'Três Dias de Chuva' estreia no Teatro Raul Cortez
Um casal de irmãos é surpreendido com a leitura do testamento do pai, recém-falecido: sem nenhuma explicação, o homem deixou o bem mais valioso da herança para um rapaz, filho de seu sócio no escritório de arquitetura. Como Ned poderia ter feito isso com Walker e Anna? Esse é o ponto de partida de Três Dias de Chuva, peça que estreia nesta sexta-feira (26), no Teatro Raul Cortez.
Escrita pelo americano Richard Greenberg, o espetáculo inicialmente se passa em 1995 e, ao longo desse primeiro ato, o público acompanha os irmãos discutindo e julgando o passado do pai, acusando-o de ser ausente em suas vidas. "Mas, na verdade, a herança é apenas o motivo para os filhos julgarem os atos dos pais no passado, mesmo sem conhecer suas razões", comenta Jô Soares, tradutor e diretor da montagem, a primeira desse texto no Brasil. "A habilidade de Greenberg está em surpreender a plateia no segundo ato, quando muitas verdades desabam."
De fato, quando a peça se reinicia, volta-se ao passado, ao ano de 1960, quando os jovens arquitetos Ned e Theo ficam presos em seu escritório durante três dias, devido a um forte temporal. Com eles, está a noiva de Theo, Lina, que, durante aquele período de convivência forçada, vai despertar a paixão de Ned. "É essa misteriosa relação triangular que, aos poucos, vai responder às questões levantadas no primeiro ato", disse Jô, que comanda um trio de atores que representam papéis diferentes nos dois atos.
Perspectiva. No primeiro, os irmãos Walker e Anna são interpretados por Otávio Martins e Carolina Ferraz, enquanto o filho do sócio, Pip, é vivido por Petrônio Gontijo. Já no segundo tempo, quando acontece o recuo ao passado, Martins e Gontijo representam Ned e Theo, e Carolina assume o papel de Lina. "Isso reforça o interesse do autor em mostrar como a perspectiva dos fatos acontecidos na nossa vida são variáveis dependendo de como são observados", observa Jô.
TRÊS DIAS DE CHUVA - Teatro Raul Cortez. R. Dr. Plínio Barreto, 285, B. Vista, 3254-1631. 6ª, 21h30; sáb., 21 h, dom., 19 h. R$ 60/ R$ 70. Até 16/12.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.