Tópicos | Un Certain Regard

A tensão sofrida pelos palestinos sob a ocupação de Israel tomou conta das telas de Cannes nessa segunda-feira, onde uma história de amor e traição recebeu uma ovação de cinco minutos. Omar foi exibido na mostra Un Certain Regard, categoria com obras provocativas de diretores emergentes.

O filme é o novo trabalho de Hany Abu-Assad, que ganhou visibilidade em 2006 com "Paradise Now". O filme conquistou o Globo de Ouro e, ao disputar a estatueta de melhor produção estrangeira, se tornou o primeiro longa palestino da história a ser indicado ao Oscar.

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A nova história, porém, é mais sombria e complexa: um drama político entrelaçado a uma história de um casal de apaixonados, o jovem padeiro Omar e Nadia, irmã de Tarek, um velho amigo que dirige uma célula de resistência nos territórios ocupados. Os jovens se veem no meio do conflito entre o serviço secreto israelense e os guerrilheiros palestinos. Ambos são igualmente impiedosos.

Para visitar Nadia, Omar precisa escalar o muro construído para separar os territórios. Preso depois de escalar o muro, Omar é humilhado e apanha da polícia, o que o deixa furioso e o leva a se juntar a Tarek e a outro amigo, Amjad, em uma operação para matar um soldado israelense.

A partir disso, a vida de Omar muda totalmente. Capturado pela polícia, o jovem é pressionado a trair seus amigos e começa a duvidar do amor de Nadia.

Abu-Assad comentou a exibição do enredo dramático que foi ovacionado pelo público. "No começo estava bastante nervoso, mas depois fiquei maravilhado com a recepção. As pessoas estavam envolvidas, o que foi ótimo de ver, especialmente do público de Cannes, que é o mais crítico. Espero que o mundo árabe aceite o filme e se identifique com ele", disse à AFP.

Omar custou 2 milhões de dólares - menos de um quinto do que um blockbuster de Hollywood costuma custar - e foi completamente financiado por cidadãos e empresários palestinos. "Pela primeira vez, convencemos os empresários a investir na indústria cinematográfica do país. Isso é incrível", completou o diretor.

Tudo quase pronto para que, na quarta-feira (15), Cannes estenda o tapete vermelho e inicie a maratona do seu 66º festival. Existem grandes eventos de cinema no mundo, mas festival maior que o de Cannes, não há. Desde que a seleção foi anunciada, no mês passado, têm proliferado críticas ao diretor artístico Thierry Frémaux. Quais são seus critérios? O que faz com que o Brasil - e a América Latina - estejam tão parcamente representados? O Brasil não tem nenhum longa, em nenhuma mostra. Frémaux fala em qualidade, no equilíbrio entre novos talentos e veteranos, mas a competição, em princípio, parece menos interessante que a seção Un Certain Regard (Um Certo Olhar), que traz novos filmes de autores de ponta.

Um Certo Olhar, que também é uma mostra competitiva, embora não outorgue nem a Palma de Ouro nem a Caméra d'Or (para novos diretores até o segundo filme), terá uma jurada brasileira, a diretora do Festival do Rio, Ilda Santiago, e isso - além de alguns curtas -, é o máximo que o Brasil terá em Cannes. Pode ser recalque de excluído, mas só para citar um exemplo, o Faroeste Caboclo, de René Sampaio, já concluído (e que estreia dia 30), não faria feio em nenhuma mostra. Até poderia deixar a Croisette aureolado como cult.

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Atrações não vão faltar. O júri da Palma de Ouro, o principal, será presidido por Steven Spielberg. Durante os 12 dias do evento, pouco importa quem está no Eliseu - o Palácio do Planalto deles. M. le Président, neste período e com toda pompa e circunstância, é sempre o presidente do júri de Cannes. As próprias críticas à mostra competitiva precisam ser relativizadas. Afinal, grandes nomes estarão na disputa da Palma. Confira na lista - Arnaud Desplechin, Asghar Farhadi, James Gray, Jia Zhang-ke, Hirokazu Kore-eda, Takashi Miike, Paolo Sorrentino, Roman Polanski, Abdellatif Kechiche, Nicolas Winding Refn, os irmãos Coen. Na mostra Un Certain Regard, Claire Denis, Sofia Coppola, Hany Abu-Assad.

A curiosidade é que, nas mostras que compõem a seleção oficial, Cannes vai mostrar filmes de atrizes que estão estreando (Valeria Golino) ou perseveram na direção (Valeria Bruni-Tedeschi). Haverá uma homenagem a Jerry Lewis, outra a Stanley Kubrick, seguida da master class do ator Malcolm McDowell, de A Laranja Mecânica. Como todo ano, Cannes Classics exibe versões restauradas de filmes clássicos. A lista de 2013 inclui a Cleópatra de Joseph L. Mankiewicz; Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais; Os Guarda-Chuvas do Amor, de Jacques Démy; Charulata, de Satyajit Ray; Tarde de Outono, de Yasujiro Ozu; O Deserto dos Tártaros, de Valerio Zurlini; Lucky Luciano, de Francesco Rosi; Um Corpo Que Cai, de Alfred Hitchcock; e O Grande Vigarista, de Ted Kotcheff.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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