Justiça portuguesa impede saída de quadros de Miró do país
A Justiça de Portugal bloqueou nesta quinta-feira a saída do país de 85 quadros do pintor espanhol Joan Miró, pertencentes ao Estado, que pretendia vendê-los por meio de uma casa de leilões.
A decisão foi adotada pelo tribunal administrativo de Lisboa, em meio a um procedimento iniciado pelo Ministério Público "em defesa do patrimônio cultural", depois que um grupo de deputados do Partido Socialista, principal força da oposição, recorreu aos tribunais para impedir a venda das obras.
O governo português organizou o leilão para levantar fundos e melhorar as contas públicas. Programado inicialmente pela casa Christie's para fevereiro, foi adiado devido aos problemas judiciais envolvendo a coleção.
"A venda de 85 obras de Joan Miró foi cancelada como resultado de uma disputa em uma corte portuguesa, da qual a Christie's não faz parte", explicou, na época, a empresa londrina.
"As incertezas legais criadas por essa disputa em curso significam que não podemos oferecer as obras à venda com toda segurança", acrescentou a Christie's.
A atitude do governo também gerou críticas em meio à classe cultural portuguesa. Foi organizado um abaixo-assinado na internet, que reúne milhares de assinaturas, para manter a coleção no país.
O valor das obras de Joan Miró (1893-1983) foi estimado em mais de 36,4 milhões de euros.