Desemprego recorde: os setores que mais demitiram em 2020

Brasil registrou 14 milhões de desempregados, aponta o IBGE

por Lara Tôrres seg, 28/12/2020 - 14:45
Roberto Parizotti/FotosPublicas . Roberto Parizotti/FotosPublicas

O ano de 2020, definitivamente, não foi bom para a classe trabalhadora do Brasil, que viu o número de desempregados aumentar mês a mês. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do terceiro trimestre do ano, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no fim de novembro, mostraram um aumento da taxa de desocupação comparada ao trimestre anterior em dez estados, sendo Paraíba (4%), Amapá e Pernambuco (3,8% cada) os mais afetados.  

Na última quarta-feira (23), o IBGE divulgou dados da Pnad Covid-19, com más notícias: no mês de novembro, o Brasil registrou 14 milhões de desempregados, um novo recorde na série histórica da pesquisa, levando a taxa de desemprego a 14,2%, ante 14,1% em outubro e 10,7% em maio. Isso significa que em sete meses, quase 4 milhões de pessoas perderam o emprego. 

Desligamentos por setor

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mede o emprego formal no Brasil por meio da Secretaria do Trabalho do Governo Federal, órgão do Ministério da Economia, mostram que até o mês de outubro, o País registrava 12.231.462 de contratações e 12.402.601 demissões, o que significa que 171.139 postos de trabalho foram extintos. Essa realidade, no entanto, não atinge todos os setores da economia de modo igualitário: o setor de serviços perdeu 268.049 de empregos, seguido pelo comércio, que teve um saldo negativo de 231.245. Há ainda um saldo negativo de 156 vagas em setores não identificados. 

As demais áreas (agropecuária, construção e indústria) conseguiram manter o saldo positivo, apesar de grandes perdas sofridas ao longo do ano. Observando apenas o número de demissões, mais uma vez é o setor de serviços o que mais sofre, com 5.561.659 desligamentos até outubro. O segundo lugar também fica, mais uma vez, com o comércio, que desligou 2.967.194 trabalhadores, seguido pela indústria com 2.066.430 funcionários demitidos. Na construção, foram 1.180.792 vagas encerradas, enquanto a taxa de demissões na agropecuária foi de 626.370. 

“A gente espera que dê tudo certo com a vacina”

De acordo com André Morais, economista do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE), o País chegou a mostrar um início de recuperação nos empregos, que ao que tudo indica foi freada pelo crescimento do número de casos da Covid-19. “O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), que é como uma prévia do PIB, saiu e subiu, mas já começou abaixo da expectativa do mercado. Subiu 0,86, mas a expectativa era 1.1. O crescimento está dando uma desacelerada e tudo sugere que é devido à escalada de número de casos de coronavírus", explicou ele. 

O especialista explana ainda que o setor de serviços é o maior responsável pelas contratações, junto ao comércio. “O problema é que o setor de serviços representa uma porcentagem muito grande na composição do Produto Interno Bruto (PIB), se ele não reage, puxa para baixo o PIB como um todo e a parte de empregos também. A gente teve uma queda no terceiro trimestre, não tão expressiva, mas não deixa de ser [uma queda]. A indústria está se mantendo, a construção civil caiu um pouco, mas ainda conseguiu se segurar, mas o setor de serviços, serviços domésticos também [foi um setor que] caiu muito”, contou André.

Diante desse quadro, a expectativa de geração de empregos nos próximos meses é positiva, mas segundo o economista, só será expressiva se houver vacinação, permitindo uma redução das restrições que possibilite investimentos e crescimento nos segmentos de comércio e serviços. “A expectativa para 2021 é de a gente ter uma melhora significativa, principalmente porque a gente espera que dê tudo certo com a questão da vacina que chegue o quanto antes e chegando, aí as expectativas são boas. Essa recuperação só não é mais expressiva pelo setor de serviços, porque ele depende de que? Restaurantes, hotéis, então enquanto a gente não tiver vacina, o setor vai sofrer um bocado.”

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