Ciência sem Fronteiras é alvo de crítica nas redes sociais

Estudante da UFPE, que está há quatro meses em Londres através do programa, alega estar desde o dia 20 de dezembro sem receber auxílio financeiro da Capes

por Priscilla Costa sab, 12/01/2013 - 13:57

Promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o programa Ciência sem Fronteiras tem sido alvo de críticas nas redes sociais. Em depoimento divulgado nessa quinta-feira (10), na página oficial do Facebook, a estudante de design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Anna Priscilla de Albuquerque, que está há quatro meses em Londres através do programa, alega estar desde o dia 20 de dezembro sem receber auxílio financeiro da Capes. 

“Antes da minha viagem, eles depositaram na conta, três mensalidades no valor de 416 libras e o dinheiro da passagem aérea, mas depois disso, não obtive novas notícias de como e quando seriam efetuados os reajustes. No mês de agosto, a Capes me informou, por e-mail, que eu receberia o aumento 1200 libras referente aos três meses, mas isso não foi feito. Eles estão depositando dentro do prazo, mas sem os reajustes prometidos durante acordo feito antes de eu embarcar”, declara na postagem que já recebeu mais de 700 compartilhamentos e 634 likes até o momento.

Os estudantes em Londres recebiam 416 libras por mês e deveriam ter um adicional de 400 libras, repassado aos bolsistas que moram em cidades "caras".

“São 2 mil libras de retroativo mais as mensalidades de fevereiro e março no valor de 816 libras, cada. É essa quantia que eles devem pagar não só a mim, mas aos outros estudantes que estão na mesma situação que a minha”, completa.

Desde a entrada no visto, os problemas com o valor da bolsa estabelecida para os alunos que estudariam em Londres, tornou-se um problema para a estudante. O valor somado de todos os benefícios oferecidos precisou ser ajustado e negociado com a UK Border Agency (UKBA), agência que simplifica o processo de aplicação para visto estudantil, para que os vistos fossem, enfim, emitidos. “Além de tudo isso, houve casos de pedidos que precisaram ser reenviados”, diz.

A Capes esclareceu que os alunos ofertados com a bolsa iriam receber auxílio financeiro por um ano, com custos referentes às taxas escolares, bolsa integral exclusivamente ao aluno, auxílio instalação, seguro-saúde, auxílio deslocamento ou passagem aérea de ida e volta em classe econômica promocional e auxílio material didático.

“Eu e meus companheiros de estudo estamos longe de casa, em uma cidade cara, com uma moeda absurdamente mais valorizada que de nosso país, com contextos diferentes. Em minha universidade, todos os alunos recorreram ao auxílio oferecido pela instituição, no valor de 500 libras. Peguei empréstimos com eles e agradeço muito a ajuda. Vou recordar disso para sempre. Eu só não estou passando fome porque, desde dezembro, estou sendo ajudada pelo companheiro que conheci na cidade de Londres”, desabafa a estudante.

Segundo Anna Priscilla, “a Capes ainda exigiu a duas estudantes que enviassem um e-mail para o governo brasileiro atestando que não estão passando necessidade nenhuma. A Capes é um órgão que boicota a impressa brasileira, mas isso não vai calar a minha boca”, afirma.

Mas, mesmo assim, Anna Priscilla ainda afirma ter esperanças. “Eu acredito no meu governo, eu acredito no meu país, acredito que se a minha presidenta falou que é para nos pagar, assim será feito, por que é o nosso direito. Eu, como cidadã brasileira, não vou admitir que nenhum órgão me trate com tom de ameaça e censura por eu e meus colegas estarem passando por uma situação difícil.”

A Capes informou que parte dos bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras ainda não recebeu o benefício adicional dado a quem estuda em 96 cidades com alto custo de vida. Regulamentado em 11 de dezembro, o pagamento, que chega a 2 mil libras (aproximadamente R$ 6.500), começou a ser feito em janeiro. 

Segundo a Capes, 1.364 bolsistas já receberam a parcela retroativa, mas há um grupo de menos de mil alunos ainda não contemplado. De acordo com o presidente da Capes, Jorge Guimarães, ninguém ficou desamparado e que as bolsas propriamente ditas estão em dia. As parcelas retroativas deverão ser quitadas até a semana que vem.

CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS - Lançado em dezembro de 2011, o programa já concedeu 16.788 bolsas de estudos, sendo 8.762 da Capes e 8.036 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O objetivo é promover, de maneira acelerada, a expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, por meio do intercâmbio de estudantes, professores e pesquisadores.

A meta é oferecer 101 mil bolsas até 2015. Serão 75 mil por parte do governo federal e o restante com ajuda da iniciativa privada. A expectativa até o fim de 2012 é chegar a 20 mil bolsas, com investimento aproximado de R$ 1,12 bilhão.

 

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