Programa forma turma de mulheres trans em Alagoas

A iniciativa partiu do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) e oferece um curso de pintura de obras a mulheres em situação de vulnerabilidade em regiões pobres da capital Maceió

por Lara Tôrres seg, 22/05/2017 - 12:12

Um grupo de seis mulheres trans de Maceió, capital de Alagoas, está abrindo caminho para a entrada no mercado de trabalho na pintura de prédios através da qualificação profissional, da inclusão econômica e do enfrentamento ao preconceito de gênero. A Turma da Diversidade programa ‘Mulheres Mil’, realizado pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com o Instituto Federal de Alagoas (IFAL), elaborou um projeto junto a moradoras de Benedito Bentes, um bairro carente de Maceió.

“Promover a capacitação de mulheres transexuais e travestis por meio do programa Mulheres Mil é oferecer oportunidade de inserção ao mundo do trabalho e de inclusão social para pessoas em situações de vulnerabilidade não só em Alagoas, como em todo o país”, avaliou a secretária de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Eline Nascimento.

A aluna Isadora Alves da Silva tem 35 anos e tem expectativas positivas sobre o projeto. Para ela, ter uma profissão pode ajudar mulheres trans a serem tratadas com mais respeito. “Acho que, com o curso, as pessoas podem ver a gente com outros olhos”, disse ela. Assim como muitas de suas colegas de turma, Isadora teve que interromper os estudos para ajudar financeiramente a família e precisou se prostituir para sobreviver porque o preconceito tornava muito difícil conseguir um emprego. Hoje Isadora é cabeleireira e busca novos caminhos através do curso de pintura de obras. “Quanto mais [capacitação] a gente tiver no currículo, melhor”, considerou.

Drika Guedes tem 25 anos e já decidiu que vai se dedicar à pintura artística de ambientes. “Inicialmente eu não tinha interesse neste curso, mas, como trabalho com desenho, sou maquiadora, achei viável”, disse. “A parte prática é muito boa. Ensinam o modo certo de desenhar”.

A ideia de criar a Turma da Diversidade veio de uma demanda apresentada ao IFAL pela gestora do Pronatec Mulheres Mil, Luiza Jaborandy. “Desde o início, tínhamos uma ou outra trans que nos procuravam, mas não sabíamos como agir, porque o programa é todo personalizado para mulheres”, lembrou. “Para abrir a turma, preparamos todos os educadores e ensinamos as outras mulheres a respeitar as diferenças. Então, foi uma experiência muito rica”, disse ela. A turma concluirá os estudos no final deste mês de maio.

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