Evangélicos são os novos clientes de produtos eróticos
Para não inibir esse público, os vendedores de objetos sensuais precisam ser habilidosos no ato da comercialização
A comercialização de produtos eróticos não é mais novidade e sim é um segmento concretizado e que cada vez mais ganha espaço no cenário brasileiro. O público consumidor é diverso, formado por heterossexuais, gays e bissexuais. Além desses, para quebrar uma imagem antiga e preconceituosa, os evangélicos também passaram a consumir bastante os produtos oriundos dos sexshops.
“Tenho 49 anos, sou casada. Há 29 anos, sou evangélica e nunca tinha parado para pensar em produtos eróticos. Mais ou menos três anos atrás, após uma amiga oferecer os produtos no trabalho, comecei a usar objetos eróticos. Acho que é uma necessidade para melhorar a relação entre eu e meu marido”, conta Betânia Alves Pessoa. Ela é uma das consumidoras evangélicas que não considera “pecado” usar o erotismo para “apimentar” a relação e, atualmente, é compradora assídua desses produtos. “Eu observo que esses brinquedos não são pecaminosos. Eles nos ajudam a manter o casamento com alegria. Por isso, recomendo aos evangélicos que querem usar, mas, têm vergonha”, finaliza Betânia.
Porém, não são todos os evangélicos que se sentem a vontade para comprar esses produtos. Algumas congregações são bem exigentes e condenam alguns atos ligados ao sexo, fato que inibe quem é da igreja e já pensou em usar os brinquedos. Para mudar essa situação, o papel do vendedor é muito importante para deixar o cliente tranquilo e esclarecer que ele pode consumir o produto como qualquer outra pessoa.
Silvia Silva de Jesus, 39, é professora de educação física, mas, nas horas vagas, vende produtos de sexshop de porta em porta. Dos cerca de 30 clientes, cinco são evangélicos e consumidores contínuos dos "brinquedos". “O evangélico também gosta de sentir prazer. Não há uma diferenciação entre eles e as outras pessoas. O problema está na mente fechada de alguns, que, por vergonha, não compram e, às vezes, criticam”, comenta a comerciante.
De acordo com a vendedora, no momento da escolha dos brinquedos, geralmente, os evangélicos solicitam privacidade. Em alguns, marido e mulher compram juntos. “Tenho uma malinha cheia de produtos. Alguns clientes nem pedem para eu mostrar os brinquedos, porque eles já sabem o que querem e pedem logo”, explica.
Ainda segundo Silvia, os produtos mais consumidos pelos “crentes” são canetas que escrevem na pele, um líquido chamado gota do prazer, géis, e até mesmo fantasias. Os preços variam de R$ 5 a R$ 150.
Manual Gospel para sexshops
Recentemente, a Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico Sensual (ABEME) deu início a um estudo com os distribuidores e vendedores de produtos para evangélicos. A ideia é seja criado um manual de orientação para o comércio de brinquedos eróticos levando em consideração os conceitos bíblicos.
A presidente da ABEME, Paula Aguiar, destaca que o público evangélico vem consumindo bastante os produtos e, por isso, é necessário um atendimento específico. “É preciso haver uma capacitação apropriada dos profissionais do setor para atender este público. São necessários conhecimentos sobre sexualidade humana, um estudo profundo sobre produtos íntimos, sensuais e eróticos, e, principalmente, sobre a Bíblia”, frisa Paula, conforme informações da assessoria de comunicação da Associação.
De acordo com dados da ABEME, no Brasil, os maiores consumidores de produtos sensuais são as mulheres. Na maioria das vezes, elas compram produtos que necessitam ser usados a dois e que, em 90% dos caos, não possuem teor pornográfico.
Interessados em ter outras informações sobre o Manual Gospel podem entrar em contato com o e-mail atendimento@abeme.com.br.