O Fórum Econômico Mundial (WEF) de Davos terminou nesta quinta-feira (26) com advertências sobre a economia, a guerra e a fome, que projetam um panorama sombrio para o mundo nos próximos meses.
- Armas para Ucrânia
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi o convidado de honra no primeiro dia da conferência, na segunda-feira, e pediu por videoconferência o "máximo" de sanções possíveis e um embargo comercial total contra a Rússia, incluindo o petróleo e gás.
Três meses após a invasão russa e enquanto os bombardeios se intensificam na região leste do Donbass, a Ucrânia pede armas, de preferência pesadas. Uma demanda que sua grande delegação nacional reivindicou em todos os lugares em Davos esta semana.
Zelensky criticou a comunidade internacional por sua resposta lenta, dizendo que se ele tivesse obtido todas as armas que reivindicou em fevereiro "o resultado teria sido dezenas de milhares de vidas salvas". Seu ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, chegou a acusar a Otan de "não fazer absolutamente nada" contra a invasão.
- Terceira Guerra Mundial
É uma tradição em Davos: em um jantar à margem do encontro, o bilionário americano George Soros voltou a dar sua visão do estado do mundo.
"A invasão [da Ucrânia pela Rússia] pode ter sido o início da Terceira Guerra Mundial e nossa civilização pode não sobreviver", disse ele no início deste ano.
Além de apontar para aqueles que ele chamou de "os dois ditadores" - Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jiping, da China -, ele mirou a ex-chanceler alemã Angela Merkel, de quem disse que seus "acordos especiais" foram uma das razões para a "excessiva" dependência europeia do gás russo.
- Nuvens no horizonte da economia mundial
"O horizonte escureceu" para a economia global, disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, na segunda-feira.
A inflação está em alta, os bancos centrais estão endurecendo sua postura, a dívida pública está crescendo e a China está desacelerando.
Ao ponto de uma recessão? Nos países desenvolvidos, não está no horizonte "no momento, mas isso não significa que esteja fora de questão", disse Georgieva.
- O retorno dos distúrbios da fome?
Segundo David Beasley, diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA), "as condições atuais são piores" do que as de 2007-2008, quando ocorreram as revoltas alimentares.
Uma situação devido em parte à guerra na Ucrânia e ao bloqueio de suas exportações de grãos. Achim Steiner, diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), fala de mais de 200 milhões de pessoas que sofrem de fome aguda no mundo.
"Quando as pessoas não conseguem mais se alimentar, quando os governos não conseguem mais fornecer comida, a política rapidamente se move para as ruas", alertou.
Uma situação que também afeta a América Latina, que está entrando em "um período muito perigoso", especialmente devido à inflação, alertou o venezuelano Moisés Naím, analista político internacional, com "consequências econômicas e sociais que podem ser desastrosas".
- Clima esquecido
A guerra na Ucrânia não deve ser usada como uma "desculpa" para relaxar os esforços na transição energética, disse o enviado climático dos EUA, John Kerry, na terça-feira.
"Podemos lidar com a crise ucraniana, assim como a crise energética, enquanto lidamos com a crise climática", disse ele.
Dado o temor pela oferta de hidrocarbonetos russos e o aumento dos preços, "existe o risco de que no curto prazo alguns acabem queimando mais carvão", reconheceu também Paul Simpson.
O diretor do Carbon Disclosure Project (CDP), organização líder na medição do desempenho ambiental de empresas e governos, está confiante de que o debate sobre o fornecimento de energia pode "acelerar a transição" para as energias renováveis.