Após suspender o ciclo junino em virtude das fortes chuvas que deixaram centenas de desabrigados e mortos no Recife no início de junho, a prefeitura da cidade anunciou uma nova data para a realização da festa. o próximo mês de  julho, o Sìtio Trindade, na Zona Norte, receberá a programação de São João da cidade. 

Os detalhes da festa, como datas, atrações e outras informações serão divulgadas em uma coletiva de imprensa que será realizada ainda nesta terça (21) no próprio Sìtio Trindade, em Csa Amarela, Zona Norte da cidade. 

Na semana em que o Governo do Estado relaxou algumas medidas de segurança sanitária, como a limitação de público em eventos fechados e a liberação do uso da máscara em áreas abertas, a possibilidade de realizar festas populares voltou a ser uma realidade. As cidades de Petrolina e Caruaru, por exemplo, já anunciaram seus ciclos juninos de 2022, prometendo reencontros e o retorno da tradição às ruas. Já na capital pernambucana, o Recife, o clima ainda é de ponderação e vigilância.

Na última vez em que celebrou o ciclo junino como o conhecemos, em 2019, o Recife contou com 37 polos espalhados pela cidade, e mais de 700 artistas locais, entre bandas, sanfoneiros e cantores célebres, grupos de coco, de xaxado e de ciranda, além de trios de forró pé-de-serra que, sozinhos, fizeram mais de 290 apresentações. A festividade contou ainda com programação infantil, arraiais espalhados pelos bairros, procissão dos Santos Juninos e o tradicional Concurso de Quadrilhas, disputado por 12 grupos. Nos anos em que a pandemia impossibilitou a realização da festa, 2020 e 2021,os apaixonados por ela  precisaram contentar-se com lives e algumas apresentações volantes. 

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Já para 2022, apesar dos relaxamentos em vigor no estado de Pernambuco, a situação ainda é de impasse quanto a uma possível realização do São João na capital. Em nota oficial enviada por sua assessoria de imprensa, a Prefeitura do Recife declarou estar “vigilante em relação aos dados epidemiológicos e aos protocolos sanitários definidos", mas pondera que, devido ao atual cenário ainda com restrições, “não há perspectiva para realização de uma festa popular na cidade”.

Confira a nota na íntegra. 

A Prefeitura do Recife informa que está vigilante em relação aos dados epidemiológicos e aos protocolos sanitários definidos, a cada decreto governamental. Considerando a natureza do São João recifense, de rua, bem como o cenário atual, de gradual transição, ainda com restrições, podemos afirmar que, por ora, não há perspectiva para realização de uma festa popular na cidade. Para mitigar o impacto sofrido pela cadeia criativa, a gestão municipal tem realizado diversas iniciativa como o Plano Recife AMA Carnaval, com investimentos de cerca de R$ 10,5 milhões e diversos projetos realizados ou programados, a maioria com apoio de editais lançados pelo município, a exemplo do Recife Virado e do SIC - Sistema de Incentivo à Cultura.

Devido a uma queda de energia em boa parte do Bairro  do Recife, a Caminhada do Forró chegou à Praça do Arsenal com mais de uma hora de atraso, mas ainda sim envolvendo todos com a alegria típica do forró. O evento está na 10° edição e é o responsável pela abertura do São João do Recife, que este ano recebeu o nome de ‘Bom Todo’, e terá a grande maioria dos shows feitos por artistas locais.

“É gratificante estar ao lado de Pecinho Amorim. Eu sou contemporâneo do pai dele e vejo a humildade e o carisma do Petrúcio espelhados nele, um artista promissor da nova geração de forrozeiros”, conta Ed Carlos, que puxou com Pecinho a Caminhada do Forró.

Sobre participar de um evento como este, Pecinho Amorim disse ao LeiaJá que “É uma oportunidade única, ainda mais cantando as músicas de painho, além das músicas de Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Foram grandes mestres e não há forrozeiro que não cante suas canções”. Ele falou ainda que a agenda está muito boa e um dos lugares que irá passar será Limoeiro. 

Confira na Agenda do Leiajà as programações deste São João

A noite contou com a presença de repentistas, aboiadeiros, quadrilheiros e sanfoneiros, além dos artistas forrozeiros. No início da abertura, a secretária municipal de Cultura, Lêda Alves, e o ex-secretário estadual da Fazenda e pré-candidato do PSB ao governo do Estado, Paulo Câmara, entregaram as placas de homenagem ao cantor Petrúcio Amorim e ao representante da quadrilha Arraialzinho do Cordeiro, a mais antiga em atuação no Recife. Houve também uma queima de fogos de artifício, celebrando o início dos festejos juninos.

Petrúcio Amorim tomou conta do palco fazendo a alegria do público, cantando com o filho, Pecinho. Após a apresentação do homenageado, o mestre sanfoneiro e Patrimônio Vivo de Pernambuco, Camarão, subiu no palco colocando o povo para arrastar o pé.

Para a cantora Cristina Amaral, “É sempre prazeroso participar da Caminhada do Forró e da abertura do São João do Recife. Representa bem a nossa cultura”. A artista diz se sentir orgulhosa da homenagem a Petrúcio. “Foi com a música dele Cidade Grande que ganhei o Festival Canta Nordeste, e desde então ela está sempre em meu repertório”, lembra.

A noite seguiu com a participação de grandes artistas. Passaram pelo palco da Praça do Arsenal Geraldinho Lins, Josildo Sá, Liv Moraes, Irah Caldeira, Cristina Amaral, Rogério Rangel, Terezinha do Acordeon, Nádia Maia, Maria Lafaete, Pecinho Amorim, André Macambira, Andrezza Formiga, Expresso Pau de Arara, Roberto Cruz, Benil, Beto Hortiz e Maciel Melo.

A nona edição do Arraial Tomazina reafirma, em mais um ano, o caráter multicultural do São João do Recife, formato já adotado no Carnaval da cidade. A Prefeitura do Recife em parceria com a Casa de Produção apostou, mais uma vez, numa programação que foge à tradição dos festejos juninos para um público que busca uma alternativa na hora de se divertir no São João. Bandas da nova geração independente ganham espaço para mostrar seus trabalhos autorais, sem deixar de lado as raízes nordestinas. Este ano, cada atração contribuiu para a homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, executando uma canção do Rei do Baião com uma nova roupagem.

Segundo o idealizador do Arraial Tomazina, Johnny Dheni, a noite do último sábado (23) foi definida como o Dia das Camisas Pretas, voltada para o rock tradicional e pesado. The Trumps Band abriu a noite para um público ainda pequeno. Com um som calcado no surf music com guitarradas, a banda cantou músicas em inglês até o final da apresentação. A morte do vaqueiro foi a canção escolhida para homenagear o Mestre Lua. Por volta da terceira música, o polo contava com um público maior que pediu canções de ícones do rockabilly como The Cramps e The Sonics e correspondeu ao show com gritos eufóricos, além da clássica pedida "Canta Raul".

Mas quem incorporou canções do baiano em seu repertório foi o quarteto Tao, que subiu ao palco em seguida. O som psicodélico com timbres de guitarra do grupo instigou o público, que conferiu um repertório autoral mesclado com canções de artistas nacionais, a exemplo de Lula Côrtes. A banda abriu o show executando o hino gonzaguiano Asa Branca em versão instrumental. "Luiz Gonzaga não morreu, ele continua sendo uma estrela. Parabéns, Reio do Baião, pelo seu centenário de brilho", disse o vocalista da banda, Zé Junior, logo no início da apresentação. Em outro momento, o vocalista evocou o astral do momento: "Esse é um momento de energia. Nós com a energia musical e vocês com a energia do pensamento". A banda interagiu com o público até o final do show e provou que sabe fazer um bom rock'n'roll do jeito brasileiro.

A Desalma encerrou a noite com um show pra lá de agressivo. Em entrevista ao LeiaJá, o vocalista da banda, Dartelly Lins, definiu a apresentação em três palavras: euforia, agonia e transtorno geral. Performático, o integrante não deixou ninguém parado e, ao lado dos músicos Mathias Canuto (guitarra), Renato Correa (bateria e voz) e Pedro Diniz (baixo) provou que foi a atração mais esperada da noite, reunindo em peso os camisas pretas na Rua Tomazina. "Vamos dançar forró?", ironizou Dartelly. O momento mais ousado, sem dúvida, foi a releitura da canção Ovo de Codorna de Luiz Gonzaga, que, originalmente distoante do som da banda, ganhou uma versão caótica no estilo trash metal.

O fotógrafo Victor Max, 26, foi à Tomazina especialmente para ver a Desalma. "Eu me identifico com o som porque já sou envolvido com projetos musicais de hardcore e não sei dançar forró. Se não fosse o Arraial, o público alternativo ficaria sem opção para aproveitar o São João da cidade."A designer Leíla Nunes, 25, vai todo ano ao Arraial Tomazina. "Gosto da iniciativa do polo, pois tem gente que não gosta de forró, então se torna mais uma opção gratuita para esse público".

Confira entrevista com Johnny Dheni:

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A Prefeitura do Recife anunciou, nesta segunda (4), a programação oficial do São João 2012 do município. Com o slogan “São João tradicional, a gente faz na Capital”, a festa junina da capital pernambucana começa oficialmente na próxima sexta (8), com um show especial em homenagem ao centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião. A programação acontece até o dia 30 em seis polos de animação (Sítio Trindade, Parque Dona Lindu, Pátio de São Pedro, Praça Arsenal da Marinha, Rua da Tomazina e Nascedouro de Peixinhos), dezoito Polinho Comunitários e quatorze arraiais espalhados pela cidade, totalizando mais de 350 apresentações.

Entre as atrações estão Dominguinhos, Santanna, o Cantador, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Geraldinho Lins, Quinteto Violado, Irah Caldeira, Cristina Amaral, Vates e Violas, Alceu Valença, Nádia Maia, Josildo Sá, Beto Hortis e Terezinha do Acordeon, entre outros forrozeiros. “Noventa e cinco por cento das atrações são pernambucanas”, afirmou o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, André Brasileiro, na apresentação do São João 2012 do Recife. As tradicionais quadrilhas juninas têm presença garantida no festejo com o 28º  Festival Pernambucano de Quadrilhas Juninas Adultas, que tem a participação de 50 grupos. E o Festival Pernambucano de Quadrilhas Juninas Infantis chega à sua 14ª  edição, com sete quadrilhas.

O São João do Recife conta ainda com várias atividades paralelas. A já tradicional Caminhada do Forró acontece nesta quinta (7), a partir das 18h, saindo da Rua da moeda e arrastando os forrozeiros até a Praça do Arsenal, animados pela Forrovioca. Os mercados públicos recebem trios de pé de serra, emboladores, repentistas e violeiros como parte do projeto Forró e Cantoria nos Mercados. A Pracinha de Boa Viagem também está na programação e recebe apresentações de grupos teatrais encenando danças típicas do período junino como forró, xote, xaxado, baião e coco, além de recital de poesia de literatura de cordel.

O Memorial Luiz Gonzaga realiza a série de encontros Jornadas Gonzagueanas, que debate a cultura junina. Nesta sexta (8), João Silva, Marcelo Melo, Onildo Almeida e Jurandy da Feira compõem a mesa de debate Memorial dos parceiros, relembrando momentos vividos junto com Luiz Gonzaga. No sábado (9), com o tema Baião na cidade grande, os pesquisadores Ricardo Cravo Albim e Renato Phaelante debatem, mediados por Saulo Gomes. Encerrando o ciclo de debates, também no sábado, o pesquisador e músico Climério de Oliveira e os jornalistas Fernando Gasparini e Dominique Dreyfus (França) conversam sobre o tema Vida do Viajante, título da biografia assinada pela francesa sobre Luiz Gonzaga.

O projeto especial Ocupação Moda Cultural, realizado no carnaval, volta a acontecer, desta vez com roupas inspiradas músicas de Luiz Gonzaga e no período junino. As peças estarão expostas no Sítio Trindade onde, no dia 21, acontece uma “quadrilha desfilada”, com modelos criados pelos estilistas Lúcia Spessato, Carol Azevedo, Melk Z-Da e Jailson Marques apresentados num desfile coreografado como uma quadrilha junina. O Sítio Trindade recebe uma decoração especial, que remete ao Sertão Nordestino com chapéus de palha, jarros de barro com cactos, bonecas de pano e luminárias em forma de gaiolas, além de uma peça-monumento em formato de sanfona medindo 7x 2,5m assinada pelo artista plástico Sávio Araújo.

Gonzagão - A abertura do São João do Recife será marcada por um grande show em homenagem a Luiz Gonzaga, que faria 100 anos se estivesse vivo em 2012. Com direção musical do sanfoneiro Gennaro, a homenagem relembra sucessos de todas as fases da carreira de Gonzagão e tem a participação de Luizinho Calixto, Jurandy da Feira, Quinteto Violado, Maciel Melo, Silvério Pessoa, Josildo Sá, Cristina Amaral, Irah Caldeira, Maciel Salu, Terezinha do Acordeon, Geraldo Maia, Isaar, Maestro Duda, Marcelo Caldi, Vinícius Sarmento, Camarão, grupo Rabecado e banda Fim de Feira.