Líder em público, Itaquerão sofre fora do futebol
O público extra-futebol no Itaquerão ainda está abaixo do sonhado pelo clube, pois representa menos de 10% das receitas com a nova arena, cuja manutenção mensal custa R$ 2 milhões
Dono da torcida mais numerosa do Estado, o Corinthians foi o único clube a levar mais de 1 milhão de torcedores ao total ao seu estádio em dias de jogos em 2016. Em contrapartida, ainda sofre para atrair público em eventos não relacionados a futebol, enquanto os dois rivais da capital levam vantagem nesse aspecto.
No balanço de público da temporada passada, o Palmeiras lidera com mais de 850 mil torcedores assistindo a jogos no Allianz Parque e outros 418 mil espectadores em shows. Entre os dois arquirrivais está o São Paulo, com mais de 645 mil torcedores em partidas do São Paulo e outros 200 mil espectadores em megashows.
Para 2017, o Allianz Parque continuará dividindo as suas atividades entre jogos de futebol e shows. Já estão agendadas apresentações de Justin Bieber, Elton John e Sting.
O Corinthians, que nos últimos 18 meses conseguiu reunir apenas 50 mil pessoas no Itaquerão em eventos corporativos, festivais musicais e palestras, tem se organizado para diminuir a ociosidade da arena e conseguir evoluir no único aspecto de lotação em que os rivais lideram. O intuito é atrair mais eventos e aumentar as receitas nesse segmento.
O público extra-futebol no Itaquerão ainda está abaixo do sonhado pelo clube, pois representa menos de 10% das receitas com a nova arena, cuja manutenção mensal custa R$ 2 milhões, fora as prestações de R$ 4 milhões para pagar os empréstimos obtidos durante a construção do estádio.
Apesar de evitar a concorrência com os rivais São Paulo e Palmeiras no quesito eventos, o Corinthians admite estar atrás no segmento. O clube do Parque São Jorge não pretende ter no Itaquerão megashows, mas entende ser necessário ampliar o faturamento, até por entender que o modelo atual é pouco rentável se comparado às nove atrações internacionais que se apresentaram no Morumbi e no Allianz Parque em 2016, para um público agregado de mais 600 mil pessoas.
"Estamos em busca de prospectar o mercado e mostrar para as pessoas o que podemos oferecer, o temos de estrutura. O que vejo é um certo pré-conceito com a arena, principalmente pela localização, pelo que ouvem falar", explicou o gestor do estádio, Lúcio Blanco. O clube prefere não trabalhar com metas fechadas sobre quantidade de eventos para 2017. O plano é apenas aumentar a frequência.
O Corinthians admite ter se prejudicado pela demora no fim das obras do estádio, inaugurado em maio de 2014. "Para a Copa foram construídas estruturas temporárias. Depois, foi mais um ano e meio para concluir o restante. Então, praticamente só em 2016 começamos a ficar prontos para receber eventos", explicou Blanco.
A arena recebeu no último ano uma gravação de seriado e festival musical, foi cenário de fotos para casamentos e teve palestras. O clube cede para eventos os 89 camarotes, lounges, halls de entrada e locais de uso dos jogadores, como o espaço de aquecimento do vestiário e a zona mista.
O Corinthians diz ainda ter mais de 20 mil m² de área em diferentes ambientes com capacidade para receber mais de mil pessoas, como, por exemplo, o estacionamento.
GRAMADO INTOCÁVEL - O clube tem estratégia diferente dos rivais em mais um aspecto fora o de não querer megashows. "Nossa prioridade é não atrapalhar o time, não fazer com que ele tenha que jogar em outro estádio por causa de um evento", afirmou o gestor.
Na última temporada, São Paulo e Palmeiras tiveram de jogar fora enquanto cediam o estádio para shows. No caso do alviverde, a intensa utilização para eventos gerou críticas até do então treinador do time, Cuca, pelo estrago no campo causado pela preparação do espaço para as apresentações.