Jornal australiano volta a publicar charge de Serena
O cartunista considerou que a reação a sua charge mostra que o mundo "simplesmente ficou maluco"
O jornal australiano "Herald Sun" voltou a publicar uma charge polêmica de Serena Williams, classificando de "politicamente corretas" as acusações de racismo que surgiram contra o seu autor na segunda e terça-feira.
A estrela americana recebeu uma multa de 17.000 dólares por seu comportamento na final do US Open, perdida no domingo passado para a japonesa Naomi Osaka, ao se queixar com o árbitro de cadeira.
Na charge de Mark Knight, publicada na segunda pelo "Herald Sun", vê-se Serena Williams com lábios muito volumosos e um aspecto masculinizado, em meio a um rompante, pulando em cima da raquete.
O cartunista australiano recebeu inúmeras críticas pelo desenho, acusado de racismo e de sexismo. Entre os críticos está a escritora britânica JK Rowling, autora da saga Harry Potter.
"Parabéns por ter reduzido uma das maiores esportistas vivas a traços racistas e sexistas e por ter transformado outra grande esportista em um acessório sem rosto", criticou a escritora.
Depois de defender seu cartunista ontem, o "Herald Sun" colocou na capa a polêmica charge, publicando vários outros desenhos de Mark Knight. Em uma das charges, está Serena Williams com o título "WELCOME TO PC WORLD" ("Bem-vindo ao mundo politicamente correto").
Também há charges dos presidentes Donald Trump e Kim Jong-un, as quais também mereceriam, na opinião irônica do jornal, serem censuradas.
Nesta quarta, Mark Knight suspendeu sua conta do Twitter para proteger sua família e seus amigos. O tuíte de sua charge recebeu 22.000 comentários, a maioria críticos.
O cartunista considerou que a reação a sua charge mostra que o mundo "simplesmente ficou maluco".
"Fiz esse desenho no domingo à noite depois de ter visto a final do US Open e vi a melhor jogadora do mundo explodir de raiva, o que me pareceu interessante", explicou na página on-line da News Corp Australia.
"A charge da Serena trata de seu comportamento condenável, não sobre raça", frisou.
O jornal "The Washington Post" considerou que o desenho é "racista".
"Knight desenha traços do rosto que refletem as charges desumanizantes tipo 'Jim Crow' (as leis que estabeleciam a segregação nos Estados Unidos), tão frequentes nos séculos XIX e XX", afirmou o comentarista Michael Cavna.