Pai faz barraca em lavoura para filho conseguir estudar

Como o sinal de internet não funciona direito na casa do pequeno Alan Somavilla, de 11 anos, seu pai construiu uma barraca com madeira e lona em meio a uma lavoura para que ele conseguisse sinal e assistisse às aulas virtuais, no RS

por Aurilene Cândida ter, 25/08/2020 - 12:03
Giovana Dalcin/Arquivo Pessoal Alan Somavilla está no 6º ano do ensino fundamental Giovana Dalcin/Arquivo Pessoal

Além de ter a pandemia como um obstáculo para para acompanhar as aulas, Alan Somavilla, de 11 anos, precisou enfrentar outro problema, em Estrela Velha, na Região Central do Rio Grande do Sul (RS). A ausência de internet obrigou que seu pai, Odilésio Somavilla, construísse uma barraca com madeira e lona em meio a uma lavoura para que ele conseguisse sinal e assistisse às aulas virtuais, segundo informações do G1 Sul.

A família mora em uma área rural da cidade de pouco mais de 3,6 mil habitantes. Alan está no 6º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Itaúba. Até pouco tempo atrás, a família não tinha nem um telefone celular.

A diretora da escola em que o garoto estuda, Giovana Dalcin, publicou nas redes sociais que “estamos vivendo um momento único na história e precisamos nos reinventar e foi o que esta família fez, se reinventou, buscou alternativa”.

Em entrevista ao G1, Giovana comentou que o colégio fornece material impresso aos estudantes. Porém, para acompanharem as explicações dos professores, eles precisam acessar às aulas na plataforma Google Classroom, e outras crianças, além de Alan, relataram problemas semelhantes. "É um lugar com muitos morros, onde o sinal da internet é ruim, e, em muitos desses lugares, inexistente. Tem alunos que precisam pedir sinal emprestado a vizinhos, subir em morros, subir em árvores", relatou.

Giovana ainda contou que foi professora de Alan e, conversando com o pai, soube que a casa onde o menino mora é longe da escola ou da residência da tia para assistir às aulas online. A solução da família foi comprar um celular usado, já que um notebook era mais caro, e aderir a um plano de dados limitados de R$ 40.

"Eu venho aqui acompanhar as explicações das professoras, as aulas, porque antes eu não tinha nem o telefone", conta Alan. O menino saiu pelo terreno até encontrar um lugar onde tivesse sinal. Próximo ao rio Jacuí foi que Odilésio construiu uma sala de aula improvisada para que filho acompanhar as videoconferências.

"Nós compramos um telefone para ter acesso à internet, mas como o sinal lá em casa não pegava bem, eu tive a ideia de fazer a barraca aqui perto da lavoura, onde o sinal é melhor. Construí com pedaços de madeira e coloquei uma lona por fora para quando, se é frio ou chuva, o Alan possa vir estudar. A gente, como pai, ajuda como pode", disse Odilésio Somavilla em entrevista ao G1. 

"É muito emocionante e gratificante para nós educadores a atitude desse pai, em construir para o seu filho um meio para que ele possa dar continuidade ao estudo, pois são atitudes como esta que nos dão força, que nos dão energia para seguirmos em frente", conclui Giovana.

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