Sem medalhas, mas com histórias para contar

seg, 13/08/2012 - 08:30

A maioria deles não estampou a capa dos jornais. Não foram também as estrelas das Olimpíadas e tão pouco eram conhecidos pelo público. Mas cada um, ao seu modo, merece reconhecimento pelo exemplo de superação e espírito olímpico que demonstraram ao longo da competição.  Quando a dor teimava em atrapalhar, eles seguiam em frente. E quando tudo indicava que aquele lugar não pertencia a eles, eis que surge o fascínio em desbravar o novo.  O Portal Leiajá separou a história de alguns atletas que podem não ter quebrado recordes, mas que saem dos Jogos carregando no peito um orgulho que não cabe em uma medalha.

Oscar Pistorius

Primeiro atleta biamputado a disputar uma edição das Olimpíadas, Oscar Pistorius mostrou ao mundo que sua grande conquista independia de medalha. O semblante feliz foi visto momentos antes da largada dos 400m livres e logo depois, mesmo não obtendo o resultado esperado. Ele não avançou até as finais, mas sem dúvida nenhum atleta foi mais ovacionado que Pistorius na prova. O sul-africano ainda teve a honra de encerrar o revezamento 4x400 da equipe de atletismo, terminando na oitava colocação, a frente de Cuba, que foi eliminada.

Natalia Partyka

A holandesa Jie Li foi a vencedora no duelo pela terceira fase do torneio olímpico de tênis de mesa. Porém, quem chamou atenção foi sua adversária que saiu derrotada. A polonesa Natalia Partyka, de 23 anos, nasceu sem a mão direita e, mesmo duelando com atletas normais, conseguiu obter uma vitória na estreia. Sobre sua dificuldade, a atleta comenta que não se sente inferior a nenhum mesatenista, incentivando outros esportistas com deficiência. “Talvez alguém me veja e perceba que sua própria deficiência não é o fim do mundo. Talvez alguém me veja e pense que pode atingir algo maior do que jamais pensou. Se sou uma inspiração não pode reclamar”, afirma a mesatenista.

Im Dong Hyun

A exceção aos sem medalhas. Acertar uma flechada certeira no tiro com arco exige uma precisão milimétrica, as vezes até sobre-humana dos atletas. Afina, o alvo fica a uma distância tão grande que nem mesmo é possível enxerga-lo. Agora, imagine esse desafio para um atleta que tem 10% da visão no olho esquerdo e 20% no direito. Pois é, foi um “quase” cego que bateu o recorde mundial da modalidade.

Kieran Behan

Aos dez anos de idade, Kieran Behan precisou fazer uma cirurgia para se livrar de um tumor na perna, o que interrompeu seus treinos na ginástica durante um ano. Depois, levou uma queda, causando um trauma cerebral que afetou seu senso de equilíbrio. Somado a isso, sofreu uma fratura no braço e uma na perna. Sem o patrocínio do Conselho de Esportes ou de Ginástica da Irlanda, precisou lavar carros e vender doces para conseguir os recursos para as competições. Resultado: contra tudo e contra todos, conseguiu a classificação para os Jogos de Londres 2012. Exemplo de espírito olímpico e amor ao esporte.

Hamadou Djibo Issaka

O remador Hamadou Djibo Issaka, da Niger, foi o remador mais aplaudido na repescagem do remo. Só que na teoria seu desempenho não mereceria elogios. O atleta foi o último colocado, com um tempo de 8m39s66, a pior marca na história. Só que os aplausos não foram pela posição e sim pelo esforço do remador em completar a prova. Com 35 anos, Djibo Issaka recebeu um convite do Comitê Olímpico Internacional destinado aos países menos desenvolvidos no esporte. “Só faço remo há três meses. Há muitas pessoas que querem começar a remar porque eu vim aos Jogos Olímpicos”, disse em entrevista.

Ulyana Trofimova

A ginasta Ulyana Trofimova, do Uzbequistão, competiu com o pé quebrado na ginástica rítmica, encantando o público britânico e sem perde o sorriso um minuto sequer.

Liu Xiang

O corredor Liu Xiang era a esperança chinesa na corrida com barreiras nos Jogos de Pequim 2008. Mas uma lesão o tirou da grande final. Quatro anos depois, mais uma tentativa e novamente a contusão voltou a atrapalhar o chinês. Desta vez ele conseguiu largar, mas caiu ao acertar a primeira barreira. Mesmo assim, o atleta se levantou e, com um pé só, completou o percurso até a linha de chegada, sendo aplaudido pelos britânicos.

Alan Khugaev

Outro que brigou até o fim por medalha...e de ouro. Na luta greco-romana da categoria até 84 quilos, o russo Alan Khugaev deu literalmente o sangue pela vitória. Com um corte profundo no supercílio direito durante as quartas de final , o atleta teve que colocar uma faixa na cabeça para estancar o sangue. Com muita disposição, o russo foi até a final, garantindo o ouro.

Abigel Joo

Uma das cenas mais impressionantes desta Olimpíada foi protagonizada pela húngara Abigel Joo. Mesmo com uma lesão na perna esquerda, a atleta conseguiu um golpe sensacional na repescagem do judô. Joo perdia por 2 yukos a 1 quando, a trinta segundos do fim, a judoca aplicou a técnica uchi-mata para vencer por ippon.  Vale salientar que a adversária da húngara, a polonesa Daria Pogorzelec, em nenhum momento tirou vantagem da lesão de Joo. Fair play e espírito olímpico em ambos os lados.

Manteo Mitchell

O norte-americano Manteo Mitchell competiu o revezamento 4x400 m com uma fratura na perna esquerda. Mesmo assim, não desistiu e só parou quando repassou o bastão ao companheiro de equipe, ajudando os Estados Unidos a chegar a final da modalidade. Fora da decisão, Mitchell viu os norte-americanos ficarem apenas com a prata. O ouro foi da equipe de Bahamas.

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