Jogador do América-RJ morre em operação da polícia
Dyogo Coutinho, de 16 anos, foi socorrido pelo avô, mas não resistiu
O jogador da base do América-RJ Dyogo Coutinho de 16 anos morreu nesta segunda-feira (12) durante uma operação policial na comunidade da Grota do Surucucu no Rio de Janeiro. O atleta saia de casa em direção a um treino, mas foi baleado e não resistiu aos ferimentos.
O primeiro socorro ao jovem foi feito pelo seu avô, que é motorista de ônibus e passava pelo local: "Eu passei e vi o corpo no chão, mas não identifiquei que era meu neto. Quando eu cheguei a uns 50 metros na frente me deu um toque na cabeça que meu Neto tinha descido para ir treinar. Botei no freio de mão e fui lá, quando cheguei era meu neto", disse o avô de Dyogo em entrevista para a TV Globo.
"Era só chamar ele, mandava encostar, verificava a bolsa, que ia ver que ele ia treinar, e liberava. Não atirar. O tiro pegou nas costas e saiu aqui do lado. Ainda falaram para mim que meu neto era traficante. Brincadeira!", afirmou indignado.
Emocionado com sangue do Neto ainda na camisa, o avô disse: “Peguei meu neto no colo quando ele nasceu e peguei ele no colo quando ele morreu”, falou, antes de cobrar as autoridades pelas ações na comunidade.
Protestos após a morte do jovem foram realizados e ônibus foram incendiados na região de Niterói. O América em nota lamentou o ocorrido.
Leia a nota na íntegra:
"O América Football Club recebeu no fim da tarde desta segunda-feira (12), com imensa tristeza e perplexidade, a notícia da morte de Dyogo Xavier Coutinho, de 16 anos, que treinava no plantel de atletas da categoria sub-17 de nosso clube. Dyogo ainda não era atleta federado, pois não estava inscrito em competições oficiais da FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), mas integrava um grupo específico de atletas mais jovens da referida categoria que disputava torneios não oficiais, como aqueles realizados pela Liga Municipal de Duque de Caxias. As informações divulgadas pelos mais diversos meios de comunicação dão conta que Dyogo teria sido vítima de um projétil de origem desconhecida na Comunidade da Grota, que passava naquela manhã por uma operação em que a polícia confrontava traficantes locais. Acidentalmente alvejado, ele teria sido reconhecido pelo avô, motorista de ônibus, que começava a sua jornada de trabalho. Ele ainda foi removido para a Policlínica do Largo da Batalha, mas não resistiu ao ferimento sofrido. Assim que o ocorrido chegou ao conhecimento da comissão técnica da categoria, que treina na Vila Olímpica de Caxias, o supervisor da equipe sub-17, Antônio Carlos Villa Flor Brito, deixou o treino e partiu para a o hospital junto de alguns dos companheiros de equipe do atleta. Lá, prestou todo o suporte possível aos familiares em meio ao momento de dor indescritível. Absolutamente entristecido, o América presta suas mais sinceras condolências aos familiares e amigos de Dyogo, mais uma vítima inocente de uma sociedade tão saturada de violência e agressividade. - Departamento de Comunicação – AFC."