Bienal do Livro de PE tem movimento abaixo do esperado
Editoras e consumidores reclamam da falta de incentivo para conseguir comprar e vender os livros nesta edição da Bienal
Quem tem gosto pela leitura provavelmente conhece a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. Este ano, ela está em sua décima edição, e traz mais de 100 atividades até o dia 12 de outubro. Com o tema Literatura, Resistência e Transformação, a Bienal está com indícios de baixa venda em comparação aos outros anos, segundo consumidores e expositores.
Neste sábado (3), o Centro de Convenções, onde está sendo realizado o encontro, pareceu um tanto morno. Apesar da grande quantidade de pessoas circulando pela área, expositores e até mesmo os próprios visitantes reclamaram da queda de vendas e compras neste ano.
Os professores estaduais Enedina Cristina e Wellington Cléber se mostraram desapontados por estarem em um evento do porte da Bienal e não levar nenhum título. “Esta é a primeira vez que eu venho e não compro nenhum livro”, comentou Cristina. Eles explicaram que, com os cortes no benefício oferecido pelo Governo Estadual, destinado à aquisição de livros durante a Bienal do Livro, ficou difícil comprar novos exemplares. “O evento não está tendo o sucesso como era para ter. Com os salários atrasados, o professor olha o extrato bancário e não sabe se vai receber ou não. Então, como vai comprar livro?”, comentou Cléber.
Expositores também sentiram falta da presença de compradores. A editora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estava com ar morno. “Acho que a feira ainda não começou, não é? Se até o próprio Estado não acreditou na Bienal, cortando o bônus, quem vai acreditar?”, comentou a responsável pela editora, Bárbara Miranda. Ela ainda disse que as vendas estão baixas. “Todos os livros da editora UFPE estão com 50% de desconto e ainda assim quase ninguém compra. Acho que falta incentivo. A Fenelivro, por exemplo, estava muito melhor que a Bienal”, cravou Miranda.
Apesar da maré de reclamações sobre a compra e venda dos livros, existem pessoas muito satisfeitas com a Bienal. A estudante Tainá Melo, de 13 anos, carregava uma sacola de livros. Segundo a jovem, que sempre comparece ao evento, “os preços são muito bons, melhores que nas grandes livrarias, e aqui se consegue encontrar mais coisas que nas lojas”.
A estudante Adriany Janinni, 19, também estava satisfeita com os títulos comprados. “O preço depende de estande para estande. Mas geralmente são bem menores do que nas lojas e eles ainda fazem desconto. É momento para quem gosta de ler, comprar”, comentou.
Editoras de nome também estavam cheias. A Saraiva, por exemplo, era uma das que tinham mais movimentos na feira. Os locais de livros a preços mais populares também estavam concentrando grande parte do público. A professora de educação infantil Ana Clécia, sempre frequenta esse tipo de estande porque lá são encontrados os melhores custos-benefícios em relação aos livros. “Em algumas editoras, os livros de histórias clássicas, como Cinderela, têm o mesmo preço, mas são mais resumidos, Aqui eu encontro de melhor qualidade e barato”, explicou.