Livro discute jornalismo e a importância da boa escrita
Em "Tu já viste um rei?", o jornalista Antonio Carlos Pimentel Jr., professor da UNAMA e editor do LeiaJá Pará, fala de gêneros textuais, fake news e dos desafios da prática jornalística
Qual é o segredo da boa escrita? O que é uma notícia? Por que fake news é fake, não é news? Que papel tem o jornalismo no universo das redes? Provocações e reflexões, muito mais que respostas, estão no livro "Tu já viste um rei?", o segundo da série Papo de Jornalismo, do jornalista e professor Antonio Carlos Pimentel Jr., que terá lançamento virtual neste mês de outubro. Por causa da pandemia, o livro físico, já disponível, pode ser adquirido pelo e-mail tonga.carlos@gmail.com ou pelo whatsapp (9114-7657). Custa R$ 40,00, com entrega em domicílio.
“Tu já viste um rei?” é uma publicação do selo Expedição Pará. Tem diagramação do jornalista, designer e fotógrafo Fernando Sette e capa do jornalista e designer Filipe Sanches. A revisão é da jornalista e professora Regina Alves. Apresentação e orelha são dos jornalistas e professores João Plaça Jr. e Guilherme Guerreiro Neto. A primeira obra da série, "Os quês e o porquê", foi lançada em 2016, pela editora Publit.
De acordo com Antonio Carlos, o livro fala de jornalismo, fake news e da escrita. "Como trabalho há muitos anos com textos, apresento conceitos sobre a redação jornalística, gêneros textuais e proponho um exercício de técnica e estilo. Uso algumas coisas que escrevi e referências de autores consagrados", informou o professor, que espera contribuir na formação de jovens jornalistas com relatos de experiência. Além do texto jornalístico, a obra também traz discussões sobre outras áreas, como a escrita criativa, a escrita afetuosa e a ficção.
"Histórias do jornalismo nos remetem a momentos que revivemos e a outros de que tomamos conhecimento através da memória. É o caso dessa fusão de textos que Antonio Carlos nos apresenta com maestria, numa linguagem saborosa e, ao mesmo tempo, educativa, pois perpassa histórias vividas no âmbito da Redação, universo especial que os profissionais e personagens da área têm a oportunidade de vivenciar", escreveu o jornalista João Plaça Jr., no texto de apresentação do livro.
"O caso é grave. Antonio Carlos Pimentel Jr. vive a derramar palavras no mundo e enxugar as que escapam em excesso. Antes fosse apenas hábito de ofício. Faz por gosto", escreveu o jornalista Guilherme Guerreiro Neto, se referindo ao trabalho de Antonio Carlos como escritor e editor de textos. Na visão de Guilherme, "Tu já viste um rei?" é uma "terapia coletiva para nós que, sem a perícia de Antonio Carlos, deixamos vez ou outra palavras por aí".
Jornalista profissional desde 1987, Antonio Carlos é editor do LeiaJá Pará, site regional do portal de notícias LeiaJá, professor do curso de Jornalismo na UNAMA - Universidade da Amazônia, mestre em estudos literários e especialista em produção textual pela UFPA - Universidade Federal do Pará. "Escrever é uma prática de todos os dias. É uma habilidade que a gente desenvolve e aprimora com o tempo, com muito trabalho e com as referências da vida, nossas leituras, nosso conhecimento de mundo", explicou o professor. “Jornalista tem que ler e escrever bem. Escrevo por prazer, mas também pela necessidade da interlocução, do contato por meio da palavra, talvez de uma busca pela permanência.”
No embate com as palavras
O livro “Tu já viste um rei?” traça um percurso que corta três eixos: os gêneros textuais, a informação jornalística e a escrita criativa. Para o professor e jornalista Antonio Carlos Pimentel Jr., a excelência do texto passa pelo reconhecimento das diferentes formatações narrativas e pelo domínio da língua.
Em um dos capítulos, o autor destaca que a rotina da escrita implica um verdadeiro embate com as palavras. “Redator e editor de jornal impresso, passei quase três décadas retocando matérias para adequá-las às formatações da notícia e, se possível, conferir-lhes algum brilho capaz de reforçar o poder de sedução do fato jornalístico. Professor, sigo na lida. Esse é o desafio de quem escreve: encontrar a precisão de sentido com estilo e elegância”, diz Antonio Carlos.
Gêneros textuais, para Antonio Carlos, são demarcadores de territórios narrativos. “O leitor precisa saber onde pisa. Informação é informação, resulta de apuração, checagem, verificação. Opinião é opinião, carrega subjetividades, mas não pode ter o pé fora da realidade, sob pena de quebrar a lógica da comunicação. Todo discurso opinativo deve ter fundamento. Se não tiver, é inútil”, observa.
Escrever é pensar, é refletir sobre a vida e o mundo, afirma o jornalista. Mas também é contar histórias, assinala. “Para falar de alguns conceitos fundamentais do jornalismo, recorro a minhas vivências, pessoais e profissionais. Quando falo da urgência da notícia, por exemplo, recordo a passagem do imperador do Japão por Belém, é o rei a que se refere o título do livro. Para falar dos procedimentos da edição, recupero o dia da morte de Ayrton Senna”, relata Antonio Carlos.
Na passagem para o texto criativo, Antonio Carlos tem referências consagradas – Thomas Mann, Gabriel García Márquez, Milton Hatoum, Rubem Fonseca, entre outros pesos pesados da literatura, aparecem no livro – e se aventura na ficção com um conto selecionado para a coletânea Off-Flip da Feira do Livro de Paraty, em 2016. “O conto ‘Deodorinda’ é uma experiência, um exercício de linguagem. Procuro fazer o que propõe o escritor gaúcho Moacyr Scliar, quando fala da escrita literária – ‘estabelecer laços entre pessoas e criar beleza’. Estou à procura desse caminho”, afirma.
Com apoio de Ana Luiza Imbelloni.