Serviços e construção entre as áreas que geram empregos

Segundo o Ministério da Economia, julho foi o quarto mês positivo seguido na geração de novos postos

por Marcele Lima qua, 04/09/2019 - 18:51
Pixabay Serviços e construção civil são as áreas que mais geram empregos no Brasil Pixabay

Existem atualmente no Brasil 12,6 milhões de pessoas desempregadas, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada no final do mês de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto houve uma diminuição na taxa de desocupação que caiu de 12,5% para 11,8%.

Julho foi o quarto mês consecutivo de crescimento na geração de empregos. Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mais recentes trazem a abertura de 43.820 vagas com carteira assinada somente no período. Nos sete primeiros meses do ano, 461.413 pessoas foram inseridas no mercado de trabalho.

De acordo com o secretário de trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, os resultados são positivos em relação a 2018. “Consideramos que o mercado de trabalho tem apresentado sinais de recuperação gradual, em consonância com o desempenho da economia. O governo vem adotando medidas de impacto estrutural e esperamos reflexos positivos no mercado de trabalho”, disse o secretário.

Já para o professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Consultor Empresarial, Ecio Costa, a tendência é que com a retomada do crescimento econômico as empresas voltem a contratar. “Há realmente uma retomada no crescimento no número de empregos, mas ainda é uma retomada muito lenta. A gente está com uma economia crescendo, mas crescendo em um ritmo muito fraco, ainda assim possibilitando a geração de mais empregos do que a demissão de trabalhadores”, disse.

Essas oportunidades foram impulsionadas por algumas áreas e setores bem específicos, que geralmente tem a característica de atrair maior mão de obra quando há um crescimento econômico estimulante, como a construção civil que em 2019 já foi responsável pela absorção de aproximadamente 77.400 pessoas, 18. 721 somente em julho. Tudo isso graças aos subsetores de construção de rodovias e ferrovias, em Minas Gerais e no Pará; construção de edifícios no país e obras de geração de energia elétrica e para telecomunicações em Minas e na Bahia, conforme informações do Ministério da Economia.

“A construção civil, como foi apresentado nos dados do PIB deste ano, apresentou uma retomada de crescimento. Foram 20 trimestres de quedas consecutivas neste segmento e agora, acho que por algumas medidas de liberação de mais crédito e novas linhas da Caixa, estão permitindo uma retomada do setor, mas ele tem acontecido inicialmente no sudeste, do que nas demais regiões do Brasil”, lembra o professor Ecio Costa.  

Já o setor de serviços, tradicionalmente tem um apelo por mão de obra devido às inúmeras áreas que o engloba. É um mercado que representa 70% do Produto Interno Bruto (PIB) Nacional e de Pernambuco e a melhora da economia faz com que os empresários ampliem as contratações. Nos últimos 12 meses houve uma variação positiva de 2,2%, representando 379. 899 admissões com carteira assinada, 8.948 em julho deste ano. As subáreas responsáveis pelo saldo são a comercialização e administração de imóveis, serviços médicos e odontológicos, veterinários, empresas de oferta de crédito, seguros e capitalização e serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação.

Ainda se destacam a indústria de transformação, com 73.775 postos criados em 2019, caminhando para sair do saldo negativo dos últimos meses que foi de - 0,10%. A indústria mecânica, indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico e indústria química de produtos farmacêuticos, veterinários e perfumaria são as que mais incorporam novos profissionais aos seus quadros de funcionários.  

Observando o primeiro semestre desde ano, todas as áreas apresentaram crescimento, mesmo que tímido, como a agropecuária e o comércio, que durante os períodos que antecedem comemorações como o natal, São João, dia das mães, crianças e namorados, costuma criar vagas temporárias.

 “Vale lembrar que a nossa economia, a nossa indústria, nosso setor de serviços, tem características bem diferentes de quando a CLT foi criada há décadas atrás. Então, essa reforma trabalhista trouxe alguma flexibilização, o que vem possibilitando a contratação. Só que a gente está saindo de um momento de crise tem ainda muita incerteza quanto essas reformas que estão sendo aprovadas, tem aspectos internacionais que estão atrapalhando e ainda tem muita insegurança jurídica quanto a essas normas, então tem ajudado, mas acredito que vai ajudar mais no futuro”, salientou Ecio Costa.

Nesta quinta-feira (05), representantes da secretaria de previdência e trabalho do Ministério da Economia devem se reunir com técnicos, economistas e especialistas vão instalar um grupo de trabalho para discutir mudanças nas regras trabalhistas. Patrões e trabalhadores só vão poder opinar sobre as ações depois da conclusão das propostas. Conforme o secretário especial da pasta, Rogério Marinho, o objetivo é modernizar o mercado e incluir profissionais que atuam para serviços de aplicativos como entrega de comidas e transportes.

Em relação aos próximos meses e ao ano de 2020, o professor de economia da UFPE afirma que o desemprego deve entrar em um ritmo de decadência mais acelerado. “O ano de 2019 vai ser mais um ano complicado em termo de crescimento econômico, de geração de empregos, mas algumas coisas estão sendo feitas a nível microeconômico para destravar a economia brasileira. Isso deve repercutir no ano que vem. Há uma expectativa que a economia cresça mais que o dobro do que em 2019. Então isso acontecendo deve também puxar mais a demanda por empregos. Agora vale ressaltar que as novas modalidades de contratações devem também apresentar uma nova dinâmica para o mercado de trabalho brasileiro”, conclui Ecio Costa.

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