Kelly Marie Tran se pronuncia sobre ataques machistas
Atriz teve apagou perfil no Instagram após receber ofensas racistas e machistas. É a primeira vez que atriz comenta o caso
A atriz Kelly Marie Tran ("Star Wars- O último Jedi") se manifestou pela primeira vez após ser vítima de comentários racistas e machistas nas redes sociais. Em um artigo no jornal "The New York Times" a Rose Tico de "Star Wars" afirmou que não será marginalizada pelos ataques.
Ela narra experiências anteriores em que também sofreu preconceito por ser mulher e ter descendência vietnamita. A atriz diz que a repetição em larga escala do que enfrentou durante toda a vida fez com que acreditasse nas ofensas que lia e ouvia.
"As palavras pareciam confirmar o que aprendi ao crescer como uma mulher e uma pessoa de cor: pertenço às margens, válida apenas como uma personagem menor nas suas vidas e histórias. As palavras deles reforçaram a narrativa que ouvi durante toda a minha vida: que eu era o 'outro', que não pertencia, que não era boa o suficiente simplesmente porque não era como eles. Percebo agora que esse sentimento foi e é vergonha pelo que me torna diferente, vergonha da cultura da qual vim. Foi decepcionante sentir tudo isso."
A atriz contou sobre seu sentimento de culpa diante da situaçao: "Durante meses, entrei em uma espiral de ódio, entrei nos recessos mais sombrios da minha mente, lugares onde me rasguei, onde coloquei as palavras deles acima da minha própria auto-estima."
"Foi então que percebi que fui enganada. Fizeram uma lavagem cerebral em mim para que acreditasse que minha existência foi limitada às fronteiras da aprovação do outro. Me fizeram acreditar que meu corpo não era meu, que sou bonita apenas se outra pessoa acredite nisso, independentemente da minha opinião. Ouvi isso várias vezes da mídia, Hollywood, empresas que lucram com as minhas inseguranças, me manipulam para que compre suas roupas, suas maquiagens, seus sapatos para preencher um vazio que foi perpetuado por eles em primeiro lugar".
Tran conclui que quer viver em um mundo em que crianças e adolescentes de outras etnias não cresçam sonhando em ser brancos ou que as mulheres não sejam vítimas de pressão sobre sua aparência e existência.
"Esses pensamentos surgem na minha cabeça toda vez que pego um roteiro ou um livro. Sei que a oportunidade que tive é rara. Sei que pertenço a um pequeno grupo de pessoas privilegiadas que vive para contar histórias, que são ouvidas e vistas por um mundo que, durante tanto tempo, só provou a da mesma coisa. Sei o quão importante isso é. E não vou desistir", desabafa a atriz.
"Vocês podem me conhecer como Kelly. Sou a primeira mulher de cor a ter um papel de protagonista em um filme da franquia "Star Wars". Sou a primeira mulher asiática a aparecer na capa da "Vanity Fair". E só estou começando."
Tran nasceu nos EUA, mas seus pais são vietnamitas, o que a torna a primeira atriz de origem asiática com destaque na trama criada por George Lucas. Em dezembro do ano passado, a página da atriz na Wookiepedia, uma das maiores enciclopédias online de "Star Wars", foi editada com comentários racistas. Na época, o roteirista Bryan Young disse que o caso era "chocante e triste". Mark Hamill e o diretor Rian Johnson defenderam publicamente a atriz.