Torcedores reencontram clubes do coração na Copinha
Longe da terra natal, torcedores do América-RJ e Santa Cruz-PE matam a saudade dos times acompanhando o desempenho das categorias de base
Além de revelar aqueles que podem seguir carreira como jogadores profissionais no futebol brasileiro, a Copa São Paulo de Futebol Junior, a Copinha, também permite que torcedores de clubes de outros estados e que residem no estado paulista se reaproximem dos times do coração - e também matem a saudade da terra natal. Na cidade de Guarulhos, região metropolitana da capital e sede do grupo 30 da competição, a história não foi diferente. Nas arquibancadas é possível encontrar torcedores que são verdadeiras "figuras" e que viraram "celebridades" ao acompanhar cada lance de times que vieram do Rio de Janeiro e Pernambuco.
O comerciante Genival José Silva, 60 anos, vive em Guarulhos desde 1979, quando deixou a cidade de Agrestina, no interior do estado de Pernambuco (165 km de Recife). Trajado com a camisa do Santa Cruz-PE e ostentando o tradicional chapéu de vaqueiro nordestino, ele matou a saudade de assistir aos jogos do tricolor pernambucano. "Fiquei muito feliz do Santinha ter vindo jogar aqui em Guarulhos, pois sempre jogou no interior e não dava para ir assistir aos jogos", lembra.
Torcedor do Santa Cruz-PE, o comerciante Genival Silva não via um jogo do tricolor pernambucano há cerca 40 anos | Foto: Alex Dinarte / LeiaJá
Para Silva, os fãs do Santinha podem depositar confiança nas crias da base que classificaram o time para a segunda fase da Copinha com três vitórias. "O Santa está muito bem, o time tem muitos talentos", comenta. Esperançoso com o retorno do time à elite do futebol brasileiro em 2022, Silva crê na possibilidade de ver o Santa revelando ídolos, como Nunes, Fumanchú e Givanildo, os quais o entusiasta da Cobra Coral considera os maiores jogadores da história do clube. "O Santa Cruz nunca deveria ter saído da série A, e eu espero que nesses próximos dois anos consiga os acessos", complementa.
Já para o carioca André Serra, 57 anos, o América-RJ é coisa de família. O vendedor, que reside na região norte da capital paulista e fez sucesso por ser o único torcedor americano nas arquibancadas, foi aos três jogos da primeira fase na companhia do filho, o publicitário corinthiano André Luiz, 32 anos. "Acompanho mais o Corinthians, mas vejo o América-RJ por causa do meu pai, do meu bisavô, do meu tio, sempre que o time vem jogar a Copinha nós vamos torcer para a molecada", explica.
André Serra (à esq.) e o filho André Luiz acompanharam os três jogos do América-RJ em Guarulhos - Foto: Alex Dinarte / LeiaJá
Já para Serra, que não vai ao Rio de Janeiro acompanhar o Mecão há anos, é gratificante poder recordar os bons tempos do Sangue. "Hoje sinto a alegria de estar aqui com o meu filho relembrando a minha infância, quando eu ia ao Maracanã com o meu avô, Abelardo Ribeiro Guerra, conselheiro do América-RJ", ressalta.
Apesar da eliminação do clube após duas derrotas nos dois primeiros jogos, Serra destaca o lateral-direito JP e o atacante André Luiz, além de ver com bons olhos a dedicação dos jogadores da base americana. "A alegria do futebol não é ver o profissional, é ver as bases, ver o empenho, o amor ao time. Aqui é o prazer de ver alguém se dedicar única e exclusivamente por amor e por querer crescer, bem diferente de um profissional que só visa o dinheiro", opina.
Com o time do coração fora da disputa, o irreverente torcedor garante que, ainda que o time da cidade leve o nome de um rival do América-RJ, vai torcer pelo Flamengo de Guarulhos. "Os caras brincaram tanto comigo e tiraram tanto sarro de mim, que me senti em casa e só não vou vestir a camisa vermelha e preta porque, como carioca, é impossível fazer isso, mas se tiver uma camisa branca eu visto", diverte-se o americano.