Ainda está de home office? Veja dica de postura

O trabalho remoto fez aumentar o nível de sedentarismo em muitas pessoas, provocando dores e desconfortos. Veja dicas para evitar esses problemas

por Rachel Andrade qui, 11/11/2021 - 12:28
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Dores nas costas, no pescoço e nas articulações, dificuldade em se locomover rapidamente e sedentarismo. Essas são algumas das reclamações mais comuns entre profissionais que antes exerciam suas tarefas em ambiente de trabalho apropriado e tiveram de migrar para o conhecido home office. O trabalho remoto se tornou comum para muitas pessoas desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020. No entanto, a mudança na rotina e logística do ambiente de trabalho afetou muito mais do que foi previsto.

Segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 11% dos brasileiros migraram do escritório para o ambiente doméstico desde o início da crise sanitária. Muitas pessoas tiveram dificuldade em se adaptar ao novo esquema laboral, mesmo tendo em casa as mesmas ferramentas que dispunham no ambiente de trabalho.

É o caso de Vanessa Martins, 30 anos, analista de sistemas de uma empresa de tecnologia da informação e moradora do bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife. Devido ao cargo, ela passa muitas horas na frente do computador. "Como eu trabalho com software, meu meio de trabalho é o computador", explicou a recifense para o LeiaJá.

No dia 10 de março de 2020, na semana em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou o estado de pandemia global, a empresa para a qual ela trabalhava migrou todos os funcionários para o modelo remoto, e assim ela continuou a exercer suas funções de sua casa. No entanto, diferente de outros trabalhadores que tiveram de se adaptar com o que tinham no lar, a empresa de Vanessa forneceu todo o material necessário para que ela e os demais colegas pudessem trabalhar com as mesmas ferramentas que tinham antes. “Cadeiras, apoios de pé, ‘mousepad’, monitor, suporte de monitor e de computador, e fone de ouvido. Toda a ergonomia que eu já tinha no trabalho, eu consegui manter porque a empresa disponibilizou todo o material para que pudéssemos montar o escritório em nossas casas”, lista.

Mas mesmo com todos os aparatos em casa, as demandas fazem ela se dedicar muito mais tempo ao trabalho, passando das oito horas diárias de sua carga horária. “Eu passo cerca de 9 a 10 horas por dia, dependendo do dia, na frente do computador, sentada, e nem sempre consigo fazer todas as pausas que deveriam ser feitas. Às vezes faço algumas pausas não tão longas, às vezes tiro intervalo também na frente do computador resolvendo outras coisas que não são do trabalho”, exemplifica a profissional.

Vanessa mora com seu namorado, e os dois mantiveram o isolamento de forma bastante restrita desde o início da pandemia, sem sair para lugar algum e resolvendo quase todas as demandas pessoais pela internet. A distância de casa para o trabalho diminuiu para os passos que dividem o quarto da sala.

A praticidade, no entanto, não foi tão benéfica no longo prazo. “Não íamos para o trabalho presencial, nem academia, nada. Nossa mobilidade foi reduzida ao espaço da casa. Senti mudanças no meu corpo em relação a isso, engordei uns 7kg, meu namorado acho que uns 10kg, porque continuamos nesse espaço limitado. A única exceção que fazemos é que temos pets, então de uma a duas vezes por dia algum de nós tinha de sair muito cedo de manhã ou tarde da noite com as cachorras para elas fazerem as necessidades. Além de ter engordado, tive um problema na lombar, pelo excesso de tempo sentada e pouca locomoção. Cheguei a ter dificuldade para me abaixar e amarrar o cadarço, por exemplo. Quando houve uma reabertura mínima das coisas esse ano, precisei ir a um osteopata para iniciar um tratamento, pois a lombar foi a região mais afetada para mim”, relata a analista de sistemas.

Ela ainda passou por um período em que mudou de empresa em março deste ano, e teve de devolver todo o material que estava com ela. No novo trabalho, exercendo um cargo semelhante, com as mesmas demandas e formato igual, ela sentiu um desconforto maior por ter tido de adaptar seus móveis do dia-a-dia para exercer suas funções.

O cuidado com o corpo no - ainda - home office

Segundo o fisioterapeuta Marcel José Crasto, da Clínica Escola de Fisioterapia da UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau, dores em certas regiões do corpo foram as reclamações mais comuns entre as pessoas que passaram por essa mudança de hábitos diários. “Como principais queixas temos as dores nas articulações de quadril, região lombar, cervical e ombros, muitas vezes devido a manutenção de posturas sentada por longos períodos, o que além de causar compressões e dificultar a oxigenação das células, também podem facilitar os processos de fraqueza muscular. Não podemos esquecer do fator emocional, que por sua vez também exerce influência no corpo causando mais tensão, além de alterações posturais relacionadas ao comportamento”, explica.

Vanessa praticava exercícios físicos antes da pandemia, entre treinos na academia, passeios de bicicleta e corrida, mas tudo parou no início do isolamento. A saída do sedentarismo só se deu depois de alguns meses, quando começou a se exercitar em casa, acompanhado de vídeos e ‘lives’ na internet. Apenas depois das duas doses da vacina contra a Covid-19, ela e o companheiro se sentem mais à vontade para realizar exercícios fora de casa.

Marcel também comenta alguns problemas que podem ser ocasionados pela diminuição de exercícios, ou até a falta total de movimentos no corpo. “O sedentarismo tem como consequência diversas alterações fisiológicas e biomecânicas, desde problemas vasculares, metabólicos e de movimentação articular a problemas relacionados à obesidade, depressão e ansiedade. Sendo, assim, importante a procura de todos os profissionais de saúde que atuam tanto na prevenção quanto no tratamento das consequências do sedentarismo”, exemplifica.

O profissional ainda dá dicas do que pode ser feito em casa para evitar dores no corpo, principalmente nas articulações, levando em consideração não apenas o físico, mas o emocional também. “Importante pela manhã, ao acordar, fazer algo simples, mas que na vida corrida que levamos desse mundo globalizado esquecemos muitas vezes que é espreguiçar-se. É algo simples, mas tão necessário para a preparação do corpo para o início de tarefas muito simples como por exemplo, levantar-se da cama. Antes de começar a trabalhar seria importante fazer exercícios de movimentação das articulações do corpo, desde o pescoço ao tornozelo. Movimentos livres para melhorar a irrigação sanguínea e nutrição dessas regiões. É sempre bom lembrar a importância de praticar atividades físicas e cuidar também do emocional. Não é porque estamos trabalhando em casa que devemos relaxar com a saúde. Com isso a integração de vários profissionais de saúde como fisioterapeutas, sducadores físicos, psicólogos, nutricionistas, médicos entre outros, podem ser de grande valia desde a prevenção, até o tratamento e reabilitação das disfunções adquiridas”, ele finaliza.

Confira o vídeo abaixo com dicas de postura e movimentação do corpo:

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