Circuito de murais de rua para cegos no Chile

Através de placas táteis e uma audiodescrição das obras por meio de um aplicativo, as pessoas cegas podem a partir de agora acessar seis murais instalados no Bairro Lastarria

qua, 11/07/2018 - 07:00
CLAUDIO REYES Mulher deficiente visual toca um trabalho do pintor chileno Roberto Matta em Santiago, 10 de julho de 2018 CLAUDIO REYES

"Mãos na parede", o primeiro circuito de murais para cegos, foi inaugurado nesta terça-feira (10), em Santiago, com o objetivo de aproximar a arte de todas as pessoas.

Através de placas táteis e uma audiodescrição das obras por meio de um aplicativo, as pessoas cegas podem a partir de agora acessar seis murais instalados no Bairro Lastarria, uma das áreas mais turísticas de Santiago.

Um deles é "La Debutante", do famoso artista chileno Roberto Matta, localizados no acesso ao Museu de Artes Visuais (MAVI). De um lado do mural, foi instalada uma placa tátil que representa uma tradução em escala do trabalho do artista surrealista, juntamente com uma descrição na linguagem Braile.

O circuito abarca vários quarteirões em torno deste bairro próximo ao centro de Santiago e inclui obras como "El jugador del palín", de Francisco Maturana, e "Ganza", de Javier Barriga.

Inicialmente, o programa de inclusão contemplou derrubar as barreiras físicas que impediam as pessoas portadoras de deficiências de acessar as obras. Depois, com a iniciativa "Mãos na parede", buscaram-se "maneiras de acessar distintos sentidos para desfrutar a arte", explica à AFP Cecilia Bravo, diretora executiva do MAVI.

"Muitas pessoas acham que essas placas táteis são somente um aporte para as pessoas que não enxergam, e não é assim. Essas peças táteis permitem que percebamos a obra com outro sentido, tanto as pessoas que enxergam como as que não enxergam", acrescenta Bravo.

No Chile, segundo o II Estudo Nacional da Deficiência, 16,7% da população é portadora de deficiência, o equivalente a 2,8 milhões de pessoas.

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