Olinda terá apoio de 'cães doutores' na educação especial

O projeto 'Bolinha de Pelo' levará cães treinados para prestar apoio terapêutico em seis escolas municipais com salas multifuncionais para estudantes com deficiência

por Lara Tôrres ter, 03/04/2018 - 13:27

A partir da próxima quinta-feira (5), seis escolas da rede municipal de ensino de Olinda contarão com o apoio de cães treinados para oferecer apoio terapêutico a estudantes com deficiência de todos os tipos, transtornos, dificuldades de comportamento e também depressão. Os cães voluntários e seus donos irão quinzenalmente ajudar professores especialistas em educação especial a desenvolver atividades com os alunos nas salas multifuncionais de apoio especial.

Além das 100 crianças que estudam nas instituições beneficiadas, estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) que tenham aula nos turnos matutino e vespertino também podem ser beneficiados. O projeto Bolinha de Pelo nasceu quando Max, que é um dos cães de Cássia Leôncio, mudou de comportamento após sua dona enfrentar um problema de saúde. A servidora da Secretaria de Educação de Olinda conta que, depois da ajuda de seu cachorro, quis ajudar outras pessoas.

“Em 2015 tive necrose na cabeça do fêmur e coloquei uma prótese. Max começou a ter um tratamento diferente comigo, me tratava com mais carinho, era mais presente, participava da fisioterapia. Decidi escrever o projeto para ajudar pessoas com deficiência”, disse Cássia, que fundou e coordena o Bolinha de Pelo. O projeto tem esse nome em homenagem a Max, que parecia uma bolinha de pelo quando era filhote, de acordo com a sua tutora.

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Ampliação

O projeto começou há cerca de um ano e meio, com o próprio Max, na escola Caique Norma Coelho, no bairro de Peixinhos. Com a chegada de Mel (que é irmã de Max), Aurora, Justin, Raio de Sol e Luna, todos cães adultos da raça Golden Retriever treinados para prestar apoio às crianças, o projeto pôde ser ampliado e atenderá a seis instituições de ensino (Claudino Leal, Izaulina de Castro, Coronel José Domingos, Lions Dirceu Veloso e Promenor).

Cássia explica que todo o processo é feito de forma lúdica, de modo a proporcionar um momento que seja tranquilo e prazeroso tanto para o animal como para as pessoas envolvidas no processo. “Através do lúdico, a gente desenvolve a questão psicológica, motora, emotiva, pedagógica, tudo isso o projeto abrange. Não é apenas uma brincadeira, apesar de eles adorarem tem todo um planejamento. As crianças já começam a querer pegar, abraçar, a criança introspectiva, que sofre bullying pela deficiência, esquece tudo isso. Eles criam um elo com o cão que às vezes nós como humanos não conseguimos”, afirmou a fundadora do projeto.

Cássia também explica que não é apenas no ambiente escolar que o avanço é percebido, sendo possível beneficiar todo o núcleo familiar das crianças através do contato com os cães do Bolinha de Pelo. “a escola é beneficiada, a criança é beneficiada, os pais são beneficiados, a sociedade é beneficiada com o avanço desses estudantes”, explicou ela.

Como ajudar?

Para ser um 'bolinha de pelo', o animal e seu dono, como pré-requisito, têm que fazer parte do projeto Cães Doutores, que também é voluntário e leva cães treinados para prestar apoio terapêutico em instituições de saúde como a Associação Afeto, Hospital das Clínicas, Hospital Barão de Lucena, Associação Novo Rumo, Comunidade Rodolfo Aureliano (Craur) e o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP). 

Os coordenadores do Cães Doutores treinam e avaliam tanto os cães como seus donos-voluntários para averiguar se eles cumprem todos os critérios necessários para desempenhar o atendimento aos pacientes e, uma vez que seja um cão-doutor, o animal pode se voluntariar ao projeto Bolinha de Pelo. Questionada a respeito do custeio do projeto, Cássia respondeu que “quem vem com os cães vem por amor e recebem amor de volta. A gente se torna um ser humano melhor, olhando para o outro e vendo as possibilidades dessas pessoas que às vezes estão tão esquecidas”. 

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