História no Enem: assuntos improváveis de cair na prova
Professores dão palpites de assuntos de história que não devem ser abordados no Enem deste ano
A história, disciplina que ao lado de geografia, filosofia e sociologia forma a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, requer dedicação e leitura, sobretudo por ser uma matéria que envolve inúmeros tópicos. Afinal, estamos falando de acontecimentos históricos do Brasil e do mundo. Contudo, com o novo governo e especulações sobre o que vai cair ou não na prova, muitos estudantes devem ficar em dúvida sobre o que priorizar na disciplina em menos de dois meses para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Uma possível tática é estar atento ao que não tem muitas chances de aparecer no exame. O próprio presidente Jair Bolsonaro, bem como o ministro da educação Abraham Weintraub, já declararam que não lerão a prova, mas que há um 'script' de elaboração do exame que deverá ser obedecido, sendo vetados assuntos cujo o viés, segundo eles, são ideológicos.
O professor de história Pedro Botelho acredita que a prova deverá vir mais enxuta e concisa. No entanto, para ele, essas pequenas mudanças não devem interferir no conteúdo da prova, visto que o governo não teve tempo de alterar a estrutura do exame. "Eu acredito que o Enem 2019 vai trazer mudanças mais sutis como a questão da objetividade, o que já era esperado. Existe uma corrente de professores que acredita que o Enem não deve retirar determinados assuntos, pois não houve tempo do novo governo fazer tais alterações. Eu sou mais dessa corrente que acha que não vai haver uma mudança tão radical, pois, de fato, mexer numa prova como o Enem, demanda muito tempo”, diz o professor, que também não descarta a possibilidade de que talvez algumas temáticas não sejam pautadas na prova.
Movimentos sociais históricos
De acordo com Pedro Botelho, movimentos sociais como feminismo ou dos direitos civis da população negra, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, não devem cair na prova deste ano, não só pela postura do governo diante desses assuntos, mas pelo fato de serem temas recorrentes nas últimas edições.
“Abordar os movimentos sociais, abordar o MST, movimento estudantil, as ligas camponesas na década de 1960, que têm um peso muito importante na luta contra a ditadura... é muito difícil que seja cobrado, porque já vêm caindo nos últimos anos, e se realmente essa mudança política vai guinar a prova para um outro lado, então, os movimentos sociais talvez não sejam abordados.
Socialismo e Comunismo
O segundo conteúdo lembrado pelo professor que provavelmente não aparecerá na prova de história são questões sobre socialismo e comunismo, que são estruturas políticas e ideológicas e que geralmente apresentam na prova representantes como Karl Marx e Lênin. O comunismo e o socialismo também costuma aparecer em questões de sociologia e história.
“Assuntos que abordam o Marxismo ou o socialismo utópico, bem como os modelos de tendência ou de substituição ao capitalismo que vão surgindo no século 19 talvez não vão cair na prova. Esses impactos e reflexos da revolução industrial, como por exemplo a Primavera dos povos, que foi uma série de revoltas de cunho socialista, em 1848. Então, a Primavera dos povos, que está relacionada ao surgimento do socialismo e do comunismo, é pouco provável que apareça no exame”.
República Populista (1946 – 1964)
De acordo com o professor, seguindo a lógica da mudança de governo juntamente com que já foi cobrado na prova, o cenário político no Brasil durante a república populista (1946 – 1964) que começa com o governo Eurico Gaspar Dutra e culmina no Golpe Militar de 1964, foi marcado por grandes tensões políticas no país.
“Essa república populista que vai ter o Dutra e que vai ter a volta de Vargas, o Jucelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart... esse assunto caiu no ano passado com duas questões sobre o cenário político da época, bem como os partidos políticos, e com uma estão sobre o João Goulart. Pelo teor polêmico do governo de João Goulart ter sido acusado de comunista, ter sido retirado pelo golpe civil-militar, é muito difícil que apareça de novo este ano, porque já foi cobrado em 2018 e se o governo atual for de fato modificar a prova, João Goulart e república populista não vão cair”.
O professor de história Everaldo Chaves também selecionou palpites do que não deve ser visto no Enem deste ano. Para ele, os pensamentos do atual governo podem sim ser refletidos na prova.
Ditadura Militar
De 1964 a 1985, o Brasil foi comandado por generais militares, após a derrubada do governo de João Goulart. Nos 21 anos de ditadura, o país teve cinco presidentes militares e 16 atos institucionais. Censura dos meios de comunicação e práticas de tortura foram recorrentes durante essa época.
“Eu acredito que o que menos vai cair no Enem deste ano é sobre a Ditadura Militar no Brasil. E se cair sobre o golpe militar, provavelmente será com um outro viés que é de acordo com o governo, não negativando o período. Provavelmente não será usada a expressão ‘ditadura militar’, mas sim, ‘governos militares’. Caso caia, será pautada a questão do milagre econômico dos governos militares”, avalia o professor.
Imperialismo Norte-Americano
Foram ações que influenciaram diretamente nas estruturas políticas, geográficas e econômicas externas. Os Estados Unidos conseguiram se impor como potência mundial no século 20.
“As políticas imperialistas Norte-Americanas abrangem a Guerra do Vietnã (1955 – 1975), movimentos da Contracultura e a própria aliança para o progresso que foram os Estados Unidos financiando governos militares na América Latina. São assuntos que acredito que não vão entrar na prova por motivos políticos-ideológicos”.