Escritores paraenses buscam reconhecimento e leitores

A falta de interesse em implantar livros paradidáticos de escritores locais nas escolas é um dos fatores para o desconhecimento da literatura paraense

seg, 05/06/2017 - 16:02

A literatura paraense é repleta de ilustres representantes, embora não conhecidos como deveriam. Segundo o escritor Raimundo Sodré, o artista paraense, em geral, sente uma invisibilidade e desprestígio por parte da mídia, das instituições de incentivo à cultura e, como consequência, dos leitores.

Sodré avalia que a falta de interesse em implantar livros paradidáticos de escritores paraenses nas escolas acaba deixando as obras literárias locais desconhecidas. "Não é dado no embrião do conhecimento a oportunidade do estímulo à leitura ao escritor paraense. No mínimo, se faria licitação, apresentação de trabalho, leitura e julgamento. Em relação a isso, é um mundo obscuro o que acontece nas escolas", disse o escritor.

Na contramão dessa lógica, a pedagoga Joelma Pinheiro conta que, nas escolas em que trabalha, sempre procura priorizar a literatura paraense. “Antes de despertar a leitura dos clássicos para as crianças e adolescentes, temos que valorizar primeiro as obras literárias paraenses", considerou ela. "O leitor estando próximo do escritor, desperta mais a vontade de ler", concluiu.

Outro fator para a desvalorização da literatura paraense é a falta de espaços culturais. Os escritores afirmam que, em Belém, não há outro espaço gratuito para divulgação de obras literárias além da Feira Pan-Amazônica do Livro, realizada uma vez por ano. A edição deste ano da Feira contou com vários escritores do Estado. De acordo com a organização do evento, foram mais de 400 obras literárias paraenses.

O escritor e coordenador do estande de escritores paraenses, Claudio Cardoso, contou que a procura pela literatura paraense é sempre boa. "O ano de 2013 foi o melhor ano para os escritores paraenses, no qual o país homenageado na Feira foi o Pará", lembrou. "O país homenageado neste ano é a poesia. Temos muitos poetas aqui no Estado e, com certeza, isso vai dar uma alavancada nas vendas", acrescentou.

Segundo Claudio, os escritores paraenses não têm uma associação, o que acaba dificultando a classe a respeito de divulgações e direitos dos autores. Claudio ainda afirmou que falta conscientização por parte dos escritores em perceber que, com uma associação, melhoraria a divulgação da literatura paraense.

A obra literária “Poesias do Oráculo Maia”, do poeta Valdemir Costa, foi a mais procurada no estande dos escritores paraenses. O livro, baseado na matemática dos Maias, foi relançado este ano em edição bilíngue (português e espanhol). “O livro mostra o perfil das pessoas, o quadrante de harmonização, o ponto sensível e a pergunta da vida”, explica o escritor.

De acordo com Valdemir, o leitor se sente descoberto no livro. Silvana Viero, que adquiriu o livro, confirmou: “Eu achei interessante a relação que ele faz com a matemática, a forma como ele interpreta e a poesia que ele faz no final. A interpretação bate direitinho com o nosso perfil”, contou a leitora.

Por Levi Lima.

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