Monalisa: projeto cria conexões entre trans e empregadores

Nascido no Recife, projeto facilita a entrada de pessoas trans no mercado de trabalho

por Nathan Santos sex, 18/11/2016 - 19:20
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo Empregos formais podem diminuir o número de trans na prostituição Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

No momento em que a corrida pelo mercado de trabalho é cada vez mais intensa, ao mesmo tempo que as oportunidades são escassas em época de retração econômica, um projeto idealizado na capital pernambucana ganhou vida a partir da luta pela igualdade de gênero. Denominado ‘Monalisa’, o projeto, criado e validado neste semestre no Startup Weekend Recife Comunidades, busca ligar empresas que oferecem emprego a transexuais que sonham em ganhar espaço no mercado de trabalho.

Monalisa venceu o Startup Weekend. No seu histórico, guarda uma conexão de sucesso entre Perolla Rayssa, trans de baixa renda moradora da Comunidade do Pilar, área central do Recife, e a rede Julietto, atuante no ramo de gastronomia. Esse caso, entretanto, ainda é o único registrado pelo empreendimento, pois algumas companhias, apesar de apoiarem a ideia, ainda não se mostraram disponíveis a contratar transexuais. 

Idealizada pela jornalista Raíssa Ebrahim, além da desenvolvedora Fernanda Almeida, da cientista social Mayara Menezes e da psicóloga e mulher trans Céu Cavalcanti, Monalisa é uma plataforma online. Por meio do site, há sugestões de pontes entre transexuais e empregadores, bem como o projeto busca compartilhar histórias que destacam a importância da inclusão social e da geração de oportunidades igualitárias de emprego.

“Monalisa também oferece apoio psicológico para trans e travestis e capacitação empresarial para que as empresas sejam capazes de construir uma inclusão real, com afeto e respeito. Outro grande diferencial é o Selo Monalisa, que está sendo criado e será atestado para mostrar que empresas são amigas da visibilidade trans. Essa população ainda é enxergada pelas lentes de estigma muito forte e enfrenta uma realidade de preconceito, não aceitação familiar, baixa escolaridade, network restrito”, destaca Raíssa Ebrahim.

Empresas e demais empregadores interessados em firmar conexões podem acessar o site da Monalisa. No mesmo endereço virtual há detalhes do funcionamento do projeto, além do passo a passo para quem busca ou pretende oferecer emprego.

Drama nos números

Levantamento realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) aponta que 90% das pessoas trans e travestis ingressam na prostituição. Essa, segundo o estudo, é a única alternativa de sustento financeiro desse público.



De acordo com a ONG Transgender Europe (TGEU), o Brasil é o país que mais mata trans e travestis em todo o mundo. No mais recente cálculo, de 2008 até março de 2014, 604 mortes foram registradas em solo brasileiro.  

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