Crítica: Coringa eleva status do vilão em drama grandioso
Filme protagonizado por Joaquin Phoenix chega aos cinemas nesta quinta-feira (3)
Coringa (Joker) chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (3) cercado de expectativas e polêmicas. O filme, que venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, apresenta uma versão ultra realista do vilão da DC Comics, dessa vez encarnado por Joaquin Phoenix, ator que emagreceu 23 quilos para interpretar o personagem e se entregou de corpo e alma ao papel. Por outro lado, um intenso debate se apropriou do longa. Seria o Coringa uma inspiração para pessoas dispostas à violência?
Vamos por partes. O pobre coitado Arthur Fleck é um cidadão repleto de problemas em uma cidade que, quando não o humilha, o ignora completamente. Além dos seus distúrbios psicológicos, ele sofre com privações financeiras e se desdobra para cuidar da mãe doente. Arthur é uma vítima em potencial, aguardando apenas o gatilho que o fará explodir.
Já nas primeiras cenas Phoenix se destaca, mostrando essa pessoa exausta, que tem no sonho de ser comediante a única coisa que o mantém próximo da sanidade. Sua atuação alterna momentos de leveza e psicopatia extrema, com caras, bocas e risadas maquiavélicas. É um Coringa inédito na telona e que eleva o status do vilão em um drama grandioso.
Como os trailers deixaram muito claro, acompanhamos a transformação de alguém que aceita calado para alguém que revida. Só que nessa Gotham City afundada em pobreza, atos criminosos contra os mais fortes começam a ganhar status de justiça. É aí que o filme de Todd Phillips levanta a tal discussão sobre a violência como troco.
O roteiro te faz torcer pela desforra do protagonista, mas também pensar se os atos de Arthur condizem com a benevolência que ele cobra dos outros. No entanto, a história retrata um vilão maluco presente há décadas no imaginário popular e de quem não se espera menos do que hostilidade. Além disso, é uma obra nitidamente para um público mais maduro, que deve entender a brutalidade dentro daquele ambiente ficcional.
Completamente fora do universo cinematográfico da DC e mais próximo de dramas psicológicos dos anos 70, como Taxi Driver e Um Dia de Cão, o filme é um passo a mais no realismo que Christopher Nolan projetou com a sua trilogia do Batman. O Coringa de Joaquin Phoenix terá seu lugar na história não como o arqui-inimigo do Homem Morcego, mas como uma crível representação da anarquia.
Nota: ★★★★★