Ativistas ocupam o Cine Olinda após 51 anos de espera
O ato foi decidido depois de um diálogo com representantes da prefeitura de Olinda, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
Após 51 anos a espera de recursos e resoluções dos órgãos governamentais, o Cine Olinda foi ocupado pela sociedade civil, nesta sexta-feira (30). Os tapumes, que protegiam o local, foram derrubados e o espaço cultural foi ativado de forma pacífica por movimentos culturais. O ato foi decidido depois de um diálogo com representantes da prefeitura de Olinda, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), realizado na área externa do equipamento.
A cidade pernambucana de Olinda, conhecida largamente pelo seu Carnaval, é Patrimônio Histórico e Cultural, títulos concedidos pelo IPHAN e pela Unesco. Mas não tem em seu território nenhuma sala de cinema em funcionamento. O evento Cine Rua, realizado ao lado do Cine Olinda, promoveu um encontro com os líderas governamentais como objetivo de chamar a atenção para espaço cultural fechado e pressionar o poder público a dar uso ao equipamento.
Depois de muito debate e discussão sobre as diretrizes que estão sendo tomadas para a reabertura do cinema com os representantes dos órgãos públicos, dezenas de ativistas de movimentos culturais, representados pelo #OcupeCineOlinda, #CineRuaPE e Ponto de Cultura Cinema de Animação ocuparam o local.
De acordo com um dos ativistas do movimento, GCarvalho, a decisão de ocupar o espaço cultural tem como principal motivação o anseio em ver o cinema funcionado há anos. “Existia essa vontade e não de agora, mas de anos. Então, o que aconteceu foi a confluência do debate de hoje e de um momento forte de ter um quórum de pessoas que estão querendo promover um diálogo diferente, de ação e estabelecer outro tipo de conversa” explicou.
Ainda conforme Carvalho, a ação demonstra o tamanho do interesse do povo, que está há décadas aguardando a vontade política dos governantes em ativar o espaço cultural. “Estamos com sangue nos olhos, mas sangue de amor, que está querendo ver as coisas acontecerem. Nossa indignação é uma busca pela legitimidade e a melhor saída é a entrada, então, agora vamos negociar aqui dentro”, exaltou.
Mesmo sendo uma ocupação pacífica, logo após a entrada dos ativitas, os representantes da guarda municipal do município tentara impedir a entrada dos projetores para realização da primeira exibição do Cine Olinda. A tensão foi apaziguada após negociações. O que resultou na transmissão de um filme após décadas de interdição da sala.
À frente do diálogo para conseguir exibir filmes no espaço cultural, o cineasta Marcelo Pedroso se posicionou quanto à intenção do ato. "Vamos fazer a sessão, realizar o debate e depois vamos decidir qual vai ser o rumo. A iniciativa é uma reação porque se a gente não tomar postura mais incisivas de marcar território, no Brasil as instituições não conseguem tomar conta das demandas sociais. Então a gente precisa fazer a nossa parte porque é um ato democrático, cidadão, político e demarcar o território para mostrar o nosso gesto enquanto sociedade civil de pressionar ocupando", justificou o cineasta.
A Polícia Militar foi chamada e enviou pelo menos três viaturas ao local.