Como a moda contribui para a construção da masculinidade
A discussão de como a construção da masculinidade é efêmera se faz a partir de como cada grife representa seu homem ideal
Desfiles de verão resort 2021, de marcas como Dior Homme, JW Anderson e Gucci, colocaram em voga um assunto que vem sido discutido há algumas décadas: a construção da imagem masculina.
Em eras contemporâneas essa questão se faz de uma outra forma: a desconstrução dessa imagem. A Gucci, com sua atmosfera fantasiosa e lúdica, a Palomo Spain, com toda sua teatralidade, e Ludovic de Saint Sernin num viés mais sensual; a discussão de como a construção da masculinidade é efêmera, baseado nas necessidades e no espelhamento social de cada época, se faz a partir de como cada grife representa seu homem ideal.
"Existe essa ideia de que roupas específicas de homem e mulher são um fenômeno ocidental moderno e não são. A distinção entre masculino e feminino sempre esteve presente na história. As pessoas sempre foram empurradas para algum gênero específico", comenta a estilista Fernanda Faustino.
A moda, se interpretada como bússola cultural, transita por todos os estilos, em todos os lugares, sendo dominante através da subcultura que determina como ela pode ser sugada. Foi assim com o hippie, grunge, punk e agora, a fluidez de gênero.
A androgenia se firmou na década de 1960, através de calças skinny e cabelos compridos, sendo esta considerada por muitos a última revolução de gênero até os anos 2000.
"Grifes como Jean Paul Gaultier, Vivienne Westwood e The Blonds são algumas responsáveis por atribuir essa mistura de gênero pré-definida na nova construção do homem, este sendo mais sensível e até mesmo feminino’’, declarou Faustino.
Cronologicamente, a estilista afirma que a iconografia é um dos principais pontos para idealizar a imagem, que desde sempre sofre uma dicotomia. O momento de luta de gênero (ou contra ele) ganha cada vez mais força, porém se engana aquele que acredita que esta luta é nova.