Orquestra de violoncelos usa música para a inclusão

Grupo formado na Universidade Federal do Pará (UFPA) reúne alunos com transtornos do espectro autista e déficit de atenção e hiperatividade

ter, 01/06/2021 - 11:59
Arquivo OIV Professor Áureo DeFreitas e músicos da Orquestra Inclusiva de Violoncelos da EMUFPA Arquivo OIV

A Orquestra Inclusiva de Violoncelistas da Escola de Música da UFPA (OIV-EMUFPA) foi criada em 2018 com o objetivo de dar oportunidade aos alunos egressos de violoncelo da EMUFPA de participarem de um grupo musical semiprofissional. A iniciativa também teve a finalidade de compor a grade curricular do Curso de Especialização em Violoncelo, ministrado pelo professor Áureo DeFreitas, doutor em Educação Musical e coordenador da orquestra.

A Orquestra Inclusiva de violoncelo visa, principalmente, atender aos alunos egressos com autismo, déficit de atenção com hiperatividade/impulsividade e dislexia, assim como os alunos neurotípicos (pessoas sem o transtorno do desenvolvimento) que fazem parte da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia - OVA. Outros alunos egressos que tocam guitarra elétrica, baixo elétrico, teclado e bateria também participam do grupo, quando convidados.

O professor Áureo DeFreitas destaca que as pessoas com TDAH em um grupo musical, como a Orquestra Inclusiva de Violoncelistas da EMUFPA, devem estar sempre envolvidas com as atividades. Segundo ele, a coordenação da orquestra mantém os músicos ocupados o máximo possível. “Ressalto que essa ocupação designada a cada músico com TEA (Transtorno do Espectro Autista) ou TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) deve condizer com a sua capacidade de executar a atividade. Nesse caso, é de extrema importância a adaptação do repertório musical”, diz Áureo.

Áureo DeFreitas explica como a música é utilizada no projeto: “Sempre uso duas estratégias básicas: (a) mantenho-os ocupados o máximo possível tocando o violoncelo e (b) tento identificar todas as habilidades técnico-musicais voltadas ao violoncelo que eles dominam. Com essas duas estratégias, eu apenas insiro um repertório adaptado, mas não facilitado, que visa à inclusão social no contexto da proposta musical”.

Com a pandemia da covid-19, as atividades presenciais foram paralisadas. A coordenação da Orquestra Inclusiva de Violoncelistas da EMUFPA realizou atividades on-line. “Como estratégia, usei a Orquestra de Violoncelistas da Amazônia (OVA) como método motivador para tentar manter os músicos da Orquestra Inclusiva de Violoncelistas da EMUFPA. Em 2020, realizamos duas lives musicais para motivá-los. Foi muito difícil, porque veio à tona a desigualdade social existente entre os integrantes. Muitos não tinham os acessórios necessários para uma transmissão on-line satisfatória. De fato, não tinham recursos financeiros para se manterem em atividade”, conta o professor Áureo DeFreitas sobre as dificuldades no contexto pandêmico.

Por Alana Bazia.

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