Terceiro dia do Cine PE com muitas cadeiras vazias
Produção e jurados do festival compunham a maior parte do público
Muita chuva e cadeiras vazias marcaram o terceiro dia da 18ª edição do Cine PE, que aconteceu nesta segunda-feira (28) no Centro de Convenções, em Olinda. Dentro do Teatro Guararapes, onde os filmes são exibidos, não tinha nem 100 pessoas para assistir ao curta Tubarão, e os dois longas escalados para a programação da noite, E agora? Lembra-me e Corbiniano. O público era composto em sua maioria pelo pessoal da produção do festival, os 30 jurados populares - que este ano também farão parte da escolha dos ganhadores das competições – e representantes dos filmes em cartaz.
Primeiro dia do Cine PE atrai bom público
Tubarão
O curta da terceira noite do Cine PE foi o pernambucano Tubarão, do diretor Leo Tabosa. Esta é a segunda vez do cineasta no festival; em 2010 ele apresentou seu trabalho de conclusão de curso, Retratos.
O novo filme é um mini documentário sobre Dale, um norte-americano que veio morar no Recife com seu grande amor, um surfista carioca. Após 15 anos juntos, o parceiro dele sofre um acidente enquanto surfava e acaba morrendo. O documentário mostra os fetiches e problemas psicológicos que Dale passou a ter após a morte de seu amado – ele se torna um voyer, pessoa que tem prazer ao ver outros mantendo relações sexuais.
Em nenhum momento o rosto de Dale aparece no curta. Em entrevista ao LeiaJá, Leo Tabosa explica que esse foi o acordo feito entre eles para que o filme pudesse ser gravado. “Conheci Dale há cinco anos e soube da história. Comecei a entrevistá-lo e ele permitiu, desde que seu rosto não fosse mostrado. É uma história triste a dele”, conta o diretor. Tubarões é todo em inglês, o norte-americano explica que, depois de sua perda, não se sente mais ligado a cultura brasileira nem mesmo a língua.
Segundo dia do Cine PE é melhor que o primeiro
Corbiniano
A história do artista plástico José Corbiniano Lins foi transformada em filme, pelo diretor Cezar Maia. Corbiniano é um escultor que fez parte do movimento de Arte Moderno do Recife, nos anos 50. Suas esculturas estão espalhadas por Pernambuco e em outros estados do Nordeste, como Paraíba, Fortaleza e Alagoas. Hoje, com 90 anos, Corbiniano continua produzindo suas obras, esculpidas em isopor e depois cobertas por alumínio fundido. O documentário é quase uma biografia do escultor, com imagens belíssimas de suas obras e depoimentos não só de Corbiniano, mas também de seus familiares, amigos e grande artistas como Tereza Costa Rêgo e Abelardo da Hora.
Corbiniano viu o filme pela primeira vez no Cine PE. Em entrevista ao LeiaJá, ele disse ter ficado feliz ao saber que teria um documentário sobre sua vida. "Só o fato de saber que estou em um filme é algo muito grande", contou o artista. Quando perguntado se estava ansioso para ver o filme, o escultor disse entanto ria: "Claro, quero saber o que eles fizeram comigo."