Amor de pai também na Internet

A rede mundial de computadores também é local de manifestação de afeto e cuidado entre pais e filhos

dom, 12/08/2012 - 16:04
Carlos Silvio/LeiaJáImagens Ana Beatriz (19) não vê problema algum em ser amiga do pai, Silvio Pinto (52) no Facebook Carlos Silvio/LeiaJáImagens

A internet tem causado diversas revoluções no comportamento das pessoas. Tem aproximado, mudado sentido de amizades, criado oportunidades, derrubando mitos, dando voz... Em pouco mais de dez anos, o acesso à internet tem se ampliado cada vez mais. Resultado: tem se tornado cada vez um fator que influi na cultura e na relação entre as pessoas.

Claramente essas mudanças podem ser sentidas no âmbito familiar e chegam a influenciar a relação entre pais e filhos. A inserção da internet para fins recreativos e educacionais criou diversos tipos de pais, do que é amigo do filho nas redes sociais e comenta todas as fotos até o que toma muito cuidado com os passos do filho na internet.

Segundo Michael Rich, professor do Centro de Mídia e Saúde Infantil da Universidade Harvard de 58 anos e um dos maiores especialistas americanos nas interações de crianças com mídias diversas, muitos pais estão “atordoados com um desenvolvimento tecnológico que não conseguem acompanhar na mesma velocidade”.

Em entrevista a Folha de São Paulo o especialista, que mantém um site que responde à  dúvidas dos pais em relação a influência da mídia sobre as crianças, afirma que muitos pais se abstêm de entrar mais no mundo tecnológico - e assim nas atividades dos seus filhos nessa área, por pura falta de noção dos riscos. "Os pais estão acostumados a ser os experts da família e sabem que, nesse ambiente, não o são, então decidem não comprar essa briga, apenas dão o laptop, o celular e pensam que, desde eles estejam no quarto, não vão se meter em problemas, o que é um erro". Segundo Rich, é preciso que os pais se envolvam com a vida digital dos filhos tanto quanto a real.

Pais são protetores por natureza e se preocupam com a segurança e bem estar dos filhos. Principalmente em áreas onde os filhos não têm muito conhecimento ou onde a presença de pessoas mal intencionadas é constante. A melhor ferramenta para a segurança das crianças é impor limites e ter um bom diálogo.

Carlos Neves, de 43 anos, gerente de Informática de uma loja de presentes, tem três filhas e preza pela segurança delas na hora em que utilizam a internet. “Todas as minhas filhas utilizaram desde cedo a Internet. Desde o início tenho o mesmo cuidado, com ferramentas que controlam todos os acessos pela web, permitindo acessos apenas a sites confiáveis e geração de relatório semanais com tentativas a sites não autorizados e pesquisas feitas no Google”, conta. Além desses cuidados, Carlos também controla a lista de usuários que estão no Messenger das meninas e consulta também quem são as pessoas que estão nas redes sociais delas e o que essas pessoas postam.

Segundo o gerente de informática, o que o levou a ter esse cuidado com as filhas na internet é a possibilidade da rede de computadores “esconder” a pessoa do outro lado. “A Internet também dá um infinidade de possibilidade de acessos impróprios para pessoas com formação educacional”, explica.

Para aqueles pais que querem ter maior cuidado com as atividades dos filhos (pequenos ou não) na internet, Neves explica que existem diversas ferramentas que o pai pode instalar no computador que seus filhos utilizam e que exibe relatórios com informações de acessos indevidos e a possibilidade de liberação ou não de acesso pelos pais. “O que não pode é deixar este controle para amanhã, pois a Internet é muita arriscada”, adverte.

Programas de controle parental existem como complemento ao diálogo com os filhos. Essa é a principal afirmação entre os especialistas em segurança. Grandes companhias de tecnologia possuem ferramentas conhecidas como controle de pai. Além da filtragem de conteúdos, esses aplicativos também podem definir horários de utilização do computador.

Já o ator e professor Silvio Pinto, de 52 anos, recém-chegado ao Facebook, tem uma ótima relação online com a filha Ana Beatriz, de 19 anos. “Eu acho bacana o compartilhamento das opiniões e preferências, acho que isso dá mais transparência na nossa relação”, esclarece Beatriz. Opinião compartilhada por seu pai, que acredita que isso também contribui com uma forma de estabelecer um diálogo constante e um acompanhamento com a filha.

Por mais que existam muitos filhos que não queiram ter seus pais nas redes sociais ou os tenham numa lista de bloqueio (junto com tios, avós e padrinhos), o convite para que seu pai entrasse na rede social veio da própria Beatriz.”Eu acho que as pessoas muitas vezes utilizam as redes sociais de maneira arbitrária. Ao invés de focarem em Cultura e mobilização política perdem um pouco de tempo com bobagens. Tinha preconceito mesmo, mas estou gostando do Facebook”, explica Silvio Pinto.

Mesmo que não seja o caso da família do professor, muitos pais vigiam o que o filho faz nas redes sociais através do Facebook.

Cerca de 55% dos pais não acham ser um problema verificar o perfil dos filhos para ver o que eles fazem na vida online. Segundo um estudo feito pela empresa de computação Bullguard Internet Security, mais da metade dos pais que estão registrados no Facebook estão na rede social para vigiar os passos dos seus filhos. A razão para isso: muitos pais acham que essa é a única maneira de descobrir o que realmente acontece com eles. É notável o envolvimento dos jovens nas redes sociais e a exposição a que se passa nelas, prato cheio para pais que não têm coragem de estabelecer um diálogo com o filho sobre algo ou que simplesmente desconfiam que o mesmo esteja passando por algum problema.

Porém, diálogo e amor na relação pai e filho é muito mais importante do que conexão com a internet ou perfil nas redes sociais. 

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