Curso mostra que criar games vai além da vontade de jogar

No Recife, escola Saga oferece curso com aulas de design, roteiro, escultura, modelagem 3D e programação

por Nathália Guimarães ter, 23/01/2018 - 12:36

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Ligar o PlayStation ou recorrer ao celular para jogar é o hobbie de muitos, mas algumas pessoas levam essa atividade tão a sério que decidem criar seu próprio game. Para os que sonham em se tornar um desenvolvedor ou roteirista em algum grande estúdio, é preciso recorrer a formação profissional para dar o pontapé inicial na carreira. No Recife, uma das opções que os aspirantes têm é a escola School of Art, Game and Animation (Saga), localizada no bairro de Boa Viagem.

É lá que os estudantes aprendem que criar um game é um processo complexo de várias etapas. Na Saga, o curso para quem deseja se tornar um desenvolvedor dura aproximadamente dois anos e inclui aulas de design, roteiro, escultura, modelagem 3D e programação. Ele é indicado para qualquer pessoa que deseja trabalhar na área e possui mensalidades de aproximadamente R$ 400.

Mas antes de ficar muito animado, é importante perceber que, como qualquer outra habilidade, aprender a criar games requer tempo e, acima de tudo, prática. Nem sempre um bom jogador tem o que é preciso para se tornar um desenvolvedor. É o que explica o professor Fabio Sales, que leciona aulas de programação na escola.

"Muitas vezes o cara que gosta de jogar não é uma pessoa que gosta de criar. A primeira coisa que a gente faz em sala de aula é separar isso aí. Deixamos claro que são duas coisas diferentes. Para criar games é preciso ter referências e, consequentemente, você precisa ser um jogador, mas na hora da criação é preciso saber dividir a diversão e a produção", explica.

Se mesmo assim você ficou interessado e adora colocar a criatividade em prática, uma carreira na área pode ser a escolha certa. Mas até que um game chegue a ser disponibilizado, muitos profissionais se dedicam a criar um produto que consiga conquistar o público. E saber trabalhar em equipe é requisito essencial.

"É preciso ter responsabilidade por causa do cumprimento dos prazos. Isso é um ponto muito importante. Algumas empresas do setor preferem funcionários que saibam trabalhar em equipe do que pessoas que produzem muito individualmente. Não adianta saber fazer uma arte muito bacana e não ser bom em prazos. Eles preferem treinar alguém que seja responsável do que contratar alguém que já é treinado, mas não tem responsabilidade", conta o professor.

É por isso que, na Saga, os estudantes participam de todas as etapas de produção, simulando uma espécie de pequeno estúdio. "A estrutura do curso em si foi criada como se o estudante estivesse vivenciando o dia a dia em uma empresa de games. Ele passa pela parte artística, onde ele tem aulas de design e roteiro, e também pela área de escultura e modelagem 3D. No fim, temos oito meses só de programação", diz o coordenador pedagógico da escola, Fabiano Felipe.

Uma vez formado e com o certificado em mãos, o aluno está pronto para criar seu próprio game, tentar uma vaga no mercado ou abrir seu próprio estúdio. "Atualmente o mercado está muito mais democrático por causa das ferramentas que estão sendo criadas para isso. Na década de 90, quem queria ser programador precisava abrir o bloco de notas e começar a escrever o código puro, agora já existe uma interface já pronta com alguns recursos para você montar seu jogo", explica Fábio Sales.

Segundo o professor, é comum encontrar estúdios com equipes de 3 ou 4 pessoas. Dados da Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames) apontam que atualmente existem 130 empresas do ramo com até 10 funcionários cada. "A maioria dos estúdios de referência no Brasil são independentes. Isso é muito positivo e prova que a questão de abrir o próprio estúdio é uma boa saída. Essa experiência conta muito no mercado e na hora de tentar uma vaga em empresas maiores no exterior", ressalta.

E o Brasil parece estar no caminho certo para passar de fase e conquistar cada vez mais reconhecimento lá fora. O país é o quarto consumidor mundial nesse setor e fica em 13º lugar no ranking de faturamento, segundo pesquisa da consultoria PwC. "Já temos o reconhecimento. Se você abrir a Steam, é fácil encontrar nos jogos mais vendidos da semana produções brasileiras. O mundo está podendo ter acesso aos nossos produtos. Esse é o caminho, mostrar cada vez mais do que somos capazes", completa.

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