Jogadores desembarcam no Brasil após fugirem da guerra
Cinco atletas brasileiros e o preparador físico de Shakhtar Donetsk retornaram ao país nesta terça (1º)
Parte dos jogadores brasileiros que estavam presos na Ucrânia conseguiram deixaram o país e chegaram ao Brasil na manhã desta terça-feira (1º). O meia Pedrinho, o lateral Dodô, o volante Maycon, o atacante Fernando - que faz aniversário hoje - e o preparador Luciano Rosa desembarcaram no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Já o zagueiro Marlon, pousou no Rio de Janeiro.
Após três dias isolados ao lado dos familiares no hotel do Shakhtar Donetsk, o grupo recebeu apoio da Uefa e da Federação Ucraniana de Futebol para deixar o país. Nesse domingo (28), eles pegaram um trem para a cidade de Chernivtsi e seguiram de ônibus para Moldávia, onde se dividiram para a Romênia e pegaram voos para o Brasil.
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O meia Pedrinho chegou ao futebol ucraniano em junho do ano passado após passagem pelo Benfica. Ele relatou sobre as incertezas do conflito e o risco na volta ao Brasil.
"Ficamos três dias pensando no que fazer, se pegávamos o trem, carro. Era complicado, tinham muitas crianças e o que nos motivava era protegê-las. Pegamos um trem no último dia. Teve um alerta que as coisas iam piorar muito e que se não saíssemos em cinco minutos não íamos mais conseguir sair. Pegamos um trem, a Uefa nos ajudou com ônibus, para seguirmos em segurança”, após chegar em São Paulo, o atleta pegou outro voo para a casa dos pais em Maceió.
A guerra foi uma surpresa
Há quatro anos na Ucrânia, o volante Maycon disse que a invasão russa parecia iminente, mas ainda assim o surpreendeu. "Numa palavra não daria para definir esses últimos dias. Foi uma mistura de sentimentos, de terror, de medo. Depois uma sensação de alívio, de gratificação por poder sair e com todos bem", comentou.
“Pegou um pouco a gente de surpresa. Sabíamos do risco, mas Tínhamos diversas informações e não acreditávamos que seria daquela forma. Maior tristeza foi porque tinha esposa, filho, pai e mãe comigo e não queria que eles passassem por isso. Mas graças a Deus saímos todos juntos", continuou.
O preparador físico Luciano Rosa se emocionou ao relembrar da imagem de uma criança que foi morta após fugir com eles no mesmo trem. "O que mais me marcou foi uma imagem. A gente tem que confirmar. Mas viemos no trem todo cheio, com muita gente, e viemos com uma criancinha que estava com a avó, bem falante, uma criança ucraniana que brincava com a gente o tempo todo. E depois recebemos uma foto... Para mim foi marcante. Ela descreve o que está acontecendo com a população da Ucrânia", resumiu.
Aniversário no Brasil
No dia em que completa 23 anos, Fernando foi presenteado com a volta segura para comemorar o aniversário com a família. "Fico feliz de ter chegado em casa e numa data especial, hoje é meu aniversário, não tenho nem palavras de poder passar esse dia com minha família. Eu achava (que estaria longe deles), como estávamos lá. Meus aniversários sempre passo longe da minha família, e hoje... não tenho nem palavras. Tenho um voo para Belo Horizonte agora e vou lá ver minha família", apontou o atacante.
Retorno ao futebol ucraniano
Com contrato com o Shakhtar por mais três anos, Dodô confessou que “ficou com muito medo porque era uma situação que a gente não esperava. Mas agora é gratidão". Perguntados sobre a possibilidade de retornar ao clube, os brasileiros devem aguardar o desfecho do conflito ou negociar a liberação com o clube.
“Agora não é momento de falar sobre isso. Só quero curtir minha família. E torcer para Ucrânia porque é um país que amo. O resto deixo com meus empresários, pois acabo de sair de uma guerra e não é hora de pensar em futebol”, disse Dodô.
Pedrinho também indicou que ainda não é o momento de avaliar o futuro da carreira. "É muito cedo falar de voltar, tudo aconteceu agora, o que mais quero é estar com a minha família, com meus pais. Todas as vezes que eu falava com eles, eu sempre me despedia, pois não sabia se seria a última vez. Então quero chegar em casa, ficar com a minha filha. Foram cenas lamentáveis e desejo que ninguém passe por isso", disse.
Maycon lamentou ter que deixar o país por conta dos ataques e espera que o conflito se resolva para decidir sobre o futuro. "Ainda não parei para pensar nisso. Eu só pensava em ir embora dali. A Ucrânia está sofrendo muito e fico realmente muito triste por isso. Temos grandes amigos por lá, sentimos muito por eles e torço para que tudo se resolva", complementou.