A sucessão de pais para filhos nos negócios de família
Se o núcleo familiar for saudável e tiver regras claras, isso pode passar para os negócios e poderá dar certo
O casamento e a chegada dos filhos somam uma preocupação a mais na vida dos chefes de família, que sempre pensam no melhor para seus sucessores. Essa ideia acaba gerando apostas na abertura de negócios próprios. De acordo com Conceição Morais, analista de orientação empresarial do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), existem várias moderações de negócios de família. Se o núcleo familiar for saudável e tiver regras claras, isso pode passar para os negócios e poderá dar certo. Mas é necessário que haja um processo educacional dentro da empresa.
A exemplo do sucesso que pode alcançar uma empresa de família, em 1963 surgia um novo empreendimento no Recife. A loja Figueiras Calçados nasceu de um trabalho permanente e sacrificado do atual presidente José da Costa Figueiras, que veio de Portugal trabalhar com seu tio, e em pouco tempo, mas de muito aprendizado, decidiu montar uma loja em Casa Amarela. Os fundos do ponto comercial serviam como residência para a família.
Um dos sucessores do pai, que hoje comanda a empresa que já possui 14 unidades, é Klécio Figueiras. O filho conta sobre a importância do apoio da família no nascimento do negócio. “Na verdade, desde pequenos fomos acostumados a trabalhar na loja. Quando entrávamos em férias, éramos obrigados a acompanhar meu pai para aprender a desde cedo dar valor ao trabalho. Ele nunca nos deu nada de mão beijada, sempre ensinou que só através do trabalho honesto poderíamos ser alguém na vida. Hoje, realmente, eu percebo quão valiosas foram as lições que ele sempre fez questão de nos ensinar”. Como resultado de um projeto que nasceu no ambiente familiar, a empresa já existe há quase cinquenta anos e terá uma unidade inaugurada em Camaragibe, no mês de outubro. Com a conquista, o empreendimento completará 15 unidades localizadas entre bairros do Grande Recife e Região Metropolitana.
Mas suceder uma empresa não é tarefa fácil, nem rápida. A analista de orientação do Sebrae, Conceição Morais, explica que “é importante que o sucessor não seja só um ‘chefe’, mas que ele passe por vários cargos para entender melhor a empresa. É indispensável também que ele passe por outra empresa antes de assumir os negócios da família. Isso trará uma visão mais ampla do que a empresa precisa. De fato, a maioria das microempresas nasce de um ambiente familiar, já que a ideia geralmente surge de marido e mulher. É importante que pais que têm uma empresa envolvam, de alguma forma, os filhos para que eles sempre estejam por dentro do assunto e deem continuidade no futuro".