Coletivo Afrotometria retrata a cultura afro-brasileira
Grupo formado em 2018 utiliza a imagem para construir uma narrativa diferente sobre os corpos negros no Brasil
O coletivo Afrotometria, de São Paulo, foi criado em 2018 para retratar a luta contra o racismo por meio da fotografia. O grupo é formado por Isabela Alves, Tiago Santana, Sergio Fernandes, Ina Dias e Fernando Soares, que se conheceram pela internet.
Com o tempo, os fotógrafos sentiram a necessidade de realizar reuniões para debater o racismo no meio fotográfico em São Paulo e no mundo. "Não demorou muito tempo, tivemos uma vontade gritante de fazer exposições, rodas de conversa, oficinas, coisas concretas. Então surgiu o coletivo Afrotometria", conta Isabela.
Por meio das imagens, o coletivo quer construir uma narrativa diferente sobre os corpos negros no Brasil e colocar as pluralidades, diversidades e singularidades desses povos. "É a mudança de paradigma e a disputa por um mundo em que não sejamos apenas o alvo dos tiros", afirma Isabela.
Confira alguns trabalhos:
O grupo tem desenvoldio o projeto "Fotopreta", disponível na Linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo, que quer conscientizar sobre importância dos olhares pretos preencherem espaços públicos e de poder. Além disso, o Afrotometria também trabalha com oficinas de fotografia e levanta debates sobre como as imagens negras podem causar mudanças de narrativas.
Reconhecida pelos profissionais como uma ferramenta de denúncia, a fotografia também propõe uma mudança na percepção da imagem e no subjetivo das pessoas. "A imagem pode registrar pessoas negras em suas religiões, espiritualidades, lutas, cotidianos, trabalhos e felicidades como uma forma de combater as violências racistas que nos colocam em estereótipos, paradigmas, entraves e outras caixinhas", explica Isabela.
Assim como na relação escritor e literatura, a fotografia carrega uma narrativa que vai de acordo com a motivação, olhar e visão de mundo do fotógrafo. A imagem funciona como um megafone que amplifica a voz daquele que está contando a história. "Não nos dá voz, pois já temos voz, mas nos permite expressar essa voz através da câmera ou da colagem digital", diz a fotógrafa. "Podemos ver fotos de lutas antirracistas de um, 30 ou 40 anos atrás. Temos a história registrada, muito bem tratada, podendo ser apreciada, recontada, exposta e sem outros fatos ou versões", complementa.
Os trabalhos do coletivo Afrotometria podem ser acompanhados pelo www.facebook.com/coletivoafrotometria.