Uma facção xiita armada do Iraque enforcou bonecos de papelão do presidente dos Estados Unidos Donald Trump em Bagdá, na véspera do 40º dia de luto pela morte de Abu Mehdi al-Muhandis, chefe dos paramilitares pró-iranianos que morreu em um ataque americano junto com o general iraniano Qassem Soleimani.
No reduto xiita de Sadr City ou na rua Palestina, uma das principais artérias da capital, essas figuras de papelão de Trump ou de soldados americanos são vistas penduradas.
Na praça Al Uathba (centro) foram colocados enormes retratos de Al Muhandis e de Soleimani, que morreram em 3 de janeiro em Bagdá.
"Penduramos essas imagens para marcar o fim do luto", disse à AFP um líder das Brigadas do Hezbollah, a facção mais radical da Hashd al Shaabi.
Essa poderosa coalizão de paramilitares pró-iraniana, da qual Al Muhandis era oficialmente o número dois, mas o líder de fato, anunciou eventos oficiais e populares para terça-feira em Bagdá, especialmente na Zona Verde de Bagdá, onde está a embaixada dos Estados Unidos.
No final de dezembro, milhares de pró-iranianos invadiram a representação diplomática e a sitiaram por mais de 24 horas.
A embaixada emitiu um aviso aos cidadãos por ocasião das comemorações.
Um dos líderes da Hashd, Qais al Jazali, disse no domingo que o grupo decidiu "adiar a resposta militar para dar uma chance ao trabalho político", no que pareceu um sinal de apaziguamento.
O bloco parlamentar da Hashd, o segundo da Assembleia, continua pedindo a expulsão de tropas estrangeiras estacionadas no Iraque no âmbito da coalizão internacional antijihadista.
A morte de Soleimani e de Muhandis no ataque dos Estados Unidos - que segundo fontes norte-americanas visava apenas Soleimani, sem saber que Muhandis também estava no comboio - causou um aumento nas tensões entre os dois grandes aliados de Bagdá.
Também reviveu o sentimento anti-americano no país, e o Parlamento votou pela expulsão dos 5.200 miliatres dos EUA no Iraque.