Os benefícios da contação de histórias para crianças

O hábito de ler para os pequenos traz benefícios para a relação familiar e para a intelectualidade da criança, afirmam especialistas

por Camilla de Assis qui, 16/04/2015 - 15:38
Camilla de Assis/LeiaJáImagens A jornalista Rebeca Santos faz questão de contar histórias para a filha Maya Machado, antes da pequena dormir Camilla de Assis/LeiaJáImagens

A contação de histórias para as crianças é, sem dúvida, uma forma de instigar a imaginação e criatividade dos pequenos. Com a correria do dia a dia, poucos são os pais que ainda têm tempo e disposição para ler os livros, que, muitas vezes, trazem um mundo de fantasia para os garotos e garotas. Mas, tal prática deve ser considerada no cotidiano familiar, já que traz benefícios tanto para a relação entre pais e filhos, quanto para a o aprendizado e comportamento social das crianças. 

 A psicóloga Priscilla Quaresma explica que o trabalho de leitura feito pelos pais para as crianças é uma forma de interação entre os familiares, e traz inúmeros benefícios para o comportamento infantil. “As crianças que têm o costume de ouvir as histórias têm, além de uma ligação afetiva maior com quem conta, o desenvolvimento e gosto pela leitura aguçados”, diz a especialista. Priscilla ainda afirma que os pais devem, além de contar histórias, ter o hábito pessoal de leitura. “Para desenvolver esse desejo de ler nos pequenos, os pais têm que demonstrar que também gostam da leitura. Afinal, as crianças absorvem muito aquilo que veem nas suas referências, ou seja, seus responsáveis”, afirma Quaresma.

A jornalista Rebeca Santos, 31, há um ano é habituada a contar histórias antes de dormir para a filha Maya Machado, de três anos. A menina está acostumada a apenas cair no sono após ouvir um conto e, segundo a mãe, quando isso não acontece, a pequena sente falta. “Quando eu não conto histórias, ele pede para que alguém conte. Eu vejo que não é algo exclusivo do relacionamento materno, mas um gosto pessoal dela sobre a leitura”, relata a jornalista. 

Segundo a mãe, a menina, que já era criativa, ficou ainda mais após o hábito de ouvir as histórias. “Ela cria os próprios contos, veste roupas que têm a ver com eles, pega os livrinhos e simula uma leitura”, conta Rebeca Santos. A mãe de Maya disse que a iniciativa surgiu depois que viu nos sobrinhos a importância que a contação de histórias significava na vida deles. “Eu via meus sobrinhos desenvolvendo a capacidade de raciocínio, criatividade e interesse pelas palavras, então resolvi aplicar isso à minha filha”.

O professor de português Eduardo Pereira afirma que contar histórias para as crianças desenvolve perceptivelmente a cognição infantil. “O livro disputa a atenção com uma infinidade de adversários e muitas vezes são esquecidos pela internet, celular, tablets e computadores. O ato de ler influencia o desenvolvimento cognitivo das crianças”, explica Pereira. Em relação à alfabetização, o educador acredita que o ato de ler para os mais pequenos auxilia pela referência. Ou seja, os meninos e meninas se afeiçoam pelos livros e, durante o processo de aprender a ler e escrever, têm um contato mais íntimo com esses materiais e aprendem de forma exemplar as palavras e a interpretação. 

Eduardo Pereira confessa que precisou praticar o hábito de leitura com a filha adolescente. A menina não tinha o hábito de ler, então o professor resolveu ler juntamente com ela. “Eu resolvi praticar leituras que fossem de interesse dela, como a saga de Percy Jackson, e ao final de cada capítulo debatíamos sobre o que cada um tinha lido. Atualmente, ela é uma leitora voraz e lê até mais que eu”, conta o educador. 

Algumas empresas estimulam a leitura para as crianças. O Banco Itaú, por meio do programa Itaú Criança, incentiva que pais e responsáveis leiam para os pequenos. A instituição fornece livros infantis gratuitamente. As obras são escolhidas para crianças da faixa etária de 0 a 5 anos e a ideia é que o conteúdo seja repassado para outras crianças. Mais informações podem ser obtidas no site do Itaú.

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