Ranulpho: das joias para as artes

Galeria fundada pelo marchand Carlos Ranulpho completa 45 anos

por Priscila Urpia sab, 09/03/2013 - 12:09

A Galeria Ranulpho, fundada por Carlos Ranulpho, completou neste mês de março 45 anos de existência. A criação da galeria de arte aconteceu por coincidência, pois o marchand não tinha a ideia proposital de trabalhar com arte. Ranulpho, filho de desenhista e caricaturista, conviveu com o mundo da arte desde cedo. Inicialmente, trabalhou com joias, atividade com a qual obteve sucesso.

Ligada ao comércio, a profissão se tornou seu meio de sobrevivência em uma época difícil:"Comecei a vida muito cedo, exatamente por meu pai ser de origem modesta, não tinha grandes recursos financeiros e eu precisava ajudar a família e comecei a trabalhar com 15 anos. O início de vida foi muito duro.", lembra Ranupho.



Na década de 1960, Carlos abriu uma galeria de joias na rua da Aurora, próximo ao Cinema São Luiz. A galeria recebeu a visita de Aldemir Martins, que tinha um atelier em São Paulo e trabalha com pintura, gravura, tapeçaria e outros. Martins propôs a Ranulpho expor alguns desenhos de joias que ainda não tinham repercussão na galeria, despertando o início de uma virada na história de Ranulpho e de sua galeria.



A primeira exposição, ainda que não tivesse nem convite, nem catálogo, foi um sucesso. As joias comercializadas por Ranulpho e os quadros pintados pelo artista Aldemir Martins, dedicados à exposição, chamaram a atenção dos jornais locais. Carlos Ranulpho percebeu que Recife comportava uma galeria para expor obras de vários artistas, algo inexistente na época. "Me chamou atenção que Recife comportava uma galeria para eu trabalhar com obras de arte. Algumas pessoas na época expunham trabalhos em movelarias. Haviam algumas movelarias na rua Imperatriz", conta Ranulpho.

Artistas de outros Estados foram convidados para expor na época, pois artistas locais não acreditavam ainda na proposta da galeria. Os artistas recifenses, segundo Ranulpho, conheciam os aristas de fora através de revistas e jornais que eram divulgados na capital pernambucana. Após um período, artistas locais despertaram para expor obras na galeria. O marchand, então abandonou as joias e ficou apenas com o comércio dos quadros.

A Galeria Ranulpho, que atualmente funciona no bairro do Recife Antigo, anteriormente funcionou em uma casa grande localizada no bairro de Boa Viagem, a qual permaneceu durante vinte anos, mas que com o tempo não comportou as obras expostas. Neste mesmo período, a galeria possuia uma filial em São Paulo. Seu público é generalizado, do exterior e de vários estados do Brasil, amantes da arte. A maioria dos quadros é de artistas conhecidos.

A galeria, ao longo dos anos, fidelizou gerações. Filhos de clientes que compravam na galeria, a procuram nos dias atuais. "Hoje eu tenho uma geração nova de pessoas que compram quadros, geralmente são filhos de cilentes meus, que já foram clientes meus anteriormente.” declara o marchand.

A comemoraçao dos 45 anos da galeria foi marcado pelo lançamento do livro sobre Vicente do Rego Monteiro, Vicente do Rego Monteiro: olhar sobre a década de 1960, amigo de Ranulpho e artista consagrado. A galeria expôs, ao longo desses 45 anos, obras de artistas como Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Reynaldo Fonseca, Virgolino (que pintava com exclusividade para a galeria), Brennand e muitos outros.

 

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