Brasileiros criam o RPG de mesa 'Arcânia - Terra Plana'

Criadores fazem parte de um grupo que iniciou projetos no ensino médio

por Alfredo Carvalho seg, 26/10/2020 - 15:43
Arquivo Pessoal O professor Marconi Costa, um dos criadores do RPG brasileiro 'Arcânia' Arquivo Pessoal

Acostumado a se reunir diante de uma mesa para construir histórias, interpretar diferentes personagens e ter um mestre para administrar as narrativas, um grupo de amigos levou a paixão pelo Role-Playing Games (RPG) a sério e decidiu criar suas próprias aventuras com o jogo "Arcânia - Terra Plana".

Desenvolvido pelo professor de artes marciais e yoga Marconi Costa, 35 anos, e pelo jornalista Thiago Croft, 34 anos, ambos do Rio de Janeiro, "Arcânia" traz referências dos games e animes dos anos 1980 e 1990, e também da literatura, com o universo mitológico de J. R. R. Tolkien (1892-1973). Os criadores fazem parte de um grupo que iniciou projetos no ensino médio, época em que jogavam "Dungeons & Dragons" e "Reinos de Ferro", entre outros.

Na história de "Arcânia", que segundo os criadores nada tem a ver com a teoria terraplanista, os heróis aventuram-se por terrenos perigosos e enfrentam criaturas místicas em um cenário em que magos voam pelos céus e travam perigosos combates. Diante desses conflitos, a sociedade briga por poder, cercados de luxúria, traição e em alguns momentos, honra. O jogador deve gerenciar o personagem que se encontra ao redor dessa disputa.

O jogo dispõe de 13 raças, 20 classes, diversas habilidades, magias e monstros, e descrição de mundo. "Apesar de ser um cenário de aventura fantástica, buscamos um mínimo de veracidade e realismo ficcional. Então podem esperar batalhas sangrentas e mortais, magias poderosas e dons psíquicos tão avassaladores, senão mais", afirma Croft.

Os criadores do RPG "Arcânia", Marconi Costa (à esq.) e Thiago Croft | Foto: Arquivo Pessoal

Assim como diversos seguimentos culturais, os autores de livros RPGs também enfrentam desafios para lançar esse tipo de produto no Brasil, a começar pelo preço de custo e oferta ao consumidor final, que são cada vez mais elevados. Isso contribui para a pirataria, que também é difícil de ser combatida. "Em um grupo de RPG no WhatsApp estou sempre divulgando o livro, e chegou ao ponto de ser chamado no privado para saber se eu tinha o PDF para passar. A pessoa ficou claramente sem graça quando eu disse ser um dos autores e ter passado o link para compra do mesmo", lembra Croft.

Outro problema é o baixo hábito de leitura dos brasileiros, que é essencial para jogadores de RPG de mesa. "Participo ativamente de grupos e fóruns de RPG e vejo jogadores perguntando se precisa ler, se tem resumo, se tem vídeo. Fazemos parte de um nicho que ainda lê, mas pouco a pouco este hábito vem diminuindo", relata o jornalista. Segundo ele, a preferência do brasileiro pelo material internacional e o preconceito pelas obras nacionais faz muitos julgarem o conteúdo sem ao menos avaliá-lo.

Para o futuro, o grupo planeja mais conteúdo para "Arcânia", que virá em um livro focado no mundo, diferentes reinos, clima, características das pessoas que compõem aquele universo, aspectos culturais, possibilidades de novas aventuras e novas raças. "Paralelo a isso, estamos separando todo um material voltado para os jogadores, com novos caminhos para as classes que de 20 pulará para 80. Além de talentos de prestígio, novas utilizações de perícias e novas magias", descreve Croft. O material também adicionará novos grupos de monstros e criaturas para aumentar as possibilidades de mestres e jogadores.

O guia básico do "Arcânia - Terra Plana" é distribuído pela Editora Kimera, e o projeto também conta com a colaboração de Raphael de Oliveira e Osmar Freitas, nas artes e cores da capa. Nas artes internas, além da participação dos autores, também contribuíram Marcello Buzon, Oliveira e Victor Vieira, que também ficou responsável pelo design de fichas.

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