Cerveja e mulheres: a busca pelo sabor que virou negócio

Novo negócio atrai pessoas de todas as idades

por Danilo Galindo ter, 29/04/2014 - 12:31

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Quem tem aquela visão machista de que mulher não entende nada de cerveja está muito enganado. Um grupo de paulistanas vem mostrando que quem tem preconceito só tem a perder. O gosto pela culinária e a paixão pela bebida originária da cevada impulsionaram a vontade de produzir a própria cerveja, seja para comercialização ou apenas para presentear amigos e parentes. 

A administradora Aparecida Cappi, 56 anos, produziu sua primeira cerveja em 2009 e desde então não parou de fazer sua “breja” artesanal, a qual batizou de Mama Bier. A mestra-cervejeira começou na cozinha de casa, produzindo 20 litros por leva; agora, a produção foi incrementada. “Hoje tenho uma cozinha de brassagem semiautomática com capacidade de 50 litros, mas que me dá menos trabalho do que quando fazia na panela”, comenta.

Kethlyn Justo descobriu um mundo novo quando, durante uma viagem, ficou hospedada em um hotel que só vendia cerveja artesanal. A engenheira química de 22 anos resolveu investir em cursos sobre cerveja, onde aprendeu a produzir sua própria bebida. Hoje, é funcionária do Lamas Brew Shop, empresa especializada na comercialização de itens necessários para a produção artesanal de cerveja. “Beber a própria cerveja é beber a melhor cerveja do mundo”, conta Kethlyn. 

O gosto pela cerveja varia de pessoa para pessoa, mas engana-se que mulher só gosta de bebida fraca. “Gosto de cervejas bem lupuladas, adoro o aroma e o sabor do lúpulo. Não gosto quando falam que mulheres só gostam de cervejas fracas, as famosas cervejas de mulherzinha”, assume Natalia Bichara, 25 anos, estagiária do Lamas Brew Shop. O curso de engenharia de alimentos foi o que despertou a vontade de criar a própria bebida em Natalia, que pretende se profissionalizar no ramo de cervejas artesanais. 

Ale Morais, proprietário da empresa de equipamentos de cerveja artesanal que emprega Natalia e Kethlyn admite o crescimento de brasileiras no homebrew, hábito de fazer cerveja em casa, que anteriormente era dominado por homens. O empresário também afirma que muitas empresas e cervejarias importadas têm procurado essas profissionais, que ajudam a quebrar o estigmatizado preconceito das mulheres no ramo etílico. “Quanto mais empresas do setor estiverem dispostas a empregar mulheres cervejeiras, como é o nosso caso, maior ganho teremos na cultura cervejeira”, finaliza Morais.

 

FUGINDO DO "MAIS DO MESMO"

Segundo o Ministério da Agricultura (Mapa), o número de cervejarias artesanais vem crescendo graças ao interesse maior por outras modalidades da bebida. No Brasil, o tipo de cerveja predominante nos bares e supermercados é a tradicional Pilsen. 

Um último levantamento realizado pelo Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos (Sipe-Mapa) contabilizou o número de 232 cervejarias registradas no país, que produzem 1.110 tipos de cerveja diferentes. De acordo com o Mapa, o número de pessoas que produzem sua própria cerveja pode ser maior, já que não existe uma classificação específica para bebidas artesanais.

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