Jogadores apostam em crescimento do eSport no Pará

Falta de infraestrutura ainda trava o avanço dessa modalidade de esporte eletrônico. Mas o potencial dos atletas é grande.

seg, 03/10/2016 - 17:43
Divulgação/HertzOne Encontro da turma do eSports, no CCBEU, em Belém Divulgação/HertzOne

Ganhar dinheiro participando de competições de videogames não é novidade. Na Coreia do Sul o esporte eletrônico, ou eSports, é uma modalidade competitiva oficial desde 2000 e é muito popular em todo o mundo, com o mercado movimentando milhões de dólares. Em Belém o cenário de eSports está crescendo, assim como em todo o Brasil, com campeonatos de games como League of Legends, Hearthstone, Counter-Strike e Dota 2, por exemplo.

No dia 3 de julho de 2016, na capital paraense, terminou o Torneio Animazon de League of Legends e a equipe vencedora recebeu R$ 600,00 pelo título, além de uma quantia de Riot Points (equivalente ao dinheiro dentro do jogo) para cada jogador. O segundo colocado recebeu R$ 400,00 pelo vice-campeonato, o terceiro e o quarto ficaram com R$ 300,00 e R$ 200,00 respectivamente, totalizando R$ 1500,00 em premiações. O campeonato de League of Legends é organizado pela Hertz One, empresa que tem como objetivo desenvolver a cultura do eSport na região norte do Brasil.

Segundo Arthur Nakauth, diretor de Recursos Humanos da Hertz One, não existem muitos profissionais na região Norte do país por falta de infraestrutura, mas muitas pessoas têm vontade e capacidade para isso. “O cenário ainda é jovem e profissionais são raros em nossa região, porém existe um enorme potencial visto que muitas pessoas estão dispostas a seguir carreira, só não tiveram a oportunidade ainda. Outro agravante para se tornar um profissional é a falta de infraestrutura em Belém, como internet e locais específicos para treino”, explica.

Yago Mateus, atleta de eSports, acredita que as equipes paraenses têm potencial. “Temos players (jogadores) ótimos”, para ele só faltam recursos. Yago conta que a família tem objeção sobre sua vontade de ser profissional. “Minha mãe fala bastante ainda, por eu não conseguir tirar um dinheiro fixo, só com campeonatos mesmo.”

O treinador de uma das equipes, Hugo Silva, afirma que ser profissional ainda não é uma realidade. Para ele não existe um cenário de eSports em Belém. “São apenas campeonatos individuais e também tem a questão de ainda não haver remuneração salarial para esse serviço, apenas benefícios para jogadores poderem treinar, já que dificilmente algum patrocinador vai manter salário para os jogadores sem um cenário para competir”, diz.

O Capitão da equipe New Legends, Rodrigo Carvalho, fala que as equipes locais ainda estão longe das consideradas grandes, mas acredita que um dia a estrutura será igual. “Porque todas as equipes profissionais têm uma grande estrutura, como Gaming house (local de moradia e treinamento), equipe técnica, patrocínios, entre outras coisas. Pelo fato do cenário paraense ainda ser muito pequeno e estar em crescimento não temos nada disso ainda. Mas talvez num futuro próximo”, afirma.

Diego Góes, fundador da Digital Gamers, grupo que busca trazer investimento para o eSports, comenta que o público da cidade não vê o esporte eletrônico como uma profissão. “Temos poucas equipes que se dedicam e treinam visando chegar ao nível profissional. Entretanto, dependendo do evento e principalmente da premiação, muitas equipes chegam a ser criadas apenas com a intenção de participar desse evento. Um retrato de um público que ama os games, mas não vê nisso ainda uma forma de ganhar a vida”, afirma.

Além dos torneios ocorreu também o evento “Torcida LOL”. Trezentos fãs paraenses puderam assistir à final do campeonato brasileiro de League of Legends. Elton Guedes Júnior, diretor de relacionamento da Hertz One, explicou sobre o evento. ”Torcida LOL é um evento apoiado pela produtora do jogo League of Legends (Riot Games) no Brasil, voltada para o evento CBLOL (Campeonato Brasileiro de League of Legends), na qual jogadores, torcedores e entusiastas do jogo podem acompanhar a etapa das grandes finais da competição em qualquer lugar do país que esteja cadastrado junto à produtora do jogo, recebendo os mesmos benefícios de um torcedor que está no local do evento, como brindes oficiais e etc. Nós da HertzOne fomos além, fizemos diversos sorteios de outros brindes, interações com o público, etc.”

Diego Goés conta sobre o futuro do eSport paraense. ”O próximo passo é o fazer o básico: organizar o cenário e direcionar os agentes para um mesmo foco. Dessa forma, fica muito mais fácil atrair investimentos de grandes marcas e empresas.”

Por Mathaus Pauxis.

 

 

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