IPMN mostra que 15% dos alunos estudam e trabalham

Pesquisa do Instituto Maurício de Nassau (IPMN) identificou que parte dos alunos do ensino médio de Recife, além de ir à escola, também desenvolvem alguma atividade profissional

por Wagner Cesário sab, 22/06/2013 - 14:05

De segunda a sexta-feira, às 4 horas da manhã, Franklin Ramos, de 19 anos, acorda e começa uma jornada extensa que envolve trabalho e estudo e encerra somente às 23h. Logo cedo, ele distribui jornais, em seguida, vende planos de consórcio e, no início da noite, vai à escola Joaquim Xaxier de Brito, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, onde cursa o ensino médio.

Essa realidade é parecida para 15% dos 520 estudantes, entre 14 e 20 anos, entrevistados pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), no estudo “O que pensa os jovens do ensino médio da rede pública? Valores, crenças e demandas”. A pesquisa foi realizada no último dia 3, em 26 escolas do Recife que preparam e formam alunos do ensino médio.

Para Ramos, encarar essa rotina não é fácil, porque há um desgaste físico e mental que, às vezes, inviabiliza a ida à aula. “Trabalho desde os 16 anos e nem sempre é possível ir à escola depois de enfrentar um dia cansativo de atividades. Inclusive, quando há viagens para cidades, como Vitória de Santo Antão, o trânsito e a distância dificultam a minha chegada no horário”, considerou.

Entre as situações que atrapalham o processo de ensino aprendizagem, segundo a pedagoga Fabiana Nascimento, está o cansaço provocado pela falta de noites bem dormidas, que, em consequência, faz o aluno perder a concentração. A escola, por sua vez, tem um papel importante nesse contexto. Para a pedagoga, é necessário o acompanhamento diário, por parte dessas instituições, desses alunos que precisam conciliar essas atividades. “Sempre que percebemos situações desse tipo, chamamos o aluno para uma conversa e ajudamos no possível, elaborando horários de estudo. E sentimos que os próprios alunos, conscientes da condição, acabam se esforçando mais, dão um pouco mais de si aos estudos”, destaca a pedagoga.

E nesse sentido, segundo o estudante Ramos, a escola tem cobrado a frequência e o tem ajudado para não deixar de estudar. Além disso, ele ainda credita ao apoio da família o fato de continuar na escola. “Os meus pais e minha namorada sempre me incentivam para que eu continue”. A expectativa dele, com a conclusão do Ensino Médio, é conseguir um emprego melhor, ingressar no ensino superior e cursar publicidade.

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