As histórias das idas da seleção brasileira a La Paz

Jogadores passando mal, canja de galinha, derrotas e superação: conheça 'causos'

qua, 04/10/2017 - 11:11
MAURO PIMENTEL / AFP Seleção vai mais uma vez a La Paz MAURO PIMENTEL / AFP

A seleção brasileira aprendeu na prática e com derrotas doloridas como se deve fazer para se chegar em La Paz e enfrentar a Bolívia. Até a comissão técnica de Tite elaborar a logística para o jogo desta quinta-feira, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, muitos jogadores tiveram de passar mal ou apostar em canja de galinha e sorvete como soluções para minimizar os efeitos da altitude de 3,6 mil metros acima do nível do mar.

As passagens brasileiras pela capital mais alta do mundo tiveram peripécias impensáveis para os dias atuais. Na primeira das sete visitas, em 1979, o Brasil enfrentou a Bolívia pela Copa América com uma programação bem estranha em comparação à atual. A delegação viajou no dia do jogo pela manhã e entrou em campo à noite.

"Muitos jogadores se sentiram mal. Eu não estava bem em campo, estava com dor de cabeça, com dificuldade para respirar. O Zico não conseguiu jogar. Ele sequer foi ao estádio e ficou sob cuidado médico", relembrou o ex-zagueiro Oscar Bernardi. A derrota por 2 a 1 logo na estreia em La Paz causou um trauma.

A agenda mais comum das equipes hoje em dia é desembarcar em La Paz cerca de duas horas antes do começo do jogo, pois, segundo os fisiologistas, os efeitos da altitude só começam a aparecer seis horas depois da chegada à cidade.

O susto em 1979 causou uma mudança radical dois anos depois, pelas Eliminatórias. O técnico Telê Santana levou a equipe para se preparar durante duas semanas na altitude de Quito, a 2,8 mil metros. "Fizemos uma ambientação, com amistosos e treinos para não sentir a altitude. Isso nos ajudou a ganhar", afirmou Oscar. O Brasil venceu por 2 a 1.

Desde então, o calendário apertado da seleção obrigou a adotar a logística atual, com hospedagem em Santa Cruz de la Sierra, a 416 metros de altitude, e viagem somente no dia do jogo. A programação foi inaugurada em 1993, no dia da derrota por 2 a 0, a primeira do Brasil na história das Eliminatórias.

Antes da partida, a comissão técnica se preocupou minuciosamente com a alimentação. Canja de galinha de prato principal, sorvete e biscoitos de sobremesa, mais muita ingestão de líquido estavam no cardápio do elenco como formas de ajudar na altitude. Apesar do resultado ruim, a programação de viagem para a Bolívia foi repetida todas as vezes depois.

A última vitória brasileira em La Paz foi em 1997, na final da Copa América. Mesmo o autor do último gol dos 3 a 1 na decisão, o meia Zé Roberto, diz não ter boas lembranças da Bolívia. "Em 2001 eu perdi a minha vaga na Copa do ano seguinte em um jogo lá. O time foi mal, perdemos por 3 a 1 e depois daquilo nunca mais fui chamado pelo Felipão", afirmou o jogador do Palmeiras.

Depois do sucesso em 1997 e do fracasso em 2001, a seleção voltou duas vezes para La Paz pelas Eliminatórias. Em 2005, empatou por 1 a 1 e em 2009 perdeu por 2 a 1.

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