Grandes eventos exigem capacitação

A necessidade de gerar e ampliar negócios com as Copas das Confederações e do Mundo tem estimulado capacitações para empresas e autônomos de diversos setores da economia

por Priscilla Costa sab, 16/03/2013 - 07:38

Com a aproximação das Copas das Confederações e do Mundo, a corrida pela qualificação vem se intensificando, principalmente, entre empresários e profissionais que se envolvem nos setores comercial, de serviços, com destaque para o turismo, e da construção civil, com a chegada de novos empreendimentos.

Segundo informações da gerente de desenvolvimento territorial do Sebrae em Pernambuco, Roberta Correia, foi preciso aplicar diagnósticos em empresas de diversos setores com a finalidade de identificar quais pontos precisavam ser trabalhados para, então, proporcionar um melhor atendimento à demanda de turistas com a chegada da Copa. “Primeiramente, nós realizamos a matriz de competitividade, em que medimos o nível de gestão do empreendimento e diagnosticamos os pontos que vamos focar, de acordo o segmento da empresa, para que ela melhore na qualidade do atendimento e torne-se mais competitiva. Após feito isso, realizamos a segunda parte que é o diagnóstico de mercado, onde nós vemos se, de fato, a empresa tem condições de comercializar seu serviço dentro ou fora do Estado. Até ano passado, cerca de 450 empresas já foram diagnosticadas”, afirmou.

De acordo com mapeamento feito pelo Programa Sebrae 2014, só na capital pernambucana, foram levantadas oportunidades nos setores de tecnologia da informação (TI), construção civil, têxtil e vestuário, artesanato, turismo, comércio varejista, agronegócios e serviços.

“A Copa do Mundo da Fifa vai trazer um aumento de demanda significativo e temos que estar preparados, não apenas do ponto de vista quantitativo, mas qualitativo também. Nosso legado é preparar os empresários sobre questões de inovação, como eles podem gerir novos negócios durante esses grandes eventos para, assim, tornar-se uma empresa competitiva que oferece serviços com qualidade de ponta”, disse Roberta.

Sobre alguns setores, a gerente explicou como estão sendo feitas as capacitações. “No caso da área de artesanato, nós já conseguimos capacitar cerca de 80 artesãos para a criação de souvenirs que possam ser comercializados durante a Copa, para que os turistas possam levar alguma obra que represente o nosso País. Já em bares e restaurantes, abordamos a questão da alimentação e qualidade no atendimento. Vale salientar que nove unidades já estão em processo de certificação pela ABNT. No geral, nós mostramos como cada empresa pode melhorar o atendimento de acordo com o segmento dela”, explicou.

Ainda de acordo com a gerente, até a chegada de 2014, o programa pretende capacitar mais de mil micro e pequenas empresas, além de empreendedores individuais em todos os estados nordestinos, em especial, nas regiões metropolitanas. “Para que a empresa participe, basta ela procurar a sede do Sebrae mais próxima. Lá, o empresário vai ser orientado sobre os serviços disponíveis de acordo com o perfil do empreendimento dele”.

Roberta Correia também ressaltou a importância de uma empresa se capacitar para não ficar atrás das demais. “O empresário que não procura inovar, não avança e estagna em relação às outras empresas, pois, durante uma capacitação, ele não só aprende a gerir, mas a ter uma visão de futuro para o seu negócio. Como programa finalizaremos nossas atividades em 2014, mas o que eles vão aprender vai servir de legado para a vida toda, sem dúvida alguma”, concluiu a gerente.

Em parceria com o Ministério do Turismo, a Secretaria de Turismo de Pernambuco (Setur-PE), através da Empresa de Turismo do Estado (Empetur), também vem desenvolvendo ações focadas nos grandes eventos de 2014. Em uma delas, destaque para o Projeto Pronatec Copa na Empresa, que consiste na qualificação da mão de obra focada no segmento turístico.

Os municípios do Recife, Cabo de Santo Agostinho, Igarassu, Ilha de Itamaracá, Tamandaré e Caruaru são os locais contemplados pelo programa. Entre as capacitações ofertadas pelo Pronatec estão cursos de inglês aplicado a serviços turísticos, camareira e recepcionista em meios de hospedagem, padeiro e confeiteiro, auxiliar de cozinha, monitor de recreação, agente de informações turísticas e garçom.

“O Pronatec contempla os funcionários das empresas do setor de turismo e as aulas são ministradas no próprio local de trabalho, onde as turmas deverão ter no mínimo 20 alunos. Para cada hora qualificada o funcionário recebe uma bolsa de R$ 2”, explicou a gestora executiva da Setur-PE, Jane Mendonça.

“Nosso objetivo principal é fazer com que os funcionários tenham uma atenção redobrada com o turista. Temos que aproveitar esse momento para melhorar o atendimento e não deixar cair o nível de serviço, inovar e trazer qualificação. É uma forma de proporcionar também ao funcionário não só conhecimento, mas também qualidade curricular”, completou.

Capacitação para taxistas

O programa gratuito Taxista Nota 10, do Sebrae em parceria com o Sest e Senat, é uma oportunidade para que os taxistas possam, também, se qualificar para melhorar a gestão do seu negócio, visando bom atendimento ao cliente e aumento nos níveis de lucratividade e aprimoramento do seu serviço.

De acordo com a gerente Roberta Correia, “o taxista acaba sendo o primeiro contato do turista, então, é importante capacitá-lo para que ele atenda o turista de forma personalizada não só durante a Copa, mas depois também”, declarou.

O estudo é feito através de um CD, em que o taxista pode ouvir e estudar, durante um ano e três meses, de acordo com sua disponibilidade de tempo. “Após esse prazo, é feito um teste presencial para avaliarmos se o taxista está apto para ter o primeiro contato com uma pessoa que fala outro idioma. Se ele estiver, recebe uma etiqueta que será adesivada ao carro. É uma forma de aumentarmos a visibilidade do taxista no mercado e diferenciá-lo aos olhos do turista”, explicou.

Segundo o taxista Ezequias da Silva, o treinamento é interessante, mas o aprendizado fica comprometido porque não conta com a ajuda de um professor. “No início, foi difícil acompanhar as aulas por conta da pronúncia muito rápida. Mas, um vizinho que sabia inglês me ajudou a esclarecer as dúvidas”, contou. Ainda, de acordo com Silva, a formação já tem alcançado bom resultado na sua rotina de trabalho. “Recebo cada vez mais indicações dos profissionais dos hotéis para fazer corridas com estrangeiros”, salientou.

Além disso, são entregues, mensalmente, pelos Correios, jornais que trazem dicas sobre manutenção do veículo, pontos turísticos, atendimento personalizado ao passageiro, conservação do táxi e cidadania.

Ao contrário do Sebrae, a Secretaria de Turismo desenvolve o Projeto Taxista Amigo que consiste na realização de aulas presenciais, em locais próximos aos principais pontos de táxi, onde são disponibilizados dez computadores em cada Telecentro. “Ao final do curso o taxista que obtiver o mínimo de 70% de aproveitamento será contemplado com um tablet aplicativo de informações turísticas do Estado”, afirmou a gestora Jane Mendonça.

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