SpokFrevo Orquestra volta de turnê nos Estados Unidos

Maestro Spok conversou com exclusividade com o LeiaJá. Confira a entrevista na íntegra

por Felipe Mendes qui, 05/04/2012 - 02:48
Chico Peixoto/LeiaJá Imagens Maestro Spok acaba de voltar de uma turnê pelos Estados Unidos com a SpokFrevo Orquestra Chico Peixoto/LeiaJá Imagens

Um dos músicos pernambucanos mais inovadores e respeitados da atualidade, o Maestro Spok acaba de voltar de uma turnê nos Estados Unidos, onde realizou seis apresentações de “Frevo para ouvir sentado e em silêncio”, com a sua SpokFrevo Orquestra. A jornada de 17 dias incluiu apresentações em cidades como Nova York, Houston e Miami, além da realização de oficinas e workshops para músicos e alunos universitários locais.

Em conversa exclusiva com a equipe do Portal LeiaJá, Spok fala dessa sua primeira turnê pela América do Norte, dos planos de lançar o segundo disco da SpokFrevo no segundo semestre deste ano e adianta que a orquestra voltou já com outra turnê fechada nos Estados Unidos, em 2014. Confira.

Como surgiu o convite para ir pela primeira vez aos Estados Unidos com a SpokFrevo Orquestra?

Um dos primeiros grandes sonhos da gente foi realizado agora com essa ida aos Estados Unidos. E já saímos de lá com uma turnê marcada para 2014. Fomos conversar com os diretores do Lincoln Center, do qual Wynton Marsalis – que é uma lenda do jazz – é o diretor musical. Tudo começou porque ele nos viu tocar. Ele é um dos curadores de um festival na França chamado Jazz in Marciac, que é o maior festival de jazz que eu já toquei na minha vida. Toquei para dez mil pessoas sentadas e em silêncio. Marsalis assistiu ao show inteiro e se encantou com a orquestra, foi o primeiro da fila a esperar a gente, e disse: “Eu preciso conhecer e entender melhor essa música”. Porque o que a gente toca é uma forma de executar, compor e arranjar completamente diferente de qualquer big band do mundo.



Como foram os shows? Todos foram em locais fechados?

Todos foram verdadeiros sonhos realizados, com casas cheias. Porque é o CD, o DVD que andam, o youtube... São coisas surpreendentes, como depois dos shows muita gente vir falar, querendo conhecer. Após cada apresentação dessas a gente promovia workshops e oficinas, a gente se encontrava nas universidades com os músicos do lugar querendo entender e saber como é essa nossa música, querendo os arranjos, a coisa foi andando de uma forma sensacional.

Só um show foi em local aberto, o de Miami. Por isso tinha uma mistura no público de apreciadores de música instrumental com o povo festivo pernambucano e brasileiro. Tanto que foi o único show que no final eu disse: “Gente, agora queria matar um pouco da saudade de vocês e fazer alguns pequenos clássicos”, aí fiz algumas coisas cantadas, mas depois que acabou o show todo mundo pediu mais um.

Mas o nosso público é de músicos, estudiosos, pessoas interessadas em música instrumental, em jazz. O pessoal não vai pra ver um carnaval, é um frevo para ouvir sentado e em silêncio. E esse é o meu maior sonho como músico, eu adoro tocar para o povo dançar e sempre amarei, mas hoje eu curto mais tocar para o silêncio para que as pessoas possam escutar, é o grande sonho realizado, tirar a música da rua e levá-la para o Brasil o para o mundo, para o silêncio absoluto.

E os workshops e oficinas, como funcionaram?

A gente ensinava o frevo pra eles, o povo tudo doido pra tocar as coisas. É impossível passar as coisas só com palavras, tem que tocar. A gente deixou a música, a alma. E eles estão interessadíssimos em conhecer cada vez mais nossa música.

Como está a programação da SpokFrevo para este ano?

Nossa principal meta agora é terminar o segundo disco, que a gente já começou a fazer. O primeiro disco já deu o que tinha que dar. O segundo tem dois caminhos: o de compositores de fora de Pernambuco, uma grande ideia, e a outra ideia é convidar músicos solistas para tocar frevo com a gente. Daqui e de fora de Pernambuco.

Já tem nome esse novo disco?

Ninho de Vespa. Isso é uma composição de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro que influenciou muito o surgimento da orquestra, é um frevo que me marcou muito e já era um frevo de improviso, mas com letra, cantado. Eu entrei em contato com Dori, que liberou a música, e nós vamos regravá-la. Vai ter também uma composição inédita minha.

Os compositores de outros Estados que você citou são autores de frevo?

São composições instrumentais de músicos que passaram a compor frevo depois que conheceram nosso trabalho. Entre eles, Hamilton de Holanda, Nelson Ayres, Wagner Tiso, todos inspirados pelo trabalho da SpokFrevo. E eles farão participações no disco, que deve ser lançado no segundo semestre.

SpokFrevo Orquestra

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