Quais medidas podem prevenir a violência nas escolas?

Entenda quais medidas preventivas são tomadas pelos governos estadual e federal para prevenir os ataques no ambiente escolar

por Ayanne Lima qui, 20/04/2023 - 18:25
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo Cenário educacional brasileiro vive um momento de alerta Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

O cenário educacional brasileiro vive um momento de alerta. Os ataques escolares, presenciados nos últimos meses, evidenciam o aumento da violência no país, e como as instituições de ensino, que possuem o dever de proporcionar aprendizado e crescimento, se tornaram alvos de grandes tragédias.

Segundo o psicólogo João Vidal, muitos fatores podem ocasionar esse problema. Para ele, a situação está diretamente relacionada à falta de acolhimento e cuidado nas comunidades familiares, educacionais ou sociais. “Por trás de cada pessoa que comete um crime dessa magnitude, existe uma ferida emocional ocasionada por um processo de opressão vivido por esta pessoa. Muitas vezes em forma de exclusão, preconceito e bullying”, afirma.

Embora acredite que não exista justificativa para cometer atrocidades, João reforça como a falta de apoio durante o sofrimento emocional permite o desenvolvimento de desejos de vingança, os quais “encontram legitimidade nos grupos e ideologias de ódio”, facilmente disseminados nas redes sociais. O especialista explica que o aumento das crises familiares também gera o distanciamento entre as pessoas, e transforma um ambiente seguro em um local hostil e conflituoso.

Aula de teatro na escola Eleanor Roosevelt, no Recife

Planos de ação

Até o final do mês de abril, a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco, em parceria com a Secretaria de Defesa Social (SDS), está promovendo a campanha “Propague a Paz”, pela qual são intensificadas as ações pedagógicas existentes nas escolas da rede estadual. Ao todo, mais de 100 colégios foram contemplados com projetos práticos de combate ao bullying e outras formas de violência, através de palestras, escuta com os envolvidos e apoio à instalação de núcleos permanentes de mediação dos conflitos dentro das unidades escolares.

Uma das instituições participantes é a Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Eleanor Roosevelt, localizada no bairro do Ipsep, zona sul do Recife. Nesta quarta-feira (19), a escola realizou mais uma edição do “Cultura de Paz: diga não ao bullying”, iniciativa que reúne uma série de atividades desenvolvidas pelos estudantes com o auxílio dos educadores. Dentre elas, estão apresentações de música e teatro, além da exibição de cartazes, vídeos e campanhas de abraço.

Alunos da escola Eleanor Roosevelt, no bairro do Ipsep

De acordo com a gestora Andrezza Ferreira, a ideia surgiu em 2021, conforme a necessidade de orientar a comunidade sobre o que é o bullying, e como isso pode afetar os outros. O projeto acontece anualmente em abril devido ao Dia Nacional de Combate ao Bullying, instituído no dia 7.

O professor José Carvalho, que atua na escola há 10 anos, conta que o registro dos casos de brigas entre os alunos diminuiu após a implementação da ação. Como estratégia, as datas comemorativas são utilizadas como ferramentas para propagar a paz entre eles, e as famílias também são fundamentais nesse processo. “A gente tá desenvolvendo através desse projeto a cultura da paz. Paz no trânsito, paz na rua, paz na família, paz no trabalho. Então quando a criança é bem tratada, ela vai conseguir produzir de forma mais eficiente o seu estudo, e no futuro vai ser um profissional que vai ter um melhor desempenho”, declara.

Professor José Carvalho

Investimento na educação

Nesta terça-feira (18), foi realizada uma reunião entre o presidente Lula (PT), governadores, ministros, prefeitos e autoridades dos poderes legislativo e judiciário com o objetivo de criar políticas públicas para proporcionar a segurança no ambiente escolar.

No total, o Governo Federal irá conceder R$ 3,1 bilhões para estados e municípios. Cerca de R$ 1,097 bilhão será destinado ao Programa Dinheiro Direito na Escola (PDDE), e mais 200 milhões serão direcionados para a criação de núcleos psicossociais, municipais, regionais ou estaduais.

Durante o encontro, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou várias medidas para prevenir e combater ataques nas escolas. São eles: curso de formação continuada, para professores saberem como enfrentar a violência escolar; parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para construção de paz nas escolas; investimento de R$ 150 milhões no Programa Nacional de Segurança nas Escolas, para apoio às rondas escolares, e a criação de canais virtuais de denúncia, através do portal do Governo Federal ou do WhatsApp, no número (61) 99611-0100.

Fotos: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

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