deputados, afirmando que a Receita Federal e a Fazenda estariam fazendo um estudo sobre a possibilidade de aceitar a mudança que os deputados defendem.

"A grande preocupação deles é a arrecadação. Na semana passada, um advogado me ligou dizendo que a Fazenda estava fazendo um estudo sobre essa possível mudança", conta Leal. A Receita não divulgou oficialmente quanto arrecadou até agora com a repatriação. No fim de julho, o órgão informou que, na época, a arrecadação era "irrisória".

Procurada hoje, a Fazenda não comentou o assunto. Desde que assumiu o cargo, Meirelles e o secretário da Receita, Jorge Rachid, têm se posicionado contra mudanças na lei, aprovada no fim de 2015 e sancionada em janeiro pela então presidente Dilma Rousseff. A legislação dá anistia tributária e penal em troca de pagamento de 30% de IR e multa.

Apesar da forte pressão política dentro e fora do governo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, marcou posição ontem e descartou a possibilidade de revisão na lei de repatriação de recursos enviados ilegalmente para o exterior por empresas e pessoas físicas.

Para o ministro da Fazenda, uma alteração na lei, que exigiria aprovação de novo projeto pelo Congresso, traria insegurança jurídica e provocaria prejuízos maiores ao próprio programa, por atrasar a regularização do recursos não declarados ao Fisco.

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A possibilidade de flexibilização foi alimentada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Na terça-feira (26) ele disse que o presidente em exercício Michel Temer e Meirelles haviam dado sinal verde para a mudança.

Após reunião nesta quarta-feira, 27, com Maia, Meirelles não só negou a possibilidade de mudança como também fechou as portas para discussão na área econômica. O ministro fez questão de ir até a portaria do Ministério da Fazenda para dar uma entrevista e informar que as regras atuais seriam mantidas. Segundo ele, quaisquer dúvidas que os contribuintes tenham sobre a regularização serão respondidas pela Receita Federal.

Desde que assumiu o cargo, Meirelles tem mantido a sua posição contrária à mudança na lei, que garante anistia penal em troca de pagamento de multa e Imposto de Renda. Ele não mudou, apesar da pressão de aliados políticos do presidente Temer. Por isso, causou mal-estar a versão de que a Fazenda teria recuado. "Nunca houve mudança", disse um interlocutor de Meirelles.

Setores políticos e empresariais defendem mudanças com o argumento de que a arrecadação do programa pode fracassar. O governo conta com o dinheiro da repatriação para fechar a meta fiscal do ano. Para a Receita, a tentativa de mudança visa a garantir pagamento menor do imposto e, ainda assim, a anistia pelo crime de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

"Chegamos à conclusão de que a Lei da Repatriação é um assunto que não deve e não tem condição de ser discutido. É preciso enfatizar a estabilidade das regras", disse Meirelles. Segundo ele, a lei está aí para ficar. "Os contribuintes devem ter segurança para fazer suas declarações."

Desagrado

A decisão do ministro desagradou parlamentares. Na última segunda-feira, Meirelles tinha conversado sobre o assunto com Maia, durante voo da Força Aérea Brasileira (FAB) entre o Rio e Brasília. Na conversa, Meirelles teria dado a entender aos congressistas que estava de acordo com a mudança, o que é negado por assessores do ministro.

Meirelles disse ao presidente da Câmara que o secretário da Receita, Jorge Rachid, era contra a alteração por considerar que traria insegurança ao governo. A avaliação é de que a incidência do IR apenas sobre o saldo significaria uma espécie de anistia ao contribuinte que gastou todo o dinheiro enviado, que pagaria apenas a multa. Sem o aval da equipe econômica, Maia abandonou, ao menos por hora, a ideia de mudar a legislação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Forte aposta da equipe econômica para reforçar o caixa este ano, o retorno de recursos enviados ao exterior sem declaração ao Fisco tem tido um desempenho abaixo do esperado e causa queda de braço entre a área econômica e os aliados políticos do presidente em exercício Michel Temer.

De um lado, os parlamentares pedem alterações na lei para afastar dúvidas que estariam inibindo a repatriação. De outro, o Ministério da Fazenda tem resistido às mudanças. Em reunião com lideranças no Parlamento, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, prometeu reforçar o entendimento das regras.

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A maior resistência vem da área técnica da Receita Federal, que vê nas tentativas de mudanças pressão dos escritórios de advocacia, que representam os contribuintes interessados em regularizar os recursos, para pagar menos imposto.

Como parte da tentativa de dar maior segurança aos contribuintes, a Receita formalizou como regras o conteúdo de uma seção de perguntas e respostas sobre a repatriação que está no site do órgão. Ela responde a dúvidas técnicas e o conteúdo vem sendo atualizado à medida que novas dúvidas são apresentadas. Os técnicos já advertiram que mudanças na lei poderão "macular" todo o processo de repatriação.

Colaborador do governo e do Senado na elaboração do projeto de repatriação, o tributarista e professor de Direito da Universidade de São Paulo Heleno Torre, disse que é uma temeridade qualquer mudança na lei que criou o programa de regularização desses recursos. Segundo ele, mudanças na lei no meio do processo poderiam trazer insegurança jurídica.

O prazo de adesão teve início no dia 4 de abril e vai até 31 de outubro de 2016. Mas o relator do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2017, senador Wellington Fagundes (PR-MT), disse que as adesões podem ser estendidas para o ano que vem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O relator-geral da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017, senador Wellington Fagundes (PR-MT), admitiu nesta segunda-feira, 11, que a tendência é que o Congresso aprecie a nova meta fiscal do próximo ano apenas em agosto. Em entrevista coletiva, Fagundes disse que o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), se comprometeu a convocar uma sessão conjunta para votar a proposta ainda nesta semana. Mas ele próprio avaliou que há "dificuldades políticas" para isso ocorrer.

Por isso, o governo trabalha para tentar aprovar a meta, pelo menos, na Comissão Mista de Orçamento (CMO) na quarta-feira a fim de sinalizar para o mercado. Ele disse que a sucessão ao comando da Câmara - também prevista para depois de amanhã - é um dos dificultadores para se aprovar a meta. "Eu acredito que sim, principalmente em função da eleição para presidente da Câmara dos Deputados", considerou.

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O senador disse que o presidente em exercício, Michel Temer, fez-lhe um apelo pessoal ontem para apresentar seu parecer a fim de que haja tempo hábil para ele ser aprovado pela CMO.

O relator - que foi um dos vice-líderes do governo Dilma Rousseff no Senado - disse que ainda não decidiu se votará pela condenação ou absolvição da presidente afastada. "Não tenho conclusão sobre meu voto", disse ele, que, entretanto, votou em maio para afastar a petista.

Obras inacabadas

As obras com mais de 50% de execução terão prioridade de liberação de recursos do Orçamento em 2017. Essa foi uma determinação incluída no relatório da LDO de 2017, apresentado por Fagundes. No substitutivo da LDO, o senador fez um capítulo dedicado a medidas para destravar as obras inacabadas, estratégia acertada pelo presidente do Senado.

Segundo Fagundes, a medida evita que o Orçamento seja uma peça "fictícia". A ideia inicial era incluir uma regra que impedisse recursos para novas obras antes da conclusão daquelas inacabadas. Mas essa medida não teria viabilidade de ser executada, ponderou o senador.

"Estamos tentando forçar essa questão de terminar as obras inacabadas", disse o relator. O governo também terá que divulgar na Internet um cadastro para o acompanhamento do andamento das obras com valores superiores a R$ 50 milhões. "O governo não consegue nos dar essa informação", criticou o relator.

Além disso, as obras acima de R$ 10 milhões só poderão ter dotação orçamentária se forem acompanhadas de estudo de viabilidade econômica e projeto executivo. "Tem muitos recursos transferidos para Estados e municípios para obras que sequer têm projeto. E, ao mesmo tempo, milhares de obras inacabadas", disse o relator. "No Brasil, se reclama muito de falta de recursos, mas é claro que falta planejamento", criticou ele.

Repatriação

Fagundes afirmou também que a Receita Federal pode flexibilizar o entendimento a fim de garantir uma eventual extensão de prazo para que pessoas físicas e jurídicas façam adesão à repatriação de recursos no exterior durante o próximo ano.

Sem dar detalhes de como isso seria feito, ele disse ter conversado com a equipe econômica e com Temer, que indicaram que poderia haver uma extensão do prazo para a regulamentação dos ativos até 2017. Ele afirmou que a eventual ampliação para regularizar os recursos não prevê uma mudança na legislação. "Não vão modificar a legislação da repatriação" frisou ele.

A lei da repatriação de ativos, aprovada no ano passado e regulamentada no início de 2016, prevê que a adesão ao programa de incentivos fiscais para quem trouxer recursos de fora terá de ocorrer, conforme regulamentação publicada pela Receita, até outubro deste ano. Por isso, há dúvidas sobre como ela poderia ser estendida para 2017.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, revelou em reunião com líderes da base aliada do Congresso na semana passada que a repatriação só conseguiu obter R$ 8 bilhões.

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