Pesquisa: 50% dos entregadores exercem outra ocupação

O levantamento foi feito em 2022 pela Amobitec e o Cebrap

por Joice Silva qua, 12/04/2023 - 10:14
Marcelo Casal Jr/ Agência Brasil Metade dos entregadores exercem outra ocupação Marcelo Casal Jr/ Agência Brasil

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) apontou que, no Brasil, cerca de 1,660 milhão de pessoas trabalham como motoristas e entregadores por meio de aplicativos no Brasil. Do total, 1.274.281 são motoristas e 385.742 entregadores.

De acordo com o estudo, realizado em 2022, a remuneração média mensal estimada para as duas categorias representa ganhos superiores aos praticados pelo mercado para pessoas com o mesmo perfil socioeducacional em jornadas integrais. A renda líquida média dos motoristas varia entre R$ 2.925 e R$ 4.756 e, para os entregadores, entre R$ 1.980 e R$ 3.039 estimando uma jornada de 40 horas semanais.

A variação ocorre conforme o tempo de ociosidade (período em que estão on-line nos aplicativos sem realizar corridas ou entregas). O salário-mínimo no período da realização da pesquisa era de R$ 1.212.

Já em relação à jornada, a pesquisa apontou que os motoristas trabalham em média entre 22 e 31 horas semanais, enquanto a jornada dos entregadores oscila entre 13 e 17 horas semanais, nos dois casos a variação ocorre considerando tempo de ociosidade. Vale lembrar que as estratégias de engajamento variam muito entre os trabalhadores. Alguns têm as plataformas como trabalho exclusivo, outros como trabalho complementar.

“Em um momento em que governo, trabalhadores e empresas se preparam para discutir maneiras de regular o trabalho em plataformas, percebemos que há na sociedade um desconhecimento muito grande sobre esse tipo de atividade e esperamos contribuir para o debate com informações precisas e abrangentes”, explica André Porto, diretor-executivo da Amobitec.

A pesquisa apontou ainda que, embora 43% dos motoristas estivessem desempregados, 57% tinham uma atividade econômica prévia ao iniciarem o trabalho por meio de plataformas, a maioria com registro em carteira. Desses, 31% a mantiveram depois de começar as atividades com os aplicativos e 26% abandonaram essa atividade prévia para se dedicar exclusivamente aos aplicativos.

Outra revelação feita pelo estudo foi que 67% dos entregadores tinham alguma atividade econômica antes de começar a trabalhar com aplicativos, 52% com carteira assinada e 31% estavam desempregados. Observa-se ainda que 27% já trabalhava com entregas, encontrando nas plataformas uma nova alternativa para gerar renda.

No momento da pesquisa, quase a metade dos entregadores afirmou estar exercendo outra ocupação, sendo 50% destes com carteira assinada, enquanto 52% declararam se dedicar exclusivamente aos aplicativos. O dado corrobora a importância dada por 60% dos entregadores à flexibilidade e à autonomia oferecidas pelos aplicativos, seguida pelos ganhos (43% dos respondentes) e pela liberdade de trabalhar com motocicleta (38%). 80% afirmam que pretende continuar trabalhando com as plataformas.

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