Sisu, UFPE, Enem, UPE... Descubra como passar em medicina

O que muda na forma de se preparar para um dos cursos mais concorridos do Brasil

por Danilo Galindo ter, 22/04/2014 - 12:45

Não há mais o que contestar. Com a adesão pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), os estudantes que pretendem ingressar na instituição devem se preparar, mais do que nunca, para prestar um bom Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No Sisu, candidatos de todo o Brasil podem concorrer a uma vaga nas unidades de ensino parceiras, com o Enem como único método avaliativo. Segundo dados do Ministério da Educação, 50 dos 59 centros universitários federais utilizam o Sisu como forma de ingresso.

Entre os pontos positivos levantados está a humanização do profissional, que vai ser avaliado em mais matérias do que apenas as específicas de seu curso. Por outro lado, o Sisu aumenta a concorrência, além de o Enem ainda sofrer com algumas falhas em sua aplicação. Para o curso de medicina, tradicionalmente um dos mais concorridos do Brasil, a novidade na federal pernambucana tirou o sono de muitos estudantes. O que vai mudar na forma de estudar? 

A principal mudança na forma de estudar para o Enem é a interdisciplinaridade. Além de estudar todas as matérias, o estudante precisa relacionar o conteúdo aos principais assuntos do dia a dia. “O aluno tem que ser incentivado a ler jornal todo dia, os professores são estimulados a trazer coisas novas para a aula. É preciso ficar por dentro do que acontece, porque isso é cobrado na prova”, conta Berta Biondi, diretora pedagógica do Colégio Núcleo.

Para o professor Fernando Brandão, do curso Fernandinho & Cia, referência na preparação de alunos para o vestibular de medicina, a alteração no processo seletivo da Federal não foi uma surpresa. “Já vínhamos antecipando a mudança. Muitos cursos já vêm focando no Enem. Foi apenas uma consolidação do que vinha sendo feito”, comenta. No curso de Fernandinho, os alunos já recebiam uma preparação de matérias integradas, com a preocupação de relacionar os conteúdos, da mesma forma que é explorada no exame nacional. Logo após o anúncio da adesão, o curso aplicou 54 simulados com 45 questões cada, ao modelo do Enem. “Queremos que nosso aluno se adapte ao exame”, comenta Fernando. 

A preocupação dos estudantes com a mudança é grande, mas há uma confiança quanto à consolidação do Enem como método avaliativo. “Quem não é bom aluno não entra em medicina pelo Enem”, comenta Vitória Albuquerque, 17 anos, que atualmente cursa o terceiro ano do ensino médio no Colégio Núcleo. “O vestibular tradicional da UFPE cortava quem não sabia os mínimos detalhes. Já o Enem tem uma visão mais geral”, comenta a estudante. 

 

TRADICIONAL X ENEM

Apesar de atualmente o foco da maioria dos estudantes e instituições de ensino ser o Enem, os vestibulares da Universidade de Pernambuco (UPE) e das faculdades de medicina privadas continuam com o modelo tradicional. “A dificuldade pra gente agora vai ser se dividir. Estudar para a visão tradicional da UPE e para a do Enem ao mesmo tempo”, conta Giovanna Brito, 17, estudante do Colégio Núcleo que também quer uma vaga no curso de medicina. 

Maria Carolina Mota, de 19 anos, passou no curso de medicina da UPE em 2014. Segundo ela, a adesão ao Sisu vai ser positiva também para os alunos que desejam ingressar na UPE. “O vestibular da UPE tenta se aproximar do Enem, o tipo de prova é parecido. A avaliação da UFPE que era muito tradicional. Agora, os estudantes podem se preparar para o Enem e, ainda assim, ter um bom resultado na UPE”, diz Carolina. 

Apesar de toda a mudança de foco, a preparação e o empenho dos estudantes não devem sofrer grandes alterações. “O estudante que pretende cursar medicina deve ter uma grade de estudos bastante variada. Ele deve estar sempre preparado para tudo. O bom estudante tem domínio de todas as matérias”, explica Fernando Beltrão.

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